domingo, 25 de março de 2012

Parque Escolar em derrapagem desenfreada!

Já falta paciência sobre este assunto... Como se previa  e alertava há muito, o Tribunal de Contas vem confirmar a forte derrapagem das Contas da Parque Escolar (Empresa Pública).Só em dinheiros ilegalmente pagos, foram mais de 500 milhões de €.  Já AQUI fiz longo texto sobre o problema e da minha opinião de como se deveriam restaurar Escolas. Agora eis a notícia do Público (de ontem), com números "à maneira":
Bem me parecia que vamos dar aulas mais uns anitos em contentores, no meio de obras paradas. Outros continuarão em escolas onde fungos e musgo trepam pelas paredes. E isso vai ter outros entraves à Educação: espaços funcionais pejados de caixotes das mudanças que estavam previstas para os espaços novos, ausência quase completa de Internet, computadores quase impraticáveis pois cabia à Parque Escolar incluir no "mobiliário" os novos computadores (como se previa e confirmado agora, com preços inflaccionados: um computador quer no normal mercado custa 500 Euros a ser facturado por 800... para além de outros regabofes do estilo, como o pagar duas ou mais vezes às empreitadas e projectistas trabalhos mal feitos que seriam da responsabilidade destes reparar), poeira e barulho com obras a meio gás e sabe-se lá que mais reduções no tamanho original dos projectos... Uma dor de cabeça, para alterações que qualquer leigo na matéria veria que podiam ser feitas de forma um bocado mais económica, mas sólida e até bonita. Para não falar de assaltos mais facilitados às instalações e equipamentos.
O actual Ministro diz que obras continuarão (Ler AQUI), apesar de tudo, mas se for como o resto de incremento à Economia que aí anda, na camisa de forças paralisante das Finanças "Paga à Troika e agrada aos mercados nervosos e nada mais", já se prevê que daqui em diante será a falência dos fornecedores e dos pequenos empreiteiros sub-contratados, os despedimentos nas grandes empresas cosntrutoras, que quiseram fazer "à grande e à francesa", o amuo dos projectistas e subsequente emigração , sem serem responsabilizados, o saltitar dos ex-administradores da PE, que se demitiram já, quiçá para novos tachos do sistema, sem serem "chamados à pedra". E "siga a rusga", que a festa continuará para os mesmos!
Portanto, uma derrapagem vem atrás de outra, lá reza a tradição, com uma "escorregadela" de milhares aqui e um trambolhão de milhões acolá. Tudo muito habitual neste cantinho "à beira mar plantado".
Pelo menos é o que parece defender a ex-ministra da Educação Isabel Alçada nestes depoimentos A LER AQUI Com o maior descaramento "robotizado",  alega que estas contas "são normais", ao que parece por culpa do alargamento da escolaridade para 12 anos (ora isso  JÁ estava decidido desde o final no consulado de terror de Mª de L. Rodrigues, aliás,  fora um dos seus últimos estertores ministeriais) de S. Pedro malvado e da sua chuva e tal, que a derrapagem não existe, que está tudo no melhor dos mundos! O Dr. Pangloss do "Cândido" não diria melhor...
Também a incontornável (e inesquecível, pelas piores razões) Maria de Lurdes Rodrigues, sua antecessora e plantadora, com Sócrates, dos alicerces gelatinosos da Parque Escolar, veio há uns dias, num artigo para o "Público" defender esse magnífico exemplo de desastre de gestão que é a Parque Escolar, alegando o que anda aí a servir como argumento tosco: que as obras eram de luxo para dar luxo à classe média e à Escola Pública, que pela "primeira vez" se fizeram obras de requalificação das escolas (o que não é verdade, embora o anterior processo de melhoramentos fosse tantas vezes ilógicos, lentos e desarticulados... Não se sabia porque escolas melhores tinham obras de conservação enquanto outras mais periféricas e aos pedaços esperavam sem fim...). Ou seja, em vez de se colocar a funcionar BEM as estruturas que existiam, fez-se o costume: criou-se uma equivalente às comissões ou ou como se diz modernamente "grupos de trabalho" paralelos à governação existente, repletos de tachos novos e de  poderes quase absolutos sobre tudo, ou seja, em vez de Comissão... uma empresa pública nova... a Parque Escolar, que se tornaria dona das Escolas que ajudava a construir, embora o dinheiro viesse todo do Estado. Grande golpe...já se via que ia rebentar, mais cedo ou mais tarde.
E, Srª Mª de Lurdes, sabemos à légua que os luxos das escolas Secundárias não eram para servir os alunos, mas para as tornar em espaços mais apetecíveis para a especulação imobiliária, caso/quando as Escolas fossem à falência por não poderem aguentar as despesas-extra de manutenção: Sim ,senhora, adivinhávamos à légua que não tardariam a ser comprados por magnatas e transformados em colégios privados, por tuta e meia... qual cuidar da Escola Pública qual quê?! Ou, como diz o outro, "Não há almoços grátis" e "Quando a esmola é grande, o pobre desconfia".
E... CHUIF...! que pena! A PE não teve tempo de testar o que já andava a divulgar em força, com forte e cara publicidade (com sub-empresa exclusiva para promover a própria PE, ah pois é!... ) a sua faceta amealhadora, ao apresentar-se como "A maior locatária de espaços" do país (dando apenas parte dos lucros às próprias escolas). Ou seja, preparavam-se para alugar ginásios remodelados (já agora algumas escolas o fazem, o que não acho mal, mas com peso e medida, dando prioridade aos interesses das escolas e tendo funcionários suficientes para os limpar), cantinas, auditórios e... pasme-se! até salas de informática ! Ui! Se agora controlar o bom uso dos computadores é tarefa árdua e desgastante, sem técnicos que cheguem para as encomendas... o que seria com meio mundo a aceder aos mesmos...
Pensando bem, fecho o texto imaginando como seria o funcionamento das escolas com todas essas actividades, não de forma comedida, como até agora, mas em roda livre e de fito nos Euros:
~~~~***PLIM PLIM*** (música de harpa) e aqui vai ~~~~
à semana, aulas das oito às seis e meia da tarde, associações recreativas e  clubes desportivos em sessões contínuas das sete até às quatro da manhã, uma sessão de exorcismo até de madrugada e... meia hora para limpar tudo. Ao fim de semana, um casamento e dois baptizados na cantina, aulas de informática para terceira idade todo o sábado de manhã e a acção de formação de professores a ter de transitar para a cantina com apenas um retroprojector (quem paga-- ou paga mais-- tem prioridade). Diversos jogos de várias modalidades no ginásio e nos campos de jogos, uma confraternização de motards na cantina, seguido de demonstração de motas e ainda umas corridas de Tuning pela tarde fora, nos campos de jogos.
Meia-hora para terraplanar tudo, a cargo da PE ou dum tal "senhor José", um funcionário semi-reformado e muito jeitoso que faz uns biscates na Escola. E enquanto a empresa PE e a empresa de catering servem mais um jantar de confraternização à  noite, do clube de columbofilia, a cozinheira antiga que tentou vender os seus rissóis caseiros na escola é presa pela ASAE e interogada pela PJ. 
À noite, no auditório maior, decorre uma palestra de MLR sobre o perfil de coragem e hombridade de  José Sócrates e, já agora, sobre a meia dúzia de engenheiros de quem se tornou mais amiga durante a sua tese de doutoramento. Entretanto, no gínásio, a IURD faz mais uma das suas sessões de histeria colectiva, mas, enfim , pagavam MUITO bem e os administradores da PE leram na proposta que era uma tal "corrente do empresário" e por isso julgaram ser uma sessão sobre empreendedorismo, embora só mais tarde descobrissem que os empreeendedores eram os pastores, que conseguiam angariar muitas correntes, mas de ouro, dos membros da assembleia e que aliviavam os mesmos de tanto dinheiro que  afinal a PE bem poderia ter cobrado mais!
Ao Domingo de manhã, depois de mais limpezas por funcionários exaustos, umas bodas-de-ouro na cantina, com missa campal, que acaba por ser sob um telheiro, pois começa a chover. Na biblioteca mais umas palestras, seguidas da apresentação e sessão de autógrafos do último livro rotino-juvenil de Isabel Alçada ,"Uma aventura em Paris". Nas salas de informática uma acção de formação para hackers amadores  e outra para agentes dos serviços de segurança e no bufete uma festa de despedida de solteiros, com o "senhor José" , funcionário semi-reformado,a fazer um biscate como stripper para as senhoras. Em algumas salas de aula decorrem aulas de culinária, de bricolage e de crochet e bordados para jovens desempregados(entre os quais os netos do senhor José) financiadas pelo QREN. Na sala dos professores há um velório e na sala de reuniões, aquela maiorzita, um coro de crianças ensaia.
À tarde, durante os jogos de futebol do ginásio e dos campos, o "senhor José" trabalha como arrumador de automóveis, enquanto a sua esposa, antiga porteira, vende senhas  de entrada para  as  casas de banho. À noite, mais palestras, concertos e um senhor José  e esposa exaustos a limpar tudo noite fora.
À noite preparam também os colchões do  ginásio,  para o previsto pernoitar de uma romaria de peregrinos da rota de Santiago de Compostela.
De madrugada, inesperadamente,... meia escola EXPLODE! BUUUUUM!
Hum... no meio de tanto aluguer, a Parque Escolar não reparara em certos pormenores, ao arrendar os laboratórios a um grupo de indivíduos. Afinal não eram estudantes universitários, mais um grupo de separatistas da Microíndia do Norte, que... precisava de construir umas bombas... UPS! ;)
Pelo sim , pelo não, suspendem e interrogam o "Senhor José"...
Tudo na boa...o Estado (leia-se o cidadão trabalhador e pagante) paga os prejuízos...
Margarida Alegria (25-3-2012, in blog "Alegrias e Alergias")
Nota: a parte final deste post é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é (para já) mera coincidência. A parte inicial do texto, sobre as novas da Parque Escolar, não é, para nossa desgraça, qualquer obra de ficção...!

18 comentários:

  1. A Parque Escolar descambou?!
    Não faz mal o Povo paga...
    O povo é sereno!!

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    1. Venham mais obras!
      Do país transformado em estaleiro é que a gente gosta! :))
      Curioso que deve ser dos poucos países que conheço que, não tendo sofrido uma guerra com bombardeamentos, está sempre em reconstrução e com tapumes, fitinhas vermelhas e escavadoras em todo o lado, ao longo de todo o ano. Como se queixava disso Eduardo Lourenço, sempre que regressava à pátria...

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  2. :)) Coitado do Sr. José... (isto parece estar tudo muito mau, e também por isso, que haja pelo menos bom sentido de humor)

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    1. Obrigada! Ainda bem que apreciou!
      O senhor José é um mártir. O que vale é que há sempre um senhor José em todo lado, de preferência com um estilo... Zé Povinho :))
      Beijinho

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  3. Se fossem só as derrapagens do parque escolar, talvez estivessemos menos mal. Mas, as derrapagens vão para além, muito além...infelizmente.
    Quanto ao sonho, não está em voga, neste país, andamos no modo 'crise' e sonhar é um luxo e dá muito trabalho.
    Um beijinho.

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    1. Subscrevo, Pérola.
      Ainda estão para "vir a lume" todas as derrapagens, infelizmente. No fundo, nunca chegaram a divulgar totalmente a quem devemos, por que total de tropelias devemos, quais os responsáveis (para além daquela culpa individual que nos querem implantar no cérebro, do "acima das nossas possibilidades"), Por mim, jamais vivi acima das possibilidades e sempre temtei poupar. Um empréstimo para uma casa não é crime,como agora parecem querer convencer-nos, tendo em conta a ausência de alternativas.
      Já se os bancos não se tivessem aventurado em investir em "activos tóxicos" noutras paragens...muita coisa teria sido evitada. E agora, mesmo em crise, recebem dinheiro público e ... compram dívida grega!
      Quanto ao sonho, é pena que numa altura em o sonho deveria ser precisamente o motor para uma nova vida, nos fechemos colectivamente sob a "mortalha" da crise e da austeridade inevitável.Rta-nos o sonho individual.
      Agora seria mais que nunca a altura para ousarmos sonhar mais. D. João II queixava-se que o pai o deixara herdeiro apenas de estradas. Não hesitou e arriscou quase tudo na Expansão marítima e também no confiar mais no povo e na burguesia cheia de ideias novas,tirando poderes dos instalados e colados ao "Estado" de então, ou seja, a Nobreza caduca e repleta de privilégios.
      Agora parecem preferir tirar supostos "privilégios" (leia-se direitos humanos e laborais) aos remediados que já com dificuldade se mantinham à tona de água.
      Ah, D. João II, houvesse mais sonhadores e visinários como tu!
      Beijinho :)

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  4. Em Portugal é o pão nosso de cada dia.

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    1. Exacto, S. É o pão nosso, a água nossa, o ar nosso de cada dia! :/
      Parece estarmos condenados ao uso irresponsável dos dinheiros públicos. Sempre e sempre!
      E no fundo por que tal acontece? porque há impunidade (quase) total e os maiores responsáveis, àparte algum "mexilhão", nunca paga pelas asneiras que fez nos seus cargos. Nem paga economicamente, nem paga judicialmente, nem paga sequer em termos de possibilidade de continuar a subir na escala social e política, continuar a ter cada vez mais tachos e melhores salários e reformas luxuosas.
      Como dizia Camões, Portugal é um Mundo onde o mal parece nadar em "mar de contentamento"...
      E Portugal só consegue assistir a isto com perplexidade!
      Beijinho

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    2. Corrijo, no coementário acima:os maiores(...) nunca PagaM...."

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    3. margarida soares franco30 de março de 2012 às 14:55

      Ahahahahahahahhahhahahhahahhhaah

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  5. margarida soares franco30 de março de 2012 às 14:58

    Temos que agradecer à nossa queridíssima amiga Ana Benavente que foi uma "iluminada"

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    1. A Benavente criou o documento da automomia das Escolas. E que as escolasaté possam alugar espaços, desde que não sejam mercenárias, vá lá.
      Agora a empresa Parque Escolar ser dona e gerir a bel prazer esses espaços... isso não!
      Beijinhos

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  6. A facturação da minha empresa caiu cerca de 40% graças ao parqueescolar, pois os melhores clientes que tinha eram escola, que perdi, graças a eles, estou a aguentar para não cair na falência... eu e outros que conheço!

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    1. É vergonhosa a maneira como favoreceram algusn para prejuízos de muitos... Impediram até as próprias escolas de escolherem os fornecedores pelos preços mais favoráveis/económicos (e em empresas que tinham as escolas como clientes e eram pequenas empresas locais).
      Hoje sabemos que a Mota /Engil, por exemplo (tal como a Edifer) abarcou a maioria das obras das Escolas. Também houve, de certeza, muito favorecimento de certos materiais e fornecedores, por parte dos projectistas e da PE...
      O mesmo se passa quando obrigam as escolas a encomendar todo o material de papelaria. etc, na famosa "Central de compras" criada pelo ministério: há uma enorme burocracia para as encomendas mais simples, os preços na "Central" são inflaccionados e complicam-se muito mais as entregas. E ainda falam em "Simplex". Estado totalitário é o que andaram e ainda andam a implantar.
      Espero sinceramente que a sua empresa consiga sobreviver e recuperar, caro anónimo! Coragem e ânimo! O país precisa das pequenas e médias empresas e do progresso que elas trazem.

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  7. Na minha humilde opinião, se não se tivesse gasto, por exemplo, em coisas desnecessárias como estradas e mais estradas e, se desse mais atenção ao estado das escolas sem se ter dado dinheiro a torto e a direito para escolas que até nem precisavam, e se procurasse dar àquelas que realmente precisam de mais apoio, as coisas não estariam como estão.

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    1. Já tinha respondido há uns dias, mas a net "pascal" pregou-me uma partida e não gravou a resposta.
      Aqui vai, por aproximadas e outras palavras o que disse então:
      Tem toda a razão! As coisas não estariam como estão, se os portugueses em geral e os políticos em particular não resolvessem sempre complicar o que é mais simples e começar as "casas pelo telhado". Somos capazes de fazer em tempo record obras gigantescas e de prazos apertados (por exemplo a Expo '98) mas incapazes de medir as prioridades a partir do que é mais urgente, e tantas vezes mais simples, se tivessemos as mesmas "ganas" e determinação para começar por essa parte das tarefas.
      Para isso dou outro exemplo: renegociar as Parcerias Público Privadas, tão ruinosas, seria bem simples e directo, se os governantes dissessem a essas empresas "Parceiras" o mesmo que nos disseram a nós pobre povo, ao cortar subsídios, aumentar impostos, esmifrar os tostões: "Não HÁ DINHEIRO; ponto final!".Mas não... ter força com os mais fracos é sempre mais fácil.
      Ainda hoje, no inquérito parlamentar ao caso, MLR veio alegar que fundaram a P. Escolar para ter dinheiro para a requalificação de escolas... pois...! Mais tachos dados a quem já tinha gerido mal a Refer(J. Nunes e outros que foram com ele), para mal gerir as obras faraónicas de algumas das escolas! E o tal dinheiro que dizia não existir... continua em larga parte por pagar! E com o preço de cada pedaço de mármore de algumas escolas de luxo, poderiam ter reparado muito telhado danificado em meia dúzia de escolas, recorrendo a empresas mais económicas, em verdadeiro concurso aberto.
      E cada estrada repetida no país, daria para manter abertas muitas escolas mais perto de casa/das aldeias, que não obrigassem tantos alunos a fazer madrugadas em camionetas por estradas... secundárias e menos seguras que as auto-estradas... para poupar dinheiro!
      Não há visão de conjunto, visão de futuro a médio e longo prazo. E este caso acabará em saco-roto, como tantos outros com a culpa a morrer solteira.
      O País tem andado a saque, entregue a grupos de clientelas e de políticos irresponsáveis e não a quem ama verdadeiramente Portugal, nem que o aleguem em mil discursos e com Pins à lapela.
      Agora até pensam... privatizar a Água das torneiras... Here we go again! :((
      Abraços!

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    2. No comentário acima falo do que seria mais "simples", que é diferente da tal via mais "Fácil" que é tantas vezes escolhida pelos desgovernantes!

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