sábado, 18 de fevereiro de 2012

Desafio "piegas" de Carnaval

Atrevo-me hoje a fazer um apelo à desobediência dos portugueses, nesta época em que andam esmagados pelo discurso derrotista da austeridade.
Não é propriamente um incentivar à desobediência civil, face à proibição do nosso PM  que os funcionários públicos possam parar no Carnaval. Lá continuará, Passos Coelho, convicto ,na sua ficção delirante, de que lautos proveitos virão desse dia , tornando Portugal mais produtivo, como se obrigar as pessoas a irem trabalhar sisudas possa alguma vez incentivar qualquer Ecomomia que seja. Eu por mim falo: quanto mais me querem impor alguma coisa injustamente e sem lógica, mais eu tendo a me rebelar e querer contrariar.
Já aqui se comentou, noutro post, essa decisão infeliz de PPC de não permitir a tolerância de ponto, usando a argumentação (?)própria de quem está de luto, num funeral e não de quem governa e quer ser mobilizador. O segundo argumento(?!?!) que usou ainda é mais ridículo, com o facto de virem cá os atarefados senhores da Troika e "parecer mal"... Primeiro, ninguém os mandou virem sempre em épocas de feriados e pontes em Portugal e segundo, porque até desconfio que o genial Antero (feroz paladino do Carnaval) , do "Anterozóide" , tem inteira razão ao revelar que os senhores até escolheram esta data de propósito (ora espreitem o seu cartoon, AQUI). :))
Portugal é um dos pais europeus do  aplaudido Carnaval brasileiro, a par com a Itália (Veneza) e os festejos primaveris  gregos ao deus Dionísio. Depois, houve o feliz "casamento" com  os ritmos as danças  e a mística africanos. O Carnaval, lembremos ao nosso Pedro, tem por origem a palavra "carne" e a época que antecede a AUSTERA Quaresma do jejum e reflexão e em que eram permitidos uns dias de abuso carnal (em várias vertentes, digestiva e não só). Muitas terras do interior até celebram momentos carnavalescos com "enterros e funerais" diversos e simbólicos(Judas, Velhas, etc), a representar o nosso "bode expiatório" já não judeu e lavar as almas, em preparação para um renovar de vida e fim do Inverno.Os corsos carnavalescos são netos desses desfiles "de funeral" de tempos imemoriais. O nosso Pedro tem de saber aliar a dedicação que diz ter  ao país com algum respeito pelas  suas raízes culturais. Mas, como tantos produtos "de estufa" não captam o sabor da Terra, assim  deve faltar também aos nossos ex-jotinhas  tal percepção ontológica...
Quer que vivamos em pobreza crecente e eterno INVERNO/ INFERNO...
E já nem falo, como já expliquei antes, no desastre Económico a nível das localidades e do Turismo, que esta medida traz, ainda para mais  em cima da hora... Muitas autarquias declararam tolerância unilateralmente e fizeram muito bem!
Posto isto, ressalvo que raramente, desde os tempos idos de criança, celebro o Carnaval. Não me alegra particularmente, muito menos vou assistir aos seus desfiles. Só numa ou outra festa pontual e de forma mínima. Mas respito quem o faz e delicio-me sempre com os cortejos alegres de crianças em autêntico desfile de inocência alegre e disneilandesa pelos jardins e ruas, todos os anos. Nunca me coíbo de meter conversa e de aceitar uma serpentina ou esguicho de bisnaga na cara! Ainda nos últimos dias consegui falar com a Branca de neve, um pequeno presidiário de ar muito composto, um cow-boy de pantufas e duas Minnies. Deve-se incentivar os sorrisos e  a magia na pequenada, do mesmo modo que se incentiva ao estudo quando ele é necessário.
Porém, este ano, precisamente devido à "proibição" governativa, a essa aberração no calendário, tenciono festejar em grande e em mais que um dia o nosso Entrudo. Nos dias de descanso vou atirar umas serpentinas e, garanto, até já comprei uns artefactos (económicos!) para me mascarar! ;))
E QUAL É O MEU DESAFIO A TODOS especialmente aos funcionários públicos, mais uma vez os bodes expiatórios do Carnaval Desgovernativo, Troikista e Ultraliberal? Pois bem: mesmo que sejam obrigados a ir para a repartição, contrariados, ou para reuniões infindas e maçudas convocadas por chefes ou directores mais papistas... digo,  " mais passistas que o Passos", vão mascarados e cumpram os serviços mínimos de Carnaval, com uma ou outra serpentina ou um apito.
 Julgo que não virá mal nenhum ao mundo se um funcionário atender  os utentes ao balcão, com seriedade e eficácia , usando um nariz de palhaço ou uma cabeleira alaranjada ou orelhas de Minnie. Também não há problema lançar uma bisnagada perfumada ao colega do lado, enquanto se carimbam impressos. Nem em se atirar uma mão cheia de confettis a um Director de turma carrancudo, enquanto se discute mais um Plano de Recuperação de um aluno sorna ou se escreve mais uma acta interminável.
Deveria ser essa a nossa resposta "piegas" mas não preguiçosa aos "Young Turks" (já foi explicado aqui, num dos primeiros posts do blog,  porque usamos tanto esta expressão para os qualificar, ver os Tags do blogue) que nos levam ao abismo de boné na mão , subservientes, perante as Mérkeis deste sistema(enquanto estas bebem canecas de litro de cerveja em carnavais de Munique ou festas da cerveja...), sempre confundindo o ter as rédeas do poder nas mãos com o ter sempre razão.
Levemos todos as serpentinas  e outros pequenos adereços carnavalescos para o trabalho. Usemos a oposição festiva , por contraste aos pobres  deputados de "oposição" que fazem "abstenção violenta". Sugiro até a estes que também levem as suas serpentinas e buzinas, para as apitar nas reuniões e hemiciclo, em substituição das palmas e dos "muito bem!" aos discursos!
Estou a falar muito a SÉRIO, ou não fosse Carnaval!
Expliquemos de vez ao Pedrito e muchachos o que significa o provérbio inglês "All work and no play make Jack a dull boy " (só trabalho , sem diversão, fazem do Jack um rapaz chato/"uma seca"). Porque a vida são dois dias... e já devemos todos estar no segundo, mas não gostamos de ver ninguém a adiantar os ponteiros do  nosso relógio! :(
Margarida Alegria
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ANEXO: A propósito de SERPENTINAS, fiquei a saber há pouco mais uma situação lamantável para as pequenas e médias empresas de Portugal. A maior fabricante de serpentinas portuguesa, a "Fábrica de papéis pintados", da Foz do Douro, no Porto, viu este ano a suas vendas quebrar em 50% as suas vendas, não por ausência de foliões, mas pela perda de um dos seus principais clientes, uma grande Superfície/Hipermercado (Belmiro? Amorim?). O trabalho de horas extra e "banco flexível de horas" que praticavam por esta época, viu-se restringido subitamente (LER E OUVIR AQUI a notícia da TSF). Fui ver então o rolo de serpentinas que tinha ali, comprado num desses hipermercados. Com desgosto vi que era de produção espanhola... E não o tinha comprado aos chineses por julgar estar a comprar produto português, ai a minha pressa! (mas até as lojas chinesas agora nos asseveram:" compLe, compLe! Bom tecido! Veja maLca: fablicado em Poltugal!!!"-- reconhecendo a nossa qualidade). Também há poucos meses a fábrica de lacticínios das Marinhas rescindiu contrato com o Continente, pois esta empresa queria quase obrigar a marca a ter de  pagar para fornecer tais hipermercados! pois... "Compre Português"...
Faço portanto um segundo apelo: procurem nas tabacarias e papelarias as serpentinas da fábrica de Papéis Pintados, certifique-se que são dessa marca portuguesa e ajude assim esta nossa pequena indústria tradicional!
E BOM CARNAVAL  A todos!
(mas ainda voltarei com posts carnavalescos...)
 Margarida Alegria (18-2-2012, sábado de Carnaval, in blog "Alegrias e Alergias)

5 comentários:

  1. É muito triste os responsáveis das grandes superfícies só ligarem ao preço e não à qualidade dos produtos nem a proveniência!!! Realmente é lamentável haver uma empresa em Portugal que produz as serpentinas e confetis que parece que é a única e preferem comprar fora, importar. Não faz sentido!!!

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    1. Tem toda a razão! Não faz qualquer sentido.
      A entrada na Comunidade Europeia abria Portugal ao mundo e a outros produtos, mas não deveriam os desvalorizar os nossos. Claro que nos impõem a s leis da livre concorrência e assim produtos mais baratos entram-nos postas dentro. Mas se tentarmos o mesmo lá fora, encontramos um muro de impedimentos para a venda dos nossos produtos, pois cada país quer lá saber da UE. No fundo têm muitas mais lei sproteccionistas do que nós.
      E então para este tipo de produtos e com tradições em Portugal, o caso torna-se ainda mais chocante.
      Desculpe só lhe responder agora. Coisas de ´rpoca de Carnaval.

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    2. ai tantas gralhas... é do cansaço e da pressa:
      "mas não deveriam desvalorizar os nossos"
      "portas dentro"
      "leis proteccionistas"
      "época de Carnaval"

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  2. Eu acho que se não havia motivo para se brincar ao Carnaval.... passou a haver um argumento de peso a favor dessa ideia: mostrar claramente ao Governo que estamos descontentes e que já basta de carnaval( do deles) desde Junho do ano passado!!
    Aí vão uns beijinhos para ti

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    1. Ora é mesmo isso! :))
      Então eles podem brincar ao carnaval e ao 1 de Abril todo o ano, connosco, e nós não? :)
      às tantas o PPC vira imagens dos bonecos gigantes que fizeram dele lá para Torres Vedras etc...
      Ontem foi lindo ver o sossego das ruas e os desgovernantes e os deputados (aqueles que jogam Farmvile nas bancadas e que fogem quase sempre do Parlamento às sextas-feiras) ali a trabalhar, ou a fingir que eram muito trabalhadores. Os paizinhos da Troika devem ter gostado muito,ahahah.Uma trsiteza, no fundo...
      Beijinhos, mfc!

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