quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dar a palavra a quem vive as situações e sabe (e não a opinionmakers de pacotilha):Opinião Pública Paulo Guinote SICn.


(programa Opinião Pública da SIC, com Paulo Guinote, dia 24-7-2012)
Em tempos de plena guerra aberta  entre professores e MEC , é bom e  ao menos algumas vozes  que são convidadas pelos  Órgãos de Comunicação Social serem de quem está efectivamente "no terreno" (isto é, numa Escola), com as vantagens adicionais e não deprezíveis de,  neste caso, terem doutoramentos  não relvados" na área da Educação, uma  inteligência arguta e uma "suada" independência. Caso de Paulo Guinote, professor do ensino básico  e blogger.
Mais uma  vez estamos a ver o MEC a  empurrar os sindicatos para o canto alegando que com eles só trata de assuntos salariais, como disse há dias o Ministro Crato, num fraseado demasiado mariadelurdesco  e arrogante (argumentou  que falar com os Pais, com os sindicatos ou com os directores, sobre a Educação portuguesa, são coisas diferentes, tendo tentado armadilhar a reunião conjunta pedida por todos estes, para... reuniões separadas...enfim, manhas, nas quais desta vez todos - sindicatos de professores, Rep. de pais, sindicato dos inspectores--evitaram cair, com uma união como já não se via!...).
Urge portanto "contra-atacar" em várias frentes, sobretudo esclarecendo a POPULAÇÃO que esta "guerra" não é algo de corporativo, como sempre nos atiram à cara os comentadores que nada entendem do Tema Educação, mas que sobre tudo comentam, tarefeiros para toda a obra... Estamos sim perante um grave ataque à Escola Pública de qualidade --como a que tinhamos,apesar de tudoo que havia ainda a melhorar; quem dizia o contrário já eram os "jornaleiros" do regime central, a preparar terreno e a virar a opinião pública contra os professores, de há 10 anos a esta parte, pelo menos.
Se transformarem os docentes em ( ainda mais) precários trabalhadores à jorna e /ou à hora, como estão a fazer aos enfermeiros, alimentando mercantilismos, poderemos dizer adeus à Escola Pública verdadeira e democrática. Poderemos dizer adeus ao direito de todos os jovens cidadãos terem acesso aos estudos.
Uma dessas frentes será portanto dar voz aos professores que conhecem o sistema por dentro das Escolas, nos órgãos de comunicação e por outros meiso possíveis.
Outra será , em cada Escola, apelar à verdadeira solidariedade dos directores e de todos os docentes que ainda estão na ilusão que escaparão a este dilúvio de leis criminosas, não se trata de estar em jogo apenas cargos ou empregos, mas a Escola Pública, repito.
Urge também chamar à razão os representantes dos Pais, que parecem finalmente estar do nosso lado nesta questão fundamental.
Como disse acima, o MEC tenta mais uma vez isolar os sindicatos num suposto estatuto de  meros negociadores salariais. Felizmente parece que alguns desses sindicatos, caso da Fenprof, parece terem acordado de certa letargia em que se encontravam, adormecidos que haviam sido pelas propostas falsas mas de voz maviosa de Isabel Alçada e mais recentemente por certo tom dito "afável" deste novo ministro. Foi mais um logro, como já se vê. Então colaboremos , professores,com os sindicatos naquilo que sabem organizar bem, como as concentrações que estão a decorrer esta semana, como os comunicados e as providências cautelares e as manifestações, mas não fiquemos por aí.
Dentro das Escolas temos de pensar em formas efectivas e originais de paralisar o arranque do novo ano lectivo, não esquecendo que mais vale "prejudicarmos" um pouco alguns dias lectivos dos alunos, do que os condenar para sempre a um sistema instável e de triagem totalitária, a um sistema onde não possam sonhar mais alto e onde as portas para muitas crianças se fechem desde muito jovens, por falta de opções educativas de verdade, por não terem meios económicos ou por passarem a ter falta de professores, com os que restam completamente exaustos e sem paciência.
Há dias já se ouviu o próprio P-M a dizer que a opinião pública não estava contra as medidas que tomava, que quem o criticava era apenas a "opinião publicada". Usou inclusivé o mesmo argumento de Sócrates, quando P-M, de que quem o vaiava na rua não era a população, mas pessoas manipuladas pelos sindicatos, que o perseguiam a si e aos seus ministros, quando se deslocavam  pelo país. O mesmo senhor dissera antes de ser eleito que Jamais iria sacrificar mais o país, que jamais alegaria isto ou se justificaria com aquilo... (quem te viu e quem te vê). Por isso não esperemos resolver tudo pela via sindical: temos de abrir os olhos aos pais e restantes cidadãos , que nem sabem o que espera os seus filhos no ano lectivo que se avizinha, onde turmas com alunos a mais e professores com turmas /alunos a mais verão, a seu lado , salas novas vazias (de escolas restauradas) e professores humilhados sem turmas! Querem maior absurdo  e desperdício que este?
Escutem atentamente este programa, que é muito bom e elucidativo, embora alguns dos muitos temas arrolados e importantes tenham ficado de fora por falta de tempo.
Há também a vantagem de, contra o que é habitual, os  cidadãos comentadores deste programa serem de qualidade superior a outros em outras ocasiões, ou seja, mais esclarecidos e atentos do que a média de sexagenários que costumam ocupar as manhãs a telefonar para o Opinião Pública, passando tantas vezes ao lado do tema central e optando pelas queixas pessoais sobre as "suas dores reumáticas" e/ou a invocar  o "dótor" Salazar...
Por falar em terceira idade-- e com todo o respeito  e carinho que os idosos me suscitam quase sempre-- há coisa de dois dias um programa informativo de um dos canais por cabo (SIC, TVI?) convidava dois  sábios anciãos do país, que ilustram sintomaticamete o que eu disse acima. Não vi o programa, mas parece que foi confrangedor a quem tentou captar alguma substância do dito. Convidados: António Barreto e Manuela Ferreira Leite. Um ex-ministro da agricultura de há décadas ,  hoje intelectual de gabarito e dirigente de uma fundação que será a obra mais condigna do rei do pingo Doce. A segunda sendo  ex-ministra das Finanças, ex-diversas coisas mais e também ex-ministra (das Finanças)da Educação, de uma época em que teve de ser chamada para tapar o buraco de um cargo que ninguém queria, por ser braço de confiança do PM de então. Parece que mostraram estar mais "a leste" dos problemas educativos actuais do que se esperava, um refugiando-se nas suas teorias gerais sobre a Educação caso vivessemos num paraíso suíço  e outra refugiando-se nas suas recordações de infância, tal como todas as avós fazem para falar "do seu tempo" aos netinhos. Barreto espalhou-se um pouco a menos, mas foi confrangedor também.
Se outros "entendidos" estavam já de férias para acudirem ao programa, milhares de docentes que têm este ano as suas férias irremediavelmente estragadas se ofereceriam de bom grado para comentar toda esta desgraça e incompetência do MEC, conseguindo DE FACTO elucidar os cidadãos em vez de os incitar ao "Zapping" ou convidar a uma soneca...
Só para dar um exemplo citado por quem assistiu a estes "comentadores": Manuela Ferreira Leite admirava-se com tanta algazarra pela criação de turmas grandes e recordou com saudades os tempos liceais em que era a aluna "número trinta e tal" de uma turma enorme. Acredito: suponho que era também no tempo dos uniformes e em que as alunas tinham de alinhar pelos quadrados do corredor para entrar na sala, o tempo das aulas de  lavores  da Mocidade Portuguesa para tricotar casacos para os bebés pobrezinhos, o tempo dos professores que ditavam a "aula", digo, A LIÇÃO, e procediam ao acompanhamento "individualizado" e  à avaliação "continua" dos alunos através de "chamadas orais", enquanto marcavam o ritmo com o longo e pesado ponteiro de madeira do quadro. Nos intervalos, Manuela desembrulhava o pãozinho com marmelada e, chegada a casa, tinha pudim Boca doce para sobremesa e, depois de fazer os deveres, jogava à "macaca" no quintal. Sim, suponho que não tenha sido nada de especial pertencer a uma turma de Trinta-e-tal nesses tempos, onde possivelmente nem professores nem contínuas a tratavam sequer por Manuela, mas talvez por "menina Leite" ou por ... aluna nº 30 e tal". Era tudo igual, não fazia mal nenhum. O número bordado na bata tristonha tudo resolvia e bastava para a conhecer e identificar. Lá nos seus saudosos tempos de menina, dos tempos... talvez do Reinado de D. Maria Primeira, ou por aí... Perante tão belo passado quem quer saber das complexas realidades dos jovens alunos do Presente?
Margarida Alegria(26-7-2012, in blog "Alegrias e Alergias")

11 comentários:

  1. Boa reflexão!
    http://oduilio.wordpress.com/2012/07/26/clube-tenis-portimao-e-rocha/#respond

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  2. Coitada da Nelinha com o nº trinta e tal.
    Portugal está entregue aos "cães" estou a assistir ao documentário "donos de Portugal" na rtp2 é impressionante:
    http://www.youtube.com/watch?v=OuzxncV9l3M

    bjs*

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    1. Já vi esse documentário há uma semanas. Todos os portugueses o deveriam conhecer. Pensamos que o país vai evoluindo, mas está sempre entregue às mesmas moscas e moscardos.
      É realmente impressionante. Chocante, mesmo...
      bjs

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  3. Passo depois para ler-te com tempo.
    Iniciei uma leitura viciante.
    Ofereço o selo da amizade, queres ir buscá-lo?
    Gostaria muito.
    Beijinho e até já!

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    1. Uma leitura viciante? Será do tal autor R.Não sei qusntos de saga tipo senhor dos anéis ou D de Avalon?
      E as escritas?
      Um selo? vou ver... mas se é para muitos compromissos... ando um tanto desalentada com quase tudo para me dedicar a esses selitos...
      Bjo

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  4. Já ouvi e li.
    Vou deixar assentar a poeira, ontem ouvi, de raspão, que o Ministério recuou.
    Vou-me inteirar.
    Parece um país de dementes.
    Ando tudo alucinado. Só de ouvir fico nervosa.
    Não há ninguém comcalma suficiente para debater o assunto de forma a que todos percebam.
    Parece que cada um só quer ter razão,independentemente de a terem. Não ouvem, só falam.
    Ando cansada. Lamento ter filhos, custa-me dizê-lo,mas não pediram para nascer e são apanhados nestas guerras de adultos.
    Vou ver as Olimpiadas, talvez me acalme. Por outro lado, fazem-me lembrar que os atletas não têm apoio nenhum, uma tristeza.
    Como diz o entrevistado: cada pessoa tem opiniões...
    Um beijinho.
    Vou-me alhear no sucesso alheio.

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    1. Não lamentes ter filhos... a única coisa que devemos lamentar é o estarmos nascidas e amarradas a este país gerido por todo o tipo de imbecis.(o outro também usa "calão" por isso já quero lá saber.
      E quanto a atçetas--- é só futebol neta terra.. parecq que as lesões da Naide e do N. Evora teriam sido evitadasa num país com condições para treinarem...
      Quanto ao recuar do MEC... é só fingimemento, um suporto acordo com a Fenprof com esta a clamar vitória quando o MEC só disse que ia pensar... fazer o posssível... querem é todos ir de férias, mas merecem que lhes tiremos o descanso, já que deram este tormento de fim m de ano a tantos colegas e a tanta gente nas escolas!
      Não recuaram nada: o que estão é com medo da revolta latente que já paira entr os professores. Já vimos destes acordos a vender-nos antes... o que vale é que parece que para já não lhes ofreceram lanchinhos anestesiantes e não assinaram nada!
      Não lhes interessa dar voz a quem explique tudo direitinho, pois não interessa esclarecer a população, para a foema como estão a tramar a Escola Pública: No campo da Saúde é mais fácil, pois nos hospitais e Centros de Saúde os cidadão apercebem-se de certa falta de meios, das filas nos hospitais, das taxas moderadoras altíssimas, etc...
      Alheia-te bem ,mas não por completo. Tens filhos a estudar e não podemos enterrar a cabeça na areia, infelizmente.
      Também ando com vontde de chotar por muita coisa, mas sei que de pouco adianta, a não ser um certo alívio momentâneo.
      Beijinho

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    2. Ui tanta gralha! Nem sei como tal aconteceu!
      vontade de CHORAR,ATLETAS, FINGIMENTO, FORMA, VONTADE, OFERECERAM...

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  5. Eu realmente não sei onde vamos parar com a educação neste estado...Só espero que se abram olhos e que a situação melhore consideravelmente...

    Beijinho*

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    1. Eu também espero isso, Pink!
      Têm saído das nossas escolas e universidades alunos com muita esperança e querem dar cabo de um sistema que não era perfeito, mas que estava muitos pontos acima do de tantos países. E com professores mais qualificados do que os que leccionam em boa parte dos países da UE e mundo fora.
      Havia myuito a construir, mas parece que só querem destruir o que funciona bem e entregar tudo a negócios privados!
      Beijinho, Pink!

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