Já tivemos seis longos anos da "determinação" socretina. Pensava que a forma como o país acabou por ficar farto desse estilo de (des)governar tivesse bastado para que futuros governantes ENTENDESSEM que o suave povo português até tem a mania de apelar à memória do "botas" Salazar, mas que no fundo não gosta de ser comprimido por medidas de "meia bola e força", só pelo voluntarismo afogueado de um qualquer ministro ou secretário de Estado, movido apenas pela sua vontade de mostrar quem manda, ou pelo menos a de mostrar que se é "determinado" e "decidido" (Céus! Não ficámos todos fartinhos destes dois adjectivos para justificar medidas impensadas e perdulárias de Sócrates, MLR, e restante aquipa de buldozzers insensíveis?!).
No entanto, bastaram quatro ou cinco escassos meses de novo Governo para nele surgirem herdeiros desse tipo de atitude e casmurrice! E de haver uns ministros de agora a "clonar" os de outrora. Já muitos associaram a colagem do M. da Economia ao antigo da mesma pasta, Pinho dos "corninhos na AR", ou dos cortes de V. Gaspar a seguir as mesmas PECadas, digo, pegadas do seu antecessor Teixeira dos Santos. E saltou à vista de também existir uma espécie de "ministro sombra" ou clone do próprio PM. De Sócrates, até no vestir e na gravata será escusado lembrar quem era, o "braço direito" de S., Silva P, mais "soft". E havia outro de compleição diferente, mas que tomava o papel do "musculado" do governo, aquele que era Santos mas também Silva, SS como por vezes apelidado. Era o que bradava gostar de "malhar nos sujeitos e sujeitas" que lhes fizessem frente. Um pouco como antes existira J. Coelho, a coadjuvar Guterres. Tudo igual em estilo. Poderiamos recuar mais em desgovernos...
Temos portanto um ministro Relvas e de muita coisa junta, que engloba a reforma administrativa, mas que parece ter um pé em cada uma das outras pastas, pois não hesita em saltitar perante os microfones dos OCSocial, para opinar sobre tudo.
Pois hoje o voluntarioso e palrador Relvas... levou uma vaia monumental. E de quem? Dos representantes da Associação Nacional de Freguesias, reunidos em Congresso. (Ver AQUI).
E o motivo? Diz que não vai recuar perante o já decidido no estudo do famoso "Livro Verde" sob a sua tutela e juntar Freguesias a monte e a eito como aí está sugerido, em trabalho nitidamente de gabinete e de régua e esquadro.Nivelar tudo por igual, como se pudesse "juntar a bota com a perdigota", debaixo de um rolo compressor centralista!
Fazer tal coisa sem escutar os autarcas e as populações é não só de grande insensibilidade como de uma FALTA DE VISÃO absoluta!
Ainda domar os gastos das Autarquias e evitar, por exemplo, que as empresas municipais se multipliquem inutilmente, é aceitável e aconselhável, num país quase falido. Mas apagar freguesias enormes e com identidade muito própria, unindo-as a outras que também não "as querem" (e que portanto as secundizarão), cortando muitas vezes o último laço que une as populações ao interesse pelo seu país e pela política é uma grande estupidez, a não ser que a intenção seja mesmo a de evitar as mobilizações locais para futuro. E, se for esse segundo caso, então as medidas, patrocionadas pelo "Livro Verde" para as freguesias, serão puro terrorismo de Estado.
O desenvolvimento do Poder Local, o poder Autárquico, foi dos aspectos mais bem conseguidos e frutuosos da revolução do 25 de Abril. Apesar do multiplicar de alguns monos arquitectónicos, das fontes luminosas e das rotundas em algumas localidades, apesar dos autarcas "dinossauros" que o sistema permitiu e de alguns autarcas que engrossam os cadastros na polícia, com sacos azuis e malabarismos diversos, foi mais o que as localidades ganharam do que perderam.As nossas localidades de grande, média e pequena dimensão estão, de uma maneira geral, mais bonitas, mais limpas, mais restauradas,mais ordenadas, com mais vida. As que estão a ficar despovoadas tentam promover a atracção a novos habitantes, as mais populosas sabem que funcionam melhor se as suas populações tiverem melhores habitações e melhores estradas e também alguns divertimentos e atracções culturais.
Que o governo central tente conter despesismos, sou a primeira a aplaudir. Mas isso não será acabando a eito com freguesias, que afinal até são o parente pobre do poder local. Mas são a âncora do cidadão, não importa a idade, que quer que a sua voz seja escutada e não apenas auscultado de quatro em quatro anos, em eleições que já pouco lhe dizem. Jamais esquecerei aquela senhora de idade , de uma aldeia esquecida nas montanhas, a reclamar ao Presidente da Junta a colocação de um novo telheiro no lavadouro público. E o pobre homem a responder que não tinha dinheiro, mas a escutar e registar a queixa, tão válida como a dos cidadãos dos grandes munícipios ao reclamar uma piscina municipal. E via-se que a senhora sabia que alguém a considerava.
Aliás,tantas vezes o maior despesismo e fraca eficiência vem mais da parte do poder Municipal (mais longe da fiscalização das populações) do que do poder das freguesias!
A estratégia centralista, em teia-de-aranha, já levada avante em larga escala pelos governos socráticos, é profundamente errada, destrutiva e anti-democrática. E quem se reclamava diferente perante os eleitores, não deveria dar agora mais e mais do mesmo! Isto não é bairrismo. Vivi em muitas localidades de diferente dimensão,sem ganhar raizes de bairrismo mas o tempo suficiente para observar o que é despesismo das autarquias e o que é bem feito por elas. Fui a primeira a ir à minha junta alertar para o corte de árvores desnecessário e assassino por engenheiros mandatados por uma câmara e um projecto mais "global" do qual não se apurava o responsável. E sei que esse gesto(que hesitaria em ter se a freguesia fosse gigantesca) levou a salvar pelo menos outras árvores saudáveis que já estavam marcadas para a morte prematura. E isso só se verificou porque existia a minha freguesia, com funcionários interessados e competentes e o "poder de baixo para cima" funcionou.
A estratégia centralista, em teia-de-aranha, já levada avante em larga escala pelos governos socráticos, é profundamente errada, destrutiva e anti-democrática. E quem se reclamava diferente perante os eleitores, não deveria dar agora mais e mais do mesmo! Isto não é bairrismo. Vivi em muitas localidades de diferente dimensão,sem ganhar raizes de bairrismo mas o tempo suficiente para observar o que é despesismo das autarquias e o que é bem feito por elas. Fui a primeira a ir à minha junta alertar para o corte de árvores desnecessário e assassino por engenheiros mandatados por uma câmara e um projecto mais "global" do qual não se apurava o responsável. E sei que esse gesto(que hesitaria em ter se a freguesia fosse gigantesca) levou a salvar pelo menos outras árvores saudáveis que já estavam marcadas para a morte prematura. E isso só se verificou porque existia a minha freguesia, com funcionários interessados e competentes e o "poder de baixo para cima" funcionou.
Muitas freguesias têm hoje excelentes postos de atendimento, inclusivé para tratar de documentação. Criam centros de dia e creches, não constroem bairros sociais mas cuidam dos seus espaços comuns e verdes e batalham para que zonas mais periféricas dos municípios sejam escutadas. E as pessoas,os cidadãos portugueses, dos mais novos aos mais velhos, têm ideias a sugerir, têm opiniões a ter em conta tem o amor à sua terra, às suas ruas e ao clima humano das suas freguesias, que podem fazer a diferença entre tomar decisões PRECIPITADAS e optar por alternativas mais criativas, mais consensuais e tantas vezes até mais económicas.
Matar algumas freguesias é matar a alma de algumas pequenas localidades e matar algum associativismo. Dizer que a identidade cultural de, por exemplo, uma zona piscatória é "bairrismo", só porque os seus habitantes não sentem nada em comum com a nova freguesia, outrora campos e quintas, à qual vai ser anexada, chamar mero "bairrismo" à indignação dessa Freguesia é de uma estreiteza mental, a toda a largura e comprimento ( a três dimensões, até!) que não lembra a alguém que tenha a noção da antiguidade da nossa identidade portuguesa e da nossa cultura variegada!
Se é para poupar, atrevo-me a dizer, até, que talvez o tal super-poderoso Poder central é bem mais despesista, perdulário e inútil que o poder local! Quem é que andou a dar dinheiro público a bancos fraudulentos? Quem é que cria tanto Instituto Público, tanta comissão de estudos e tanto Observatório de Dá-cá-aquela-palha? Quem é que nem sequer faz o balanço anual das suas contas (já que o Estado afinal é uma Empresa!), em Dezembro ou Janeiro?
Aliás, se e fossemos a ver, taco a taco, quem saía a perder no serviço aos cidadãos?
O poder autárquico cria lojas do cidadão... o Poder Central fecha-as. O poder Local cria creches.. o Poder Central fecha maternidades e escolas. O poder Local vai conhecendo os seus concidadãos, falando com eles até na rua. O poder Central, esse, compra carros blindados de milhões para andar a alta velocidade e rodeia-se de "gorilas", mandando para o cesto dos papéis ou arquivando as reclamações e apelos mais deseperados do cidadão comum, deixando os ouvidos para os "lobbies" do costume.
O poder local ajuda a angariar cabazes solidários para os mais carentes. O Poder Central vai cobrando impostos (para fazer mais estradas por onde entram os camiões espanhóis)... e espera que instituições de voluntários como o Banco Alimentar e a Cáritas vão fazendo o resto!
Espero que um rasgo de lucidez passe pelos olhos vivaços e nervosos do Ministro Relvas e que este ESCUTE os MUNICÍPIOS escute as FREGUESIAS, sem "determinações" doentias e precipitadas, pois está em causa um dos pilares da nossa Democracia e da nossa Identidade como País. Lembre-se dos ditados populares: "a pressa é má conselheira", "quanto mais depressa mais devagar"...
E lembre-se que frequentemente querer poupar leva a gastar mais, porque, se um dia quiserem inverter a situação tudo será muito mais CARO!
Pois o BARATO SAI CARO, tantas vezes!
Margarida Alegria (3-12-2011)
Pois é. Entre as muitas coisas que não consigo perceber é como é que num país que insistem em considerar democrático,meia dúzia de parvalhões, à vez, decidem os destinos de todos os outros cidadãos! E também não percebo como é que esses mesmos cidadãos permitem!
ResponderEliminarSubscrevo, professora. É um dos grandes males nacionais.
ResponderEliminarSó nos deixam participar nesta farsa de democracia de 4 em quatro anos e mesmo assim nem as mais fortes promessas eleitorais cumprem, tal já é a desfaçatez do sistema.
Talvez venha a ser já o tempo de sermos mais participativos como cidadãos, assinando e promovendo, por exemplo, Iniciativas Legislativas de Cidadãos ou intervindo nos órgãos de decisão de proximidade, interpelando e criticondo o que queremos que melhore e incentivando o que achamos correcto.
Deviamos ser assim em tudo. Até nos relacionamentos pessoais. Se um e outros tivéssemos a coragem de enfrentar os problemas e a humildade de escutar e saber emendar, tudo correria melhor, a todos os níveis.
Obrigada pela contribuição e apareça sempre! :)