sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Mais uma bela carta-crónica: "Merceeiros e bombistas" (sobre o rumo da Educação e a suposta falta de crianças...)


(carta à directora do jornal "Público", 17-8-2012)
Já há umas semanas defendi aqui que algumas cartas`"ao director", neste caso à Directora, publicadas nos jornais são belos nacos de prosa e mereciam estatuto de crónica residente, mais depressa que os textos de certos políticos e  "comentadeiros" da nossa praça.
Neste caso, a de hoje de um correspondente habitual e sempre pertinente, Rui Silvares, da Cova da Piedade. E a propósito de uma campanha de desinformação que vai por aí e que, perante a falta de argumentos válidos, diz agora se há mais professores sem horário é porque há menos alunos, as senhoras portuguesas não têm bebés e coisa e tal...e não devido aos malabarismos curriculares do MEC. De um ano para o outro quase quintuplicar o número de professores sem horas lectivas (e que estavam por razões várias em outras funções nas escolas, ou destacados fora delas)?! As mães começaram a atirar as crianças ao mar? E logo no ano em que aumentam os alunos  nas escolas, até devido, entre outras razões ao alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12º Ano e 18 anos de idade?
Por isso esta carta é mais pensada e informada do que o artigo de meia página publicado há dias (já a Silly season, só pode ser... com tanto cronista a ir de férias... Precisam de colaboradores? Textos para ocuparem as páginas e que sirvam mais do que para fingir que contêm ideias? Façam favor de contactar, senhores da redacção...) de um tal José Carvalho, com a etiqueta de "professor Universitário" e... "investigador de História" (??). Deve ser contra este que Rui Silvares aqui se indigna com razão, como já na quarta-feira se indignou Santana Castilho na sua crónica.
Esse senhor "investigador" (JC) parece ter nascido por volta de 1979, ainda um tanto imberbe, admitamos, mas mesmo assim sem justificação para tal arrazoado no seu texto "Professores Desempregados" . Decerto será um prof. Universitário nalguma U. Privada e de "equivalência relvada", pois é tão pobre  a sua argumentação e até a sua escrita que até muitos meus alunos apenas no 10º ano fariam melhor!
Anda de roda de uma suposta estatística que descobriu entusiasmado ( nas suas "investigações"? ) sobre a redução de número de nascimentos e nada mais, esquecendo factores como a imigração e todos os factos sobre alterações de leis da Educação e da organização já aqui apontadas noutros textos. E quanto ao estilo, paupérrimo tanto para um artigo como para um prof. do Ensino Superior (?!), termina numa espécie de "nha nhã nhã, tomem lá malandros, comunas e camaradas que o que há é menos crianças, pim!" -- a frase não é esta, não tenho agora o texto diante de mim, mas o tom e o remate era mesmo neste estilo, usando até o termo "camaradas" (sim!!!!!) e parecendo o outro do PS ( o advogado pequenino e sempre bem governadinho) com a frase famosa  do "Habituem-se!".
Na altura estive para comentar aqui e até para escrever à directora, mas depois achei que daria importância a um ser sem "sustância" e afinal havia que fazer  férias também a estes disparates... que por surgirem em Agosto até poderiam não ter grande eco. Mas felizmente S. Castilho e Rui Silvares tiveram paciência para tal. Agradeço-lhes!
São duas as linhas mestras, na estratégia "bombista"* de que fala Rui S.,  para preparar um futuro despedimento criminoso de professores , que ainda são bem precisos neste país ainda tão iletrado ( e pelo menos para formar melhores profs Universitários que esse sr. José Carvalho...):
- Alegar que de repente as crianças são menos (e até por isso justificam  o encerramento revoltante da MAC, "apenas" e  talvez  a melhor maternidade do país) enquanto abrem alegremente maternidades privadas com menor qualidade pelos arredores de Lisboa...);
- Alegar que os professores sem horário lectivo até já existiam(deviam a ndar escondidos nalguma arrecadação pelas escolas!), mas que agora divulgaram e não antes (mentira! Ainda o ano passado foram divulgados, com número contrastante com o de agora!) e que por isso esses profs veteranos estão a tirar lugar aos mais novos, os contratados. Mais uma vez o suscitar da Inveja nacional, sentimento que nunca e nunca baixa de cotação e que absorve as energias  dos cidadãos lusos que deveriam ir para a luta da defesa dos seus direitos, deixando-os assim na famosa "apatia"...
Apatia? Até um dia...:/

(* campanha preparada pelos "spin doctors" do governo para as informações vertidas para as notícias e acolitada por... "ácaros" como este dr. Carvalho de indigente análise.)



Sem comentários:

Enviar um comentário