quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Somos todos Gregos mesmo! Queiramos ou não. :(



(Athens burns!- 13-2-2012)

Tem-me faltado ânimo para o Humor. Pelo rumo que o mundo em geral e a Europa em concreto estão a levar, com as novas notícias de traições ao país que é o nosso, com novas desmedidas "para além da troika" que estão aí a ser congeminadas (nomeadamente a mobilidade da FP, ilimitada e não negociada, ao mesmo tempo que os boys continuam a entrar para a bolsa protegida dos que "mamam" no Estado, com novos especialistas-assessores de vinte e poucos anos, com novos institutos públicos e "grupos de trabalho" com funções para-governativas), mesmo as ideias para textos que gozam a situação só surgem com o travo amargo que isto tudo causa.

E tantos que acreditaram nestes desgovernantes novos-- infelizmente fui( mas não me gabo, antes tivesse sido menos céptica,tido esperança,sinal que Portugal ainda tem remédio) dos que estiveram sempre de pé atrás, mas mesmo assim nunca pensei que o grau de fuga ao prometido fosse tão longe!-- e que agora se conformam, se encolhem, já não dizem nada, quando deveriam ser os primeiros a reclamar contra os novos pinóquios!

Mas as imagens vindas da Grécia, berço da Europa e da Democracia, ainda inquietam mais e antecipam o que vão fazer connosco em breve uns senhores que têm dívidas bem maiores, mas que desviam a atenção dos seus cidadãos criando bodes expiatórios em povos inteiros (ironicamente a quem devem milhões de Euros da II Guerra Mundial!). Hoje é a Grécia e já se vê que amanhã será Portugal, cuja fatia de dívida, em todos gráficos que existem, é bem fininha face aos grande "caloteiros" mundiais (pois é assim que nos designam a nós...), com a Alemanha e outros "santinhos" no topo...

A menina "Anguela" e outros dos seus séquito já foram mandando agulhadas a Portugal, com críticas aos túneis da Madeira e aos negócios com Angola, mostrando enorme ignorância sobre a História e a geografia portuguesas. Claro que não eram obrigados a saber, mas o veneno foi lançado e o que lhes interessa são umas espúrias eleiçõezitas locais, a sua própria sobrevivência perante a opinião pública alemã. Espero que os alemães sejam mais inteligentes que isso e compreendam o que está em causa: a suposta sobrevivência da Alemanha e da UE está na própria sobrevivência dos povos mais pobres e marginais e não no seu "sangramento" económico nem no seu trucidar.

Na Idade Média e até depois disso, por roubos e piratarias muito menores, por traições à pátria muito menores, todo este tipo de banditismo era fortemente castigado e empalavam, esquartejavam os bandidos, colocando as suas cabeças em estacas, às portas das cidades, como exemplo. Agora a Europa inteira está a ser roubada e pirateada pelos especuladores dos "queridos e nervosos mercados", sob a protecção de governantes sem visão, mesquinhos e ignorantes, que assim julgam escapar à desgraça, mas que ainda por cima criticam quem se revolta. Não concordo com as pilhagens dos vândalos que, oportunistas, queimam e destroem em Atenas, em Londres, e mundo fora, ao abrigo de manifestações justas e legítimas. Mas não venha um alemão ou outro instalado, como o presidente do Parlamento alemão, europeu ou outro, dizer que aquela revolta não corresponde à maioria do sentimento do povo grego. Acredito que a maioria até gostaria de estar na praça Syntagma, mas , ou por medo pelos seus filhos ou por precisarem de lutar pela sobrevivência, não foram protestar ao lado dos seus concidadãos. Acredito que a maioria estava com aqueles manifestantes (os pacíficos e os que apanharam gás lacrimógénio em cima,novos e idosos, por todo e qualquer pretexto) . Assim como a maioria dos portugueses deve estar, especialmente agora, ao ver que levam Portugal pelo mesmo caminho e más opções de combate à Crise. Não tarda todos os portugueses e a maioria dos cidadãos que estão a ser expoliados e assaltados, Europa fora, dirão que são "Todos Gregos"! Mesmo que os tenham tentado convencer do contrário...Espero que o acordar para esta realidade não seja demasiadamente tardio.

(Tentarei olhar o que posso com humor, mas só vislumbro tragédias...gregas. )

"Alergia" (15-2-3012, in blog "Alegrias e Alergias")

4 comentários:

  1. Cada vez me sinto mais e mais Ateniense... e tenho qualquer coisa dentro de mim que me diz que a solução nunca está à direita!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também eu, mfc...
      Neste caso está visto que não está à direita,mas nem já sei bem em que lado está.
      À direita e esquerda só há teóricos e muitos oportunistas à mistura, sendo ao menos a esquerda um pouco mais sensível socialmente.
      A direita tem umas Crenças enraizadas e acha que depois a pobreza pode ser compensada com umas medidas assistenciais para aliviar consciências. A esquerda tem outras crenças, julgando poder compensar as desgraças das más políticas com RSI e quejandos para evitar revoltas e comprar votos...
      Mesmo assim, por agora nem desse lado temos oposição: temos um PS refém da troika e das grandes asneiras socretinas, os partidos mais à esquerda entretidos com as questões fracturantes como as barrigas de aluguer, os sindicatos a apenas quererem estar à cabeça de umas manifestações rotineiras e ordeiras...
      A solução estaria em alterar o sistema, com grupos e associações de cidadãos livres de "compromissos" desses a tomarem o destino do país nas mãos,rotativamente e centrados no bem comum, como fizeram os islandeses.
      Mas num Portugal com fraca tradição de cidadania e intervenção , para além do voto que pedem de 4 em 4 anos (alguns nem votando), o caso é mais complicado. Somos tendencialmente individualistas, o que até pode sem bom para certas situações, mas não para termos boas governações. Não somos suficientemente exigentes com os nossos políticos e eles minaram quase tudo para não terem de prestar contas.
      Isto está a ir por um caminho muito mau, que repete os erros dos anos 30 e é horrível assistir a tanta cegueira e estupidez!
      bjs

      Eliminar
  2. Gostei muito desta tua resposta!
    Pensamos as coisas e queremos que isto mude!
    Vamos torcer... mas tocer a sério!
    E manifestarmo-nos!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sem dúvida, não nos podemos encolher, nem desistir. De Norte a Sul do país ainda há muta gente a pensar pela sua cabeça e a querer um destino diferente, sem o discurso do"não há alternativa" a um sistema que ignora o bem-estar e os direitos de todas as pessoas!
      Bem, lá vou eu agora tentar acabar a página do "Jejé",finalmente, pelo menos em forma embrionária...
      Boa tarde! :)

      Eliminar