quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Laços que ficam...

(c) Margarida Alegria, Fevereiro de 2011
Na curta passagem pela terra, as pessoas . melhor ou pior, criam laços e vão deixando o seu rasto.
Laços de família, laços de amizade, laços de entreajuda no trabalho, na vizinhança.
Uns são fortes, seguros, indestrutíveis, ou assim parecem. Outros, mais ténues na aparência, provam depois  serem de uma resistência inaudita.
Porém, há quem tenha sido não só criador de laços, mas um pilar de segurança e presença para muitos. Um porto seguro para os seus. Uma estrela que guia quem tem a sorte de deparar com ela . E que por isso  tenha partido demasiado cedo, com tanto ainda a dar de si, da sua presença e palavra aos outros. Tanto a viver para si, também, do quinhão que lhe deveria caber na Vida.
Dizem que pessoas assim estarão num lugar melhor, agora. Acredito nisso. Pessoas dessas são rastos de luz  na escuridão dos egoísmos, são ventos fortes e breves num Mundo demasiado ocupado com a gestão do medo.
Mas que fazer com tanta dor espalhada e perdida em quem por cá ficou, com mais um quarto vazio, fechado e na penumbra, na frágil casa do coração?
Que fazer por quem, chorando, procura  em vão o rasto traçado na areia  dos passeios de Verão? Que fazer  com os que ficam  e que, olhando para a terra seca , procuram sem cessar vestígios dos  alicerces das suas vidas? Que consolo dar a quem, olhando o céu azul de quase Primavera, busca algumas sobras dos laços que se desfizeram, bocados dos fios que  se partiram nas tempestades?
Resta a saudade, larga e profunda, como a Esperança....
Resta a memória de um abraço tranquilo e azul.
Margarida Alegria (21-2-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

4 comentários:

  1. Recordar quem parte, amar e cuidar quem fica.

    Tudo de bom.

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    1. Nem mais, caro Aflores! :)
      Mas por vezes tendemos a esquecer isso.
      Beijinho!

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  2. Minha querida!

    Nem sei que dizer...

    A mudança, as partidas, os sofrimentos fazem parte desta vida. Assim foi determinado, não sei bem por quem.

    Resta-me confessar-te que há sempre algo um pouco mais à frente.
    Há que reunir forças e arrastarmo-nos, se preciso for.
    Mas, parar nunca. E muito menos entregarmo-nos à tristeza.

    A vida passa, o tempo é impiedoso.

    Viver até ao último suspiro: eis o que nos resta.

    Beijinho
    P.S. E não esquecer os que ficam e valem a pena...
    incluindo o/a próprio/a

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  3. Pois...
    e estas dores estão todas um bocado mal distribuídas, a meu ver.
    Resta agarrar a vida, viver sem magoar e atenta aos outros q.b...
    E cada vez mais dos que valem a pena... embora não nos caiba a nós totalmente o medir isso da "validade". Em suma: só cuidar dos que nos merecem as palavras, os gestos, as dores,a dádiva de nós, pois não somos imensos nem eternos. Com os que não entendem nada de nada sobre o "dar", não vale a pena perder o tempo ou o coração.
    E temos de também cuidar de nós, claro.(nisso tenho de melhorar, de uma vez por todas...)
    Beijinho :)

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