sábado, 26 de novembro de 2011

Exageros de diagnóstico nas dislexias e similares

Em mais um número sumarento, a excelente revista "Sciences Humaines", nº 232-Dezembro de 2011, lança pistas sobre recentes estudos  a propósito  da disgrafia, dissortografia ,  discalculia e todas as restantes "dis" ("dys"). Surge agora o debate de como afinal é desaconselhado o  super-diagnóstico destes problemas, pelos psicólogos, perante a ansiedade dos pais.Na realidade, há poucas décadas, não se falava muito nestes problemas, o que era mau, pois muitas crianças eram estigmatizadas por "darem erros " ortográficos crónicos, ou por terem dificuldade em fazer cálculo mental ou entender um texto escrito, quando o liam sozinhas.Agora caiu-se no extremo oposto, andando os pais a correr para psicólogos e outros especialistas e ansiosos por sair de lá com um papel que ateste a dislexia do rebento, ansiosos por sacudir o dito papel perante os professores, que não entendem os seus filhos. Há uns anos tal dava até abusos no requerimento ao direito ao estatuto de aluno com NEE, o que afinal acabava por também estigmatizar. Sendo alguns casos bastante severos, outros há que poderiam ser colmatados naturalmente, com o tempo, pois por vezes só com a prática da leitura, do cálculo e da escrita é que o aluno pode proceder à auto-correcção.
O artigo, pequeno e a remeter para alguns artigos de revistas de Psicologia, sublinha a forma como se multiplicaram os diagnósticos no famoso DSM-IV (o mais célebre classificador internacional de patologias). Especialistas em neuropediatria e psicologia denunciam a arbitrariedade que existe em tais diagnósticos, pois a aprendizagem de uma criança não depende apenas de um diagnóstico destes, mas de todo o seu enquadramento de crescimento, de emoções,da sua curiosidade  e motivação específica, da complexidade dos raciocíniod mentais exigidos na aprendizagem...
Dizem muitos que o excesso de diagnóstico (sobretudo depois de ter surgido a moda  francesa da "multi-dys" --ou seja, a presença simultânea na mesma criança das variantes dislexia, disgrafia, etc.) pode ser contraproducente e estigmatizar ainda mais a criança, encerrando-a numa categoria, impediditiva, por seu lado, de qualquer possibilidade de evoluir.
O texto não está, infelizmente na versão online, mas deixo aqui o título, com link para a revista em geral, um link a guardar, a meu ver.
Como disse acima, uma revista sempre com muito que ler e pensar e, acrescento, geralmente MUITO À FRENTE das teorias que por cá ainda se debatem (ver por exemplo um artigo sobre a "febre" da avaliação, so como mero exemplo!).

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