quinta-feira, 25 de abril de 2013

No dia da Liberdade portuguesa

(o principal herói do 25 de Abril de 1974, Salgueiro Maia,sempre humilde, um entre os seus, com o cravo que se tornou no símbolo de uma revolução pacífica)

25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo 

Onde emergimos da noite e do silêncio 

E livres habitamos a substância do tempo

(Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas", 1977)

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E contrasta tudo isto com o discurso do Presidente da República, que  nem consegui escutar até ao fim, para não vomitar, numa tristonha comemoração oficial dos 39 anos da revolução.
Por Deus! Um discurso apenas em redor dos "ajustamentos", do "programa de reestruturação", da Economia (leia-se, Finanças), da "necessidade de consensos socio-políticos" ( e ao apelar a tal usando  um tom de voz de uma sanha exaltada e clubística que lembra um seu discurso revanchista de tomada de posse e os famosos discursos no congresso do seu partido, quando subiu ao poder, fingindo uma inocente viagem à Figueira da Foz só para fazer a rodagem do carro!). E as taxas de não -sei- quê e o enjoativo "regresso aos mercados", e a "limitação da dívida pública", com umas breves lágrimas choradas pelo desemprego e as dificuldades, e o resgate pela troika como inevitável... e "economês", economês e mais economês, desse de excel e de regras de mercado que já deveria ter percebido que é um modelo económico global que está ultrapassado e moribundo e está a destruir a Europa...
Mas é como tantos políticos e outros vulgares membros de "elites", que não entenderam ainda quais são as verdadeiras e mais fundas inquietações dos portugueses, que vêem morrer a sua democracia, a Liberdade, as suas modestas vidas transformadas em Infernos por via destas teorias da austeridade. E o Próprio PR a defender quer não há via alternativa (?!)  e a deitar números e percentagens e "indicadores" disto e daquilo, como se fosse o fundamental ou sequer tivesse verdadeira ligação à realidade dos cidadãos. Outro político pequenino como a maioria  que o rodeava na Assembleia e que enxameia o país, um político mesquinho e cheio de "recadinhos", sendo a maioria dos que deu para os partidos da oposição (especialmente o PS) e os que reclamam a demissão do governo e de eleições, lembrando que o poder efectivo do país que ajudou a vender e subjugar, o poder da "Troika" (que vezes sem conta mencionou, e como "legítima", num discurso do Dia da Liberdade!), irá continuar a prevalecer, "seja quem ganhe as eleições" (como disse, assim mesmo!)...Quem sempre foi tão calculista para a sua própria reeleição, ao longo do seu percurso pelo poder, em todas as medidas que tomou e discursos que fez na vida, agora apelava, hipocritamente, ao ser importante não se guiarem por "calendários eleitorais"... ah, "bem prega Frei Tomás"...
Em suma, inqualificável, mesquinho, ridículo de tanto jargão economicista, um discurso que não parecia escrito por um Presidente que nos devia representar a todos, DEFENDER a nossa democracia, a nossa independência, a nossa Liberdade, mas que poderia ter saído da pena ou do teclado de um qualquer Vítor Bento ou equivalente, daqueles "especialistas" das teorias  cegas que nos têm arrastado para o abismo, daqueles que lamentam muito o aumento do desemprego, mas que o consideram um mero "efeito secundário" (sim, V. Bento dixit!) das "necessárias" medidas de austeridade.
Uma sombra negra, cega e facciosa em forma discursiva, no Dia em que havia que apelar aos valores supremos da ainda jovem democracia, à Esperança fundada na Liberdade e na identidade nacional e não nos números.
Ironicamente, uma nuvem escura e crispada, num dia de sol que nos foi hoje presenteado...
 Não sei qual terá sido a reacção dos diferentes partidos a este discurso, nem me interessa. Só sei que sinto, escutando-o como cidadã "comum", que Portugal merecia melhor!
Ao menos a Natureza e a radiosa Primavera contradisseram-no, com coros de pássaros e céu azul, comemorando o "dia inicial inteiro e limpo" dos versos de Sophia e apontaram-nos um outro caminho que não esse do conformismo aos ditames de ditaduras externas e financeiras dos mercados  "nervosos" e duma UE desorientada: o céu e o sol aconselharam-nos, tal como esse outro poeta, José Régio, a um "SEI QUE NÃO VOU POR AÍ".
--Optemos sempre e sempre pelo caminho da Democracia e da Liberdade,-- pareceram-nos alertar em uníssono a luz, o céu, os pássaros, o sol!
"Alergia" (25-4-2013, 39º aniversário da Revolução dos Cravos em Portugal, in blog "Alegrias e Alergias")

terça-feira, 23 de abril de 2013

Incoerências: Dia Mundial do Livro e feiras do livro

(desconheço o autor desta bela ilustração..."pescada pela Net)
Como se costuma dizer, um livro é uma excelente companhia, pode ser um bom amigo, não ocupa muito espaço nem pesa assim tanto, pode ser lido em qualquer recanto-- e aos poucos-- e transporta com ele, não só as palavras que se fazem histórias ou relatos de saber, mas o pensamento do ser Humano, para lá do Tempo e das fronteiras político-geográficas.
Serve isto para lembrar que hoje se comemora o Dia Mundial do Livro. Mesmo quem não costuma ler muito, hoje deveria passar por uma livraria, passar umas horas numa biblioteca, ou, ao menos, pegar naquele livro há tanto tempo guardado numa estante da casa, à espera de mais vagar da nossa parte para ser lido.
Lembro que o melhor exemplo que nós, adultos, podemos dar às crianças e jovens  sobre a leitura, não é simplesmente mandá-los ler, mas lermos também. Uma criança que vê o pai ou a mãe a ler, ao serão, desenvolve mais depressa o gosto pela leitura do que se "apenas" tiver o incentivo à leitura na sua escola.
Pena que Rui Rio e a sua Câmara do Porto não tenha entendido também essa dimensão, que é a da tradição do livro em espaço público, que é a de uma cidade que ao menos anualmente festeja o livro, ao não apoiar, este ano, a Feira do Livro do Porto, que já ia em mais de 80 anos consecutivos. Pode ter razão , a Câmara, quando alega a crise e falta de dinheiro para não poder dar grande apoio pecuniário à feira, para além do que se propunha facultar (limpeza, vigilância e cedência do espaço-- na av. dos Aliados-- e outras condições logísticas). Terá apenas alguma razão, porém, a alegar que a Feira é uma intervenção de Privados, com fim comercial e que a Câmara não tem mais obrigações do que as que queria este ano oferecer.
Nesse caso, pergunta toda a cidade, porque continua a apoiar todos os anos o Red Bull air Race ou as corridas de automóveis na Boavista, muito mais caras ao erário da autarquia e que, no caso das corridas, implicam a montagem de bancadas em terrenos públicos, o condicionamento do trânsito (o que a Feira do Livro não faz) e a nova e anual repavimentação de parte da Avenida da Boavista, para garantir a perfeição do piso para os automóveis em exibição? São esses eventos totalmente públicos? Não. São para lucro e promoção de privados ? Com certeza (até cobram bilhetes, mesmo estando a ocupar e a perturbar, em trânsito e ruído o espaço que é de todos)! Saem mais baratos? Nem de longe! São muito mais caros para a CM do Porto.
É portanto má vontade da CMP e parece esta medida inédita querer comprovar o que se diz de Rui Rio, que despreza tudo o que diz respeito à Cultura e que opta pelos seus próprios gostos e paixões (corridas de automóveis, eventos de luxo e de encher o olho), mesmo que com muito menos tradição, apesar de --mas mais nos anos iniciais, pela novidade--, terem  a  curiosidade e a adesão populares. 
Pode a APEL ter culpas, ao querer pedir mais do que a CMP pode dispor monetariamente, mas a CMP deveria contribuir com alguma quantia, como costume. Deveriam ter chegado a um acordo, pensando acima de tudo nos cidadãos. A Feira do ano passado já estava bastante pobre, mas  mesmo assim marcava uma presença do livro na cidade e, enquanto os cidadãos, a empobrecer de ano para ano, ali passavam a comprar livros novos ou pechinchas em segunda mão, ou pelo menos os iam folheando e lendo aos poucos, tinhamos, no coração da cidade, alguns dias em que o livro era rei e em que o saber e espírito Humano  lembravam aos cidadãos que nem tudo é feito de números e da vil economia-excel.
Tal como o pai, lendo ao serão, dá o exemplo ao filho, deveria a Câmara dar o exemplo aos seus cidadãos de que não despreza o livro. E esse exemplo seria mais rentável para a Cultura do Porto e da Humanidade em geral que os escassos milhares de euros que o executivo de Rui Rio se visse "obrigado" a desembolsar/investir, em mais uma edição ds Feira do Livro do Porto (assim se menorizando a cidade, mais uma vez, perante a capital do País, à conta de um autarca meramente... forreta que, apesar de ser um gestor basicamente honesto, insiste em se mostrar preconceituoso e de espírito tacanho).
À falta de livros no coração da cidade, prestemos nós, cidadãos, um tributo ao livro, lendo  hoje (ao menos um capítulo de) um à nossa escolha.
Não deixemos que, ao ignoramos também os livros, estes se tornem cegos, mudos e surdos, vocação que não é a sua, ironizada pelos livros "abandonados" da ilustração acima.
Margarida Alegria (23-4-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

ADENDA:
Já depois de escrever este post, soube que está a ser organizada, via Facebook,  uma manifestação para exigir a realização da Feira do Livro do Porto (seria a 83ª). Será na próxima sexta-feira, dia 26 de Abril, às 18 h, na Praça da Liberdade (Porto). A dinamizadora é Ana Maria Pinto, a jovem cantora lírica portuense que se tornou famosa com os solos do "Acordai" do Lopes-Graça, em manifestações como a  que decorreu junto a Belém e também no dia 5 de Outubro. No passado dia 2 de Março, na Manifestação "Que se lixe a Troika", na Invicta, foi ela que guiou o entoar de vários hinos e canções, desde o "Maria da Fonte" ao "Grândola" final, passando por muitos outros temas. Apenas com um pequeno megafone a auxiliar, foi incansável! Foi um dos momentos marcantes da manifestação, em todo o desfile desde a Praça da Batalha à Praça da Liberdade, algo que jamais esquecerei, pois conseguiu dar ânimo a tantos que estavam ali em profunda revolta triste, conseguindo pôr quase todos a cantar ao longo de um bom par de horas . Daquela forma sublinhou  ainda melhor a dignidade da ocasião e  a força do sentir que motivava os cidadãos que ali fizeram questão de comparecer. Comovente e... soberano! Obrigada, Ana Maria.

domingo, 21 de abril de 2013

Mais Música, para outro dia de sol e para tentar esquecer as patifarias da semana que passou

(Minta & the Brook Trout, "Falcon"- do álbum "Olympia"-2012)
Sim, sei que tenho um texto prometido há muito. Sobre filmes. Já está pronto, falta afinar uns detalhes. Mas aviso já que é grandito, para ler  e meditar todo, ou salteado, como preferirem. Fiz questão de o apurar o mais que pude.
Quanto a assuntos de Educação, ainda esta semana acabou de sair a Portaria com o número de vagas nas Escolas para o concurso nacional de professores. Uma autêntica anedota! E uma grande maldade, mais uma machadada para derrubar a Escola Pública, pois quase só tem vagas "negativas", que perece não corresponderem ao que os directores transmitiram ao MEC, nem às necessidades das Escolas. Números FALSOS, portanto. Alguém acredita que , com a quantidade de professores que se reformaram recentemente e com o número de alunos que (ao contrário do que quem fazer crer) NÃO diminuiu significativamente (de resto houve é "engenharia" manipuladora pela tutela, de aumentar os alunos por turmas, alterar a estrutura curricular sem qualquer lógica pedagógica, agregar escolas a monte e sem tino...Mas nem isso explica a rídícula soma de apenas 618 vagas abertas, ou "positivas", perante um número de 12 mil vagas "negativas", ou a fechar. 12 mil?! Bandalhos mentirosos!). Ou seja, o que querem é que os professores com vínculo ao ministério, ou do quadro de Escola, se vejam obrigados a concorrer, ao anunciarem falsamente a eliminação do seu posto; depois, esses irem para longe e ficarem em vagas precárias noutras escolas, ou nem isso (desembocando, dessa forma artificial, na mobilidade especial por dois anos, até serem simplesmente despedidos sem direito a indemnizações, após 20, 25, 30 anos de serviço público no ensino!); e depois, em Setembro, contratar professores precários, muito mal pagos, para as vagas que surgirão entretanto (com a saída dos efectivos que ERAM necessários!) para assim acabar a estabilidade da Escola Pública e, com isso, degradar ainda mais a Escola Pública, firme propósito dos últimos MEC, pelo menos desde 2005.
Mas, da parte de um ministro que se revelou mais uma fraude, um embuste, que cede a tudo no massacre aos funcionários públicos pelo Ministério das Finanças... -- um ministro que, depois de assegurar que não existiria mobilidade especial na Educação e que agora encolhe os ombros e justifica o volte-face cm um mero: "Vivemos no mundo em que vivemos"(sic)--, outra coisa não seria de esperar, que o anúncio de um concurso nacional nestes moldes, que esta FARSA!
É tudo tão nojento, que nem apetece falar mais nisto, por agora. Querem destruir o País, derrubando a qualidade do seu Estado social, a base fundamental das sociedades europeias e a razão máxima para ser admissível o pagar de impostos, num país democrático.
Fica , para acompanhar mais um dia de Primavera soalheira, a música que se vai fazendo em Portugal, desta vez com um grupo recente , mas muito interessante. É dos que canta em Inglês, e, para fazer jus à vitalidade dos músicos nortenhos, é um projecto do Porto, "Minta & The Brook Trout", guiado pela voz (excelente) de Francisca Cortesão e de um bom gosto geral de todos os seus músicos. Vi algures a autoria do video, mas já não encontrei essa versão no Youtube, desta vez. É preciso divulgarmos o que de bom se faz por cá, antes que até os músicos comecem a emigrar também...
Fiquem pois, embalados, com "Falcon".
Mais uma alegria, numa semana de "alergias".
Até logo.
Margarida Alegria (21-4-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

domingo, 14 de abril de 2013

SOL! SOL ! SOL! Aqui está ele! :)

(The Beatles- Here Comes the Sun)
A chegada do sol não traz só por si o ânimo, mas ajuda muito!
E desta vez não é intermitente, nem tímido, mas em todo o seu solene e espreguiçado esplendor, com todos o cortejo de  pássaros que o celebram e  com cada rebento novo das árvores a rutilar!
Quando apenas a escuridão parece vencer, os  raios quentes do nosso amigo Sol  lembram-nos que nada é "inevitável" e que essa ideia do "não há alternativas" não passa de um embuste escuro e invernoso que nos querem impor para sempre.
Bom Domingo de Sol, amigos!
Comecemos por saborear este momento, arejemos a casa e o espírito. Depois, logo se vê...

terça-feira, 9 de abril de 2013

Os birrentos e a decisão do Tribunal Constitucional


fotos (c) Margarida Alegria (2-3-2013, Porto)
E pronto. Já aí está a vingançazinha dos meninos birrentos do governo e seus satélites, depois de terem estado  a afiar as facas e a chorar baba e ranho no fim-de-semana (nem os acalmaram serem assoados pelo grande  e alvo lenço do comentador da sua ala política, Marcelo Rebelo de Sousa, que  lhes explicou que uma medida do TC tinha de ser acatada, paciência), depois do Tribunal Constitucional(TC) ter declarado anticonstitucionais (o que todos menos esses meninos já previam) várias medidas constantes no Orçamento de Estado para 2013. Nomeadamente, o corte do subsídio de férias dos funcionários públicos (que, lembro, não é um bónus para além dos 12 salários, mas uma compensação para os magros salários praticados e para o facto de não serem pagos semanalmente), a medida que o TC tinha deixado passar no orçamento do ano passado, só porque o ano já ia avançado; o corte desse subsídio aos reformados e pensionistas ; e, talvez a medida mais torpe de todas, a taxa extra sobre os ("luxuosos", se calhar...) subsidios de desemprego e de doença.  Faço minhas as palavras requintadas de João Quadros e Bruno Nogueira no programa de humor de hoje do Tubo de Ensaio. (na mouche!) na rádio TSF.
Pois bem, hoje passou o período de curto luto desses inqualificáveis revanchistas e anti-democráticos políticos pela decisão do TC. Um luto muito agitado diga-se, que mais lembrava um funeral cigano, com carpideiras a preceito que, em vez de se vestirem de negro e rasgarem os xailes, vestiam fato e gravata e bradavam nas TVs contra o TC e mostravam gráficos e quadros do que se devia agora cortar . Leia-se: do que se devia cortar no Estado social,  isto é, Saúde, Educação, Segurança social, ai que coincidência! Já nas PPPs e Rendas imensas das empresas de fornecimento de energia, nas Consultadorias para pensar pelos  Ministérios, nos Institutos quase fantasma,nos "Observatórios" para cada treta e nos subsídios a Fundações privadas?? nem pensar!.
Os portugueses conseguiam ouvir de suas casas, mesmo com TVs desligadas, a gritaria desses arautos do neoliberalismo austeritário, quer os de cá quer os de Bruxelas ou de Berlim, já muito aflitos e também chantagistas,  dessas carpideiras do "custe o que custar" a bater no peito e a rasgar as vestes:
-Aiiiiiiiiiiiaiiaiaiaiiaiaiaiii! Minha mãeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Ai que mataram o meu paiiiiiiiii Orçamentoooooooooo!
-Aiiiiiiiii que agora  estamos com os calores e à falta de leque vamos é pegar naquele relatório do FMI, aquele cheio de erros e dados manipulados e desatualizados e que já estava no lixo e vamos abanar-nos com isto! Aiiiiiiiiiiii meu irmão Gaspar, meu irmão Coelho, que ficaram órfãos do Pai orçamento!!! Ai que ele ia bater mais e mais nos portugueses e  até podia  ser ilegal e estar cheio de erros e contas mal feitas, mas era o Orçamento dos Orçamentos! Que importa se ia matar  e arruinar mais portugueses? aiiiii que estava tudo a ir tão bem! tantas empresas mais a fechar, coisas tão lindas e perfeitas, tanto "minino" boy a arranjar tacho junto dos ministérios!
E lá distante os ventos traziam mais lamentos bem audíveis:
-Aiiiiiiiiiiii Ke Portugal vai desobedecerrrrrrrrr à austeritaaaaaaaT! Aiiiiiiii Meu Deus, a minha vida e carreiraaaaaa, a minha avó eleiçãozinhaaaaaaa aqui no meu país, que era tão kerrrrrida!!! Aiiiiiiii...
-Aiiiiiiii que Portugal não vaiiiiiiiiii querer continuar a ser tão sangradiiiiiiinho como era! Aiiiiiiii, minha mãe lagarde, que isto nãooooo se faz, nós tão keriiiidos e tão compreensivos para os bons alunos e cheios de pena e de lágrimas de crocodilo pelos desempregados portugueses! Aiiiiiiiiiiiiiiiiaiaiiaiaiaiia!
Passado o funeral e sacudida a última lágrima, o maior órfão do Pai Orçamento Inconstitucional de Estado 2013, o menino Vítor Gaspar, tomou uma resolução. Depois de acender uma vela e rezar pela alma da mais recente santa Margaret, pedindo assim inspiração a essa padroeira da Austeridade,-- protectora dos sem-abrigo do Reino Unido, ontem falecida e já canonizada no templo  de Bruxelas (mesmo que fosse contra a União Europeia)-- fechou-se no gabinete e, ao fim de escassas horas, ao contrário do sucedido no Vaticano, saiu da  chaminé vingativa  da sua caneta um espesso fumo negro de decisão tomada. Negro de mais morte e de mais destruição: redigira e assinara um despacho.
 O que ordena no despacho? O bloqueio,isto é, o congelamento,  com mínimas excepções (  o pagamento de salários, o custear de actos jurídicos e de casos já em processamento) , das despesas correntes  dos ministérios (já tão esmifradas), sem autorização prévia do Ministro das Finanças. Dele e apenas dele, o Todo-Poderoso e dono da razão!
( Bem, mas afinal não estava tudo a ir por bom rumo e a " correr como previsto", nao fora o acordao do TC? Como previsto para quê? para quem? E congelar os gastos dos ministérios por causa de um chumbo que iria apenas contribuir com um 0,5 % do PIB? As dúvidas são legítimas)
Em poucas horas e de entre as várias reacções, o   presidente dos Reitores, António Nóvoa, já veio dizer que isso pode "congelar" por completo o futuro das Universidades ( laboratórios, papel, comida nas cantinas), o Bastonário da Ordem dos Médicos já responsabilizou o Ministro das Finanças, caso venham a morrer doentes nos hospitais, fruto desta medida ciclópica (mesmo que em tom suave, pedindo bom senso e que o governo terá de escolher entre manter vivos os portugueses ou renegociar o Memorando com a Troika). Para já, mesmo antes desta medida, já se tinha a notícia de que a vacina do BCG para as crianças estava esgotada e indisponível... Se agora o refornecimento estiver pendente da assinatura do maquiavélico Gaspar, o que sucederá?
Nem há mais palavras! Não escutam ninguém, estão cegos de fanatismo austeritário, o que cada vez mais aumenta a convicção de alguns de que fazem isto não porque acreditem piamente que vão salvar Portugal com estas medidas, mas porque estão completamente subservientes aos que servem de  verdade: os que querem arruinar os países mais pobres da Europa, para assim conseguirem mais proveitos para os que estão a enriquecer com esta "Crise".
Tanta estupidez, tanta cegueira, tanto fanatismo, já perdeu toda a tolerância da maioria dos portugueses.
No passado dia 2 de Março, por entre os muitos cartazes  de manifestantes que se destacavam e alguns que fotografei, estava o que vemos acima, a explicar a Gaspar o que era isso do Bom Povo Português: "Somos ordeiros,não somos  cordeiros - Chega de sacrifícios!".
Entendam: o povo é tolerante e calmo, mas não quer ser levado para um matadouro que não serve a ninguém (só aos que lucram do costume, os "intocáveis" do sistema financeiro e político e mesmo assim, no médio e longo prazos, até esses perderão).
Para o Gaspar, havia um cartaz apropriado, adequado a quem já só vê os seus modelos e está fora da realidade, quem se injecta de teorias económicas suicidas, delira em "trips" de despachos vários, sentindo-se todo-poderoso, um cartaz que agora se começa a entender melhor:
(c) Margarida Alegria (2-3-2013, Porto)

Às tantas... quem sabe ? :(

Margarida Alegria ( 9 de Abril de 2013, in blog "Alegrias e Alergias")

sexta-feira, 5 de abril de 2013

CARTOON: Relvas nos Contos de Fadas (bye!- da série "Velhos Contos...")

(c) Margarida Alegria (5-4-2013)
(*  Para quem possa estranhar, o " Reino bué bué da longe" é a versão , nos filmes do schreck ,do "Num Reino muito distante" dos contos tradicionais...)
Como ontem todo o País rejubilou com a mais que exigida saída de Miguel Relvas do Governo-- (demitiu-se ontem, ver AQUI  a notícia), a conta de todas as suas trapalhadas mas sobretudo a da sua  super-equivalência a licenciado, sem pôr os pés nas aulas nem muito menos fazer exames ,mas graças aos "créditos" do seu percurso biográfico e político (associações, tachos políticos, até uma asssociação de folclore) e dos seu "impulso" constante em criar uma larga teia de clientelismos e interesses, -- não queria deixar de marcar aqui a Efeméride.
Por isso peguei num rascunho de um Cartoon para a série "Velhos Contos , Novos Tempos..." que tinha quase desde o início deste ano, inspirado naquele senhor que andou pelas várias etapas da volta à França em bicicleta a expor , no meio da multidão, um famoso cartaz para as TVs verem , ideia que desde então se espalhou por todos os cantos, em cartazes, em blogs, em "post it" e autocolantes, a invocar uma das maiores fontes inspiradoras de anedotas e de protestos dos últimos dois anos. Esta exclamação quase maternal "Vai estudar, Relvas!" é o que desejariamos aconselhar ao dito , tanto então como agora que saiu e já tem mais tempo para se dedicar (mesmo!) aos estudos.
Mas o mais provável é que vá dedicar-se aos negócios por algum país tropical amigo...
Tinha mantido este rascunho de desenho em "stand-by", não só porque não estava completamente satisfeita com ele, mas porque  aguardava um momento mais propício para o publicar, depois de o melhorar. Não chegava é a ter já a esperança que essa ocasião fosse a sua demissão, de tal forma estava protegido pelo amigo Primeiro-Ministro, de tal forma estava agarrado ao poder de Ministro dos Assuntos Parlamentares e adjunto e não sei que mais, com dossiers apetecíveis como as autarquias e a tv pública, a RTP.  E também  a "missão" do "Impulso" ao combate ao desemprego - o termo não é inocente, pois foi o nome que deu a um programa que há dois anos não se sabe como tem funcionado e se tem feito algo pelos jovens : "Impulso Jovem", ao bom estilo de um qualquer desodorizante. Agora sai, finalmente, alegando não ter "condições anímicas" (?) para continuar, porém com todo Portugal a saber que é devido ao inquérito da Inspecção Geral da Educação e Ciência à sua equivalência à licenciatura, escândalo que começa a explodir de vez, e com ele está a abalar e a descredibilizar a própria universidade privada onde "cursou", a Lusófona. 
Antes de sair ainda tomou mais uma medida mirabolante: chamou para liderar o "Impulso Jovem" um jovem "motivador" divulgado pelo Youtube , daqueles que , mais frenético que um pregador de seita, incita as pessoas a mexerem-se, buscarem o "empreendedor" que está dentro delas, etc. A sua profissão? Chefe de uma empresa que ensina os outros a trabalhar...digo, a vender o seu trabalho.... quer dizer, a vender a vontade que se tem de trabalhar (julgo que "custe o que custar").  Só visto para crer!  Pode ser que resulte, não sei, mas o estilo é ao bom estilo da tradicional venda da "banha da cobra", com linguagem de marketing traduzida à pressa da Língua Inglesa (por exemplo, dizendo (vejam!) "pensar fora do cubo", para a expressão inglesa " think out of the box"!). 
Bem, não sei o que esse rapaz fará agora, mas o outro Miguel saiu e deixou-o com a batata quente,  sendo em serviço pro bono e tudo...
Voltando ao cartoon: acabei de o retocar e terminar,mesmo assim como estava, embora não esteja bem como eu imaginara, mas queria publicar hoje.  Até já tinha umas personagens a agitar lenços e tudo! :)
E nem imaginem como é desenhar num espaço tão diminuto. Quem quiser saber a história desta série de cartoons e porque são redondos, então espreitem acima, no separador do blog que diz "Outros cartoons da Alegria", que explica tudo e tem alguns deles.
E agora que venha saída dos restantes "desgovernantes" diz muita gente. Pois... Mas se para este sair já foi o "cabo dos trabalhos"...
NOTA:
Hoje o final do dia foi agitado,em Portugal, com esta questão do Chumbo do Orçamento de Estado pelo Tribunal Constitucional, por isso não tive tempo para mais nada. Sei que tinha prometido aqui o texto mais detalhado sobre os documentários que vi da Retrospectiva de Kim Longinotto, mas aquilo está a dar algum trabalho e quero que fique bem. Precisaria de alguma tranquilidade para terminar. E tranquilidade foi impossível hoje, a vários níveis.
Aviso também que quem tenciona ver os filmes não deverá ler o texto logo quando eu o publicar amanhã, para não perder certas surpresas dos mesmos (mas não vou contar tudo, descansem!).
.Até amanhã.
Margarida Alegria (5-4-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sugestões: Retrospectiva de cinema documental- Kim Longinotto "Histórias no Feminino"

(imagem de "Pink Saris", 2010, de Kim  Longinotto)
Apenas tempo para alertar para um ciclo de cinema (Documentário) que anda em tournée por Portugal desde a semana passada.
No Porto decorreu entre os dias 28 e 30 de Março, no cinema Passos Manuel, promovida pela Associação "Zero em Comportamento". Vi quase todos e RECOMENDO VIVAMENTE.
Trata-se de um total de sete filmes da britânica Kim Longinotto, uma das mais marcantes e premiadas  documentaristas da actualidade, que tem percorrido parte do mundo a retratar histórias pungentes e muito humanas de pessoas que, nos seus  países (Irão, Quénia, Índia, Japão, Reino Unido...), lutam por uma maior dignidade de vida e pelos direitos dos mais desprotegidos, nomeadamente de mulheres e crianças. Daí esta retrospectiva ter sido baptizada de "Histórias no Feminino", pois a maioria dos protagonistas destas histórias reais são mulheres de "fibra" dispostas a mudar algo em seu redor (embora alguns dos  filmes "naveguem" por outros temas, como poderão ver).
Tradicionalmente o cinema de Kim Longinotto é associado ao chamado "Cinema Directo" ou Cinema vérité,  caracterizado por não assentar em grandes efeitos estilísticos nem ser construído com base num guião prévio. Pode parecer árido e simplista e retrair quem já não aprecia tanto assim os documentários, preferindo enredos complicados,lágrimas e acção... da ficção.
Mas desenganem-se. Como a realizadora constata e muitos de nós também sabemos,  quase sempre a realidade ultrapassa e supera a ficção. O aparente estilo "neutro"  de Kim L. é compensado com a forma sensível e próxima como filma aquelas pessoas e os seus dramas, conseguindo-nos transportar para os espaços onde as situações decorrem, dentro ou fora de portas, e tornando-nos testemunhas das suas "batalhas". A própria autora explica que não quer , com estes filmes, dizer  aos espectadores COMO e o QUE  devem pensar sobre os filmes que vêem, mas que "estejam" presentes e VIVAM aquelas emoções, construindo depois as suas próprias reflexões.
Fui a uma sessão, só por curiosidade, mas acabei por ir a (quase) todas as outras. Os filmes envolvem-nos e torcemos, como em qualquer filme, pelas heroínas e heróis daqueles dramas dos dias de hoje. Querem lágrimas, acção, emoções várias, expressividade humana, diálogos mais perfeitos do que os de ficção, personagens inesquecíveis? Gostam de  ver  filmes "de tribunal", filmes com música e dança, filmes  de abraços, discussões ou ternura, filmes policiais até? Pois nestes documentários vão tendo quase tudo isto. Arrumem de vez o preconceito quanto ao que podem pensar que vai ser "apenas" um documentário, dos ilustrativos e mais rotineiros, habituados a ter desses "aos quilos" nas TVs por cabo ou em reportagens de noticiários. 
Temas  mais duros como o divórcio litigioso e quase proibido, a violência nos bairros citadinos,  a opressão das mulheres fechadas em casa, o abandono de crianças, a excisão genital feminina, mas também momentos de carinho, de risos, de declarações de amor , de reconciliação e perdão, de humor hilariante, até. Em suma: a Vida  diante dos nossos olhos, mesmo que por vezes em situações extremas, contrabalançadas com a  doce "normalidade" e os suaves sonhos comuns a todos os humanos, em qualquer parte do Mundo. Aquilo passou-se, aquilo passa-se, ainda, nos dias de hoje, algures num recanto deste planeta Terra e há um enredo bem real de  grandes ou pequenas vitórias pessoais e/ou socio-culturais ali em jogo!
 Acreditem: dei cada minuto por bem empregue e saí daquela sala de cinema mais "rica" e forte por dentro, como todos os que tiveram a sorte de ver pelo menos um daqueles filmes.
 Em Lisboa começará HOJE, dia 4 de abril,  às 21.30h, no CINEMA-CITY Alvalade, decorrendo a retrospectiva até Domingo, dia 7 de Abril, inclusivé.
Consultar  AQUI (link para o Cinema ) os horários e preços, mais económicos que os de outros filmes (dos dias 5 a 7 serão projectados dos filmes por dia, um às 19h e outro às 21.30).
Em Lisboa  após a maioria dos filmes, decorrerão debates com o público e especialistas convidados em várias áreas (Jurídica, social, cinematográfica). No Porto tivemos a sorte de as conversas sobre os filmes terem a presença central  e simpatiquíssima da própria Kim Longinotto, que conhece cada "frame" e cada personagem dos seus filmes como as palmas da mãos. (ora tomem lá, lisboetas!) ;)
O primeiro filme é o que está aqui retratado, "Pink Saris" , de 2010, e foi o único que "perdi".
Nele a realizadora (como habitual apenas com o apoio de um técnico de som e alguém para traduzir) acompanha  Sampat Pal, uma activista dos direitos das mulheres , líder do grupo Gulabi Gang, que percorre  a região de Uttar Pradesh, no norte da Índia, em apoio às mulheres vulneráveis e maltratadas  e  na mediação dos seus dramas familiares .

Depois da etapa Lisboeta, os filmes  farão um périplo pelo país, estando para já  garantidas as passagens por Joane, por Viseu, Barcelos e Ponta Delgada.
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Amanhã publicarei aqui  as minhas impressões mais detalhadas  --as tais reflexões que Kim L. espera que os fruidores da sua obra venham a construir -- sobre os filmes que vi e que dificilmente esquecerei. Estes filmes são a prova como as Artes e as causas sociais estão longe de estar separadas, podendo interligar-se e entreajudar-se de forma subtil e contribuir para um Mundo melhor e mais justo.
Margarida Alegria (4-4-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

ADENDA( dia 7-5-2013):Ainda pensava eu que tinha anunciado as sessões de Lisboa um tanto em cima da hora. Pois bem, alguns dos filmes têm andado por aí, como foi o caso ontem ,6-5-2013,  de "The Day I Will Never Forget". Passou em Viana do Castelo, às 14.30h (ontem). Quando foi anunciado no jornal?... ONTEM... :(
(Está para breve a publicação do texto que prometi. Os maiores dos contratempos... que colidem com o não querer um texto "às três pancadas"...).

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma musiquinha... Lenine -" Paciência" (Acústico ) (1º de 3 posts do dia)

O link para o video está AQUI- estranhezas do Youtube...- Lenine- "Paciência" (versão acústica HD), com a participação da harpista Cristina Braga

Não há fome que não dê em fartura, como se costuma dizer. Depois de um período  ora com  falta de tempo ora com dificuldades para postar, hoje vou tentar postar três vezes, dê no que der, depois de mais um insucesso de blogger ontem.
Para começar, depois de algumas horas de "batalha" e de ouvido semi-atento ao debate do Parlamento sobre a moção de censura do PS, um  post com um pouco de Paciência, que é a música adequada ao dia, como foi em outros. Abaixo deixo a bela letra da canção do brasileiro Lenine, se quiserem cantarolar.
A PACIÊNCIA é um bem cada vez mais raro. Por acaso  costumo ter bastante, mais do que deveria, até, mas cada vez mais -- e em especial nos últimos anos -- vou concluindo que nem sempre compensa.
Explico: geralmente  a Paciência-- com as situações, com as atitudes, com as outras pessoas e até connosco próprios-- é uma espera esperançosa que algo mude, com o tempo e com esta resposta de Paz que é a paciência. Uma situação exasperante pode acabar por passar, apenas por sermos pacientes; uma criança que faz birra acaba por acalmar, se tivermos paciência; a atitude negativa de alguém pode "baixar as armas" perante a nossa paciência. Em suma, aspectos dessincronizados e negativos da Vida podem vir a ser suavizados, anulados e até transformados no seu oposto, apenas pela paciência constante, resiliente.
Porém nem sempre tal se verifica: a situação pode ainda piorar, porque insensível à nossa paciência e tolerância; a criança caprichosa pode reagir de outra forma, fazendo birra ainda maior e mais abusiva; a pessoa "armada" de atitude negativa pode interpretar a nossa paciência  como sinal de que tudo pode (continuar a)  fazer e que não precisa de mudar nada...
E por isso às vezes digo "Basta!", não vale a pena. Políticos demagógicos continuarão a cumprir as suas agendas de interesses oportunistas e rotineiros, situações difíceis tenderão a degradar-se, pessoas com as quais se desperdiçou paciência e compreensão confirmam que nada entenderam e que não vale a pena gastar nem mais palavras, nem mais tempo, nem mais paciência. Está entranhado em todos eles e em todas essas atitudes que não sabem ou simplesmente nem querem mudar, ora por tola "estratégia", ora por incapacidade, ora por mera estupidez. Ou por isso tudo junto.
Exceptuando com crianças pequenas, que ainda não têm algumas aptidões para se auto-avaliarem, não se pode ajudar quem não quer ser ajudado, não adianta ter paciência com quem não a entende, não adiantam gestos de compreensão para quem em tudo vê ciladas e segundas intenções. Para quem só se vê a si próprio, ou nem isso (apenas a sua distorcida auto-imagem). Dar alguma coisa a quem não sabe receber e a quem nada sabe dar (sem ser por interesse) é um total desperdício. Nem que seja dar os nossos ouvidos, a nossa atenção, o nosso perdão e paz, a nossa simples paciência.  Há quem nunca aprenda,  quem nunca aprenderá, quem se recuse a aprender e a reconhecer. E que,ainda menos que reconhecer, pelo contrário distorce (triste...só se engana a si mesmo).  E há situações , atitudes e pessoas que  só por milagre se modificarão.
E pronto, já perdi palavras demais com este tema, mas ainda remato o texto   a partir da balada.
Como canta Lenine, "a vida é tão rara"... notamos que o mundo quer de nós "um pouco mais de paciência", vamos recusando a pressa absurda da vida que "não pára", "fazendo hora",no entanto, apesar de  toda a paciência que nos esforçamos por ter, concluímos que não é muito o tempo que temos para perder e há muitas outras estradas fantásticas e/ou misteriosas à nossa espera.
"A vida é curta!", disse alguém. Pois.
E ficamos uns minutos a olhar para o horizonte, a lembrar tanta coisa estranha e absurda do mundo à qual demos a  paciência e que não a mereceu. Depois, sentados à soleira da nossa vida esforçada, suspiramos e acabamos a encolher os ombros, pacientemente...
( e abaixo segue a letra)
(talvez lá para meio deste mês volte a ter mais paciência, quem sabe...)
Margarida Alegria (3 de Abril de 2013, in blog "Alegrias e Alergias")


Lenine - "Paciência"

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
2x:
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não pára não...