quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"It's a Good Life, If you Don't Weaken..."


(Dr. Sam  Vaknin, "The Indifference of the Narcissist")
A Indiferença como  arma de ataque do Narcisista. O video diz tudo sobre as reacções, geralmente  inadequadas das infelizes pessoas que sofrem desse tipo de Distúrbio de PersonalidadeSentem-se mal no Mundo e não descansam enquanto  não arrastam para  a angústia e até  depressão quem os rodeia. Especialmente aqueles que mais os acarinham e apoiam. Pode parecer bizarro, mas é assim  que agem. "Gostam" das pessoas só por uns tempos,com encanto e  de forma até exagerada e paternalista,para as desvalorizarem uns meses depois , passando à fase em que julgam,  pelos parâmetros do seu False-self (personalidade/máscara criada inconsciente mas meticulosamente em auto-defesa, para impressionar os desconhecidos), que os outros  são "fracos". Chegam depois a considerar  esses outros como "inimigos" , caso "ousem" confrontá-los com as suas múltiplas incoerências (pois essas suas "vítimas,pessoas de bom coração e  empáticas, não estão habituadas a tal  falta de lógica nas relações humanas).Os Narcisistas usam portanto a ATENÇÃO que  obtém dos outros, quer a positiva quer  a  "negativa" (por exemplo, críticas ou até o que  imaginam serem críticas, na sua  tendência paranóide) como um  toxicodependente usa uma DROGA: precisam sempre de nova "dose" e cada  vez mais  forte. Alguém que crêem  já domado deixa de ser um bom fornecedor da "Droga-atenção" (a simpatia e compaixão que deles obteve), pois na sua mania de superioridade(defendem-se,gabando-se de que são "especiais", "invulgares",sortudamente fora da normalidade, sendo no entanto bem rotineiros nos seus esquemas de vida) são incapazes de verem os outros como seres humanos seus  iguais  e portanto têm a convicção de que  amor ou amizade que aqueles lhes oferecem resulta sempre da  sua (dos narcisistas )"dedicada" conquista e não das próprias qualidades e generosidade afável desses "conquistados".
Aliás, detestam ver os outros felizes, ou pelo menos julgando-os mais felizes que eles próprios . Pois, no íntimo,  sentem-se sempre (e erradamente!) menores e têm grande falta de auto-estima, daí toda a agressividade  e desvalorização subsequente à fase de "conquista". Têm  tendência a idolatrar quem julgam importante social ou culturalmente, mas também a imagem e o brilho desses "Astros" acaba desgastada aos olhos dos narcisistas,devido ao tal sentimento de inadequação e de inferioridade que alojam nas suas  "profundezas".
E é por detestarem ver nos outros uma felicidade que pensam, no fundo, que lhes foi negada, que minimizam quem julgam serem pessoas Felizes e... dizem tantas vezes detestarem as Festas (como o Natal...). A tal falta de empatia...
Quem sabe se é por pensarem que o Natal festeja apenas o aniversário de uma criancinha distante e não o seu próprio....Quando o Natal, afinal,  celebra um momento único de Aliança (bem louca!) entre o Criador e parte da criação que o desiludiu.
Não são pessoas horríveis, mas muito complicadas e cerebrais em demasia, pelo que acabam sendo anti-sociais. A Perturbação Narcisista , ao que diz quem sabe, não tem cura, sendo uma "lesão" na construção da Personalidade. Mas os asmáticos e os diabéticos, por exemplo, também não têm cura, porém conseguem controlar o problema, com persistência e buscando apoio médico e da família, tratando o que é possível, fazendo uma vida saudável, repensando os seus limites. No entanto,  sempre com plena consciência desses problemas e limitações. Também o Narcisista patológico o  deveria fazer, procurando apoio, tendo terapia  regular, para reavaliar as suas (falsas)"crenças internas", a forma precipitada como interpreta os gestos e as palavras  dos outros e a Vida em geral. Reeducando-se. Não o fazendo,acaba por cair em profunda solidão, ao mesmo tempo hostilizando e/ou desprezando os demais, mas tendo a natural necessidade deles, não só  pela inata tendência gregária de qualquer ser humano, mas , em caso extremo, também por se ver em isolamento na tal "Ressaca" (Cold Turkey) que Sam Vaknin refere no final. É o que o faz, por vezes, tentar melhorar, porém caindo depressa nos mesmos erros assim que  recupera "doses de atenção"... :(
Acredito que, como tantos outros "puzzles" clínicos, o ser humano há-de levar a melhor também sobre este problema, que afecta cada vez mais gente, tanto os próprios como quem os rodeia -- e que tanta vez acabam por se afastar, a mais das vezes exaustos, por já não saberem ajudar e para se preservarem de mais desgaste provocado por essas irritadiças e caprichosas personalidades . Já não é questão de maior ou menor resistência ou paciência, mas de Libertação do círculo vicioso de algo que não depende só de quem ajuda ....
Sabe-se hoje que muito desse aumento do Narcisismo advém de uma sociedade cada vez mais Narcisista também, que cultiva o individualismo e o "salve-se quem puder", onde em vez de se dar uma boa  e breve"palmada" na hora certa na criancinha birrenta, se  resolve ora condescender com mimos exagerados, ora desprezar, dando o tal "tratamento do silêncio", a tal "Indiferença"  que o Dr. Vaknin explica brilhantemente no video e no seu livro e que depois a criancinha assimila como arma de defesa para si.
Sabemos que é difícil reverter o "pepino" mal torcido na infância, mas que não é totalmente impossível, graças à inteligência e vontade de superação do Homem. Há quem o tenha conseguido, com persistência e coragem, com auto-correcção diária e meditação, sobretudo com grande HUMILDADE e auto-conhecimento para evitar entrar de novo em deslumbre "suicida" perante um reflexo nas águas, que afinal NÃO é o seu verdadeiro EU: como fez, para sua desgraça, o Narciso do Mito, fechando-se ao Mundo e aos outros até definhar.
Só ele próprio pode inverter a sabotagem da sua vida. Com ajuda, mas com consciência de que é ele, Narcisista , e não o Mundo inteiro, que tem de optar pela  mudança.
Um dos exemplos de Narcisista que foi bem sucedido a superar-se é precisamente o Dr. Sam Vaknin, que agora ajuda os outros e conta o que aprendeu no livro: "Malignant Self-Love:Narcissism Revisited" e em diversos videos.
Acredito que quem for suficientemente inteligente, sem se tentar a ser manipulador, quem tiver humildade, sem cair na auto-comiseração, poderá enfrentar este problema, no dia-a-dia e levar uma vida mais harmoniosa e feliz e com o apoio da família e amigos, que aprenderá a valorizar e apreciar.Visto ser  um problema que, como já disse, não afecta só o próprio mas, em cadeia, muito mais gente, é esse um dos meus votos , utópicos mas não impossíveis, de um melhor Ano Novo para o Mundo!
( NOTA: o título do post foi roubado à já clássica embora recente graphic Novel homónima, do ilustrador canadiano Seth, editado pela "Drawn and Quartely". Uma maravilhosa obra de moderna banda-desenhada, de comover até às lágrimas, sobre a importância bem relativa de os nossos sonhos mais ambiciosos virem a coincidir com o nosso destino, para sermos felizes. Tal como diz o título, a vida pode ser boa, desde que não se fraqueje, entendendo-se o fraquejar  não pela ausência de orgulho mas pelo perder das perspectivas sobre o que é mais importante na vida e... por vezes, pelo  fraquejar...da mente. Belíssimo livro que recomendo e até vou relendo !)
E, para quem for narcisista,... aqui seguiu uma boa "dose de  atenção" (das "boas", sem qualquer ironia),por escrito e  com votos de Boas Festas! ;))
Margarida Alegria (28-12-2012)

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