quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cigarras ,formigas e outros "Velhos Contos"(TRÊS cartoons da Série "Velhos Contos, Novos Tempos...")

(c) Margarida Alegria(Setembro/2012, in blog "Alegrias e Alergias")
Três cartoons e segue-se um  texto.
(c) Margarida Alegria(Setembro/2012, in blog "Alegrias e Alergias")
(c) Margarida Alegria( Janeiro-Setembro/2012, in blog "Alegrias e Alergias")
Para alegrar um pouco estas páginas, finalmente de volta aos cartoons, como prometido, depois de vários posts essencialmente de "causas" mais específicas (manifestações, vigílias...).
Amanhã saem mais dois, da série "Jejé e Companhia" e outros garotos desgovernados, dedicado ao pequeno Vitinho e sua avaliação e tarefas. Seguir-se-á a do Pepé e todos os outros miúdos terão vez, com destaque para o Migas, o Varito, mas também o Pauleco ... e com uma breve reaparição do  próprio Jejé, que se julgava livre de Avaliação, lá pelo colégio interno em terras de França. Mas então verão. O tempo e o ânimo escasseiam para finalizar alguns, porém o balanço de um ano "escolar" dos petizes tem de ser feito, não é?
Hoje optei por recuperar outros esboços quase finalizados para a outra série, a dos "Velhos Contos, Novos Tempos...", um deles já do início do ano mas que (por lapso...) ainda não publicara. Os  três cartoons estão por ordem inversa à cronológica, começando pelo mais recente, de um assunto dos últimos dias. O segundo andou a ser esboçado todo o Verão, tendo um último retoque  de "organdi" das últimas semanas. O terceiro era o tal esquecido, esboçado aquando da privatização da EDP e do escândalo das nomeações (pelos accionistas maioritários, do Império do Sol) para administradores semi-reformados pagos a peso de ouro.
Recapitulando:
o PRIMEIRO, obviamente glosando a fábula da Cigarra e da Formiga, mas sem esforço de adaptação, pois o próprio governante deu o mote com todas as letras: um tal Miguel de Macedo, ministro da Administração Interna de voz metálica, disse aquela primeira frase há dois dias, sem tirara nem pôr. Alegou mais tarde  que quisera  gabar os empresários e outros empreendedores, mas o dislate caiu logo que nem bomba no país de sensibilidade  "em carne viva" , pois lembrou outras frases, até do nosso PM, sobre uns tais portugueses que eram "piegas", dos que eram gorduras do Estado e pesavam no orçamento da Administração Pública como "despesa" dos seus ... salários (leia-se: todos os Funcionários Públicos, geralmente mal pagos), sobre uma senhora de idade   a quem ele sugeria que pegasse numa enxada ( ainda antes de ser eleito, registado em video!) e outras pérolas da sensatez e  do tacto infindos revelados por este governo para designar a maioria dos portugueses por quem deveriam ser responsáveis e que deveriam defender e respeitar.
Cigarras são tantos dos  jovens boys "assessores-especialistas" , inexperientes contratados para os gabinetes,  bem  como boa parte dos políticos e desgovernantes que espoliaram Portugal ao longo de 38 anos da dita democracia.
 Cigarras disfarçadas de formigas são aqueles que continuam a reclamar "menos Estado" mas só para os outros --os que precisam de um bom Sistema Nacional de Saúde e S. Educativo, os que descontaram anos a fio para a Segurança Social e que vêem esse dinheiro andar por parte incerta (e quase entregue aos empresários, como queriam com a distorção da TSU)-- enquanto vivem de pedinchar e até exigir ao mesmo Estado dinheiro a rodos para as suas empresas ,tantas vezes de monopólio, ou para  as suas Fundações e contratos   "blindados" de PPPs. Há que pedir menos Estado para os pobres e classe média, para mais do bolo restar para continuar o banquete. Nisso consiste o tal pseudo-corte de "gorduras" e as inefáveis mas nunca devidamente definidas "mudanças estruturais", outro chavão do políticamente correcto tantas vezes regorgitado pelos comentadores da nação e "especialistas" lava-cérebros.
Sim outras cigarras serão esses que monopolizam a opinião dita pública e que, ressalvando alguns mais imparciais, cantam a sua cantiga a toda a hora, sabe-se lá a troco de que mesadas e de quem...
Bela cigarra insensível foi Passos Coelho, quando foi cantar, no espéctáculo de Paulo de Carvalho, o "Chamava-se Nini/ vestia de organdi e dançava..." , minutos depois de ter lançado as bombásticas medidas draconianas que foram a gota de água da "paciência" do povo, que "transbordou"  de indignação no passado dia 15 pelas ruas de todo o país
O SEGUNDO cartoon, que como vêem adapta o conto de Andersen "O Rei vai Nu": a situação geral com os palavrões que se infiltraram no nosso vocabulário, no último ano: Troika, "Ajustamento", o "regresso aos mercados"... seja o que isso for, quando lá voltarmos de cesto debaixo do braço mas bolsos vazios. E  sugerindo ainda os "cortes" o não sermos "como os gregos" (esses valdevinos que os troikas alegam que não pagam impostos! Como se dirá "cigarras" em grego?), embora já estejamos a segui-los em passos largos(por aplicarmos  a mesma receita suicida, que não resulta...), nós, os "bons alunos da Troika" e da senhora Merkel, até à miséria, à bancarrota final. E tantos outros palavões vazios e falsos, que podiam ser substituídos por uma frase só:  vampiros da "Transilvânia" transnacional alegarem uma dívida para sugarem um país inteiro.
Bem, o meu tom não está de facto muito alegre ou optimista, valha um sorriso que os cartoons consigam suscitar.
O TERCEIRO já expliquei acima. Lembram-se que na altura o Catroga alegou em entrevista que provavelmente fora escolhido pelos chineses numa espécie de catálogo com fotos e nomes conhecidos? Pois porque não poderá a nossa princesinha da nova versão do Conto de fazê-lo também, para não perde tempo? Não me lembro do nome do conto, mas é um em que uma princesa caprichosa recusava todos os seus pretendentes por serem velhos, novos, baixos ou altos etc e a quem o rei acabou por impôr o primieiro homem que passou pelo castelo, no dia seguinte. Há várias versões, desde o que foi escolhido inocentemente, ao que sabia ds decisão do rei e a "contornou" com esperteza para ganhar a noiva...
ATENÇÃO! Estas anotações não são para apelidar os leitores de "estúpidos", mas simplesmente para meu próprio registo e reflexão e ainda para algum leitor que possa viver em outras paragens e não esteja a par das peculiaridades deste nosso "rectângulo à beira-mar plantado".
Voltando a explicar a origem desta série de  cartoons (fi-lo algures, noutro post antigo): começaram no Facebook, para divertir amigos. Um bloquinho, o fundo de uma caneca de leite para desenhar a "moldura". O desenho miúdo encaixado no círculo (como reparam não dá margem para muito). E como Contos e fábulas tradicionais, tão antigas, são sempre actuais , quando pensados para certas situações e personagens dos diads de hoje.
Se quiserem ver os mais antigos, basta clicar no separador no cimo desta página e aceder a outra de título "Outros cartoons da Alegria", com arquivo do dito (é uma página ainda a ser aperfeiçoada).
Por outro lado, se quiserem aceder à colecção de cartoons que venho publicando (desta série e outros), basta clicar na etiqueta "Cartoons" (ao fundo do post, ou no índice Temático de todo o blogue, na coluna da direita).
E pronto, amanhã há mais. No entanto, como disse, da outra série, "Jejé e Companhia", também devidamente etiquetada.
Divirtam-se um pouco, dentro do possível, embora os tempos não estejam para largos raios de sol...
Margarida Alegria (26-9-2012, in blog "Alegrias e Alergias")

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Vigília frente a Belém: algumas reflexões enquanto decorre o Conselho de Estado


Já tinha bem adiantada uma outra reflexão que estava a redigir sobre a Educação e a Vigília (e outras iniciativas) por ela, mas hoje é uma espécie de dia D num salto em frente na nossa Democracia. Tem prioridade, pois, falar dos eventos deste dia e o texto sobre a Educação ficará bem para o fim-de-semana, junto a uma boa mão cheia de novos Cartoons ( desta vez é garantido, de tantos que já estavam rascunhados e outros mais recentes!) .
Decorre neste momento, há mais de duas horas (desde as 17h), no Palácio de Belém, uma reunião do  nosso Presidente com o seu Conselho de Estado, sobre a Crise dos últimos 15 dias.
À porta do palácio, nos jardins, à mesma hora, começou uma Vigília dos cidadãos, enquanto decorrer a reunião. Parece que começaram por entoar o "Acordai!", do maestro Lopes Graça, bem como os slogans principais da Manifestação nacional do passado dia 15. Deles se destacarão provavelmente o "Queremos a nossa vida de volta"....ou "gatunos!".
E o "Cavaco escuta, o Povo está em Luta!":
Por estar longe e impossibilitada de estar lá ou em outras vigílias ou acções um pouco por todo o país( Aliados no Porto, Évora, Faro, Aveiro..), optei por ACENDER UMA VELA, desde a hora do início da reunião e ouso a pequena sugestão  para que façam o mesmo em vossas casas. Podem não ser 21  como as pessoas que estão no Conselho de Estado (CE), mas uma ou duas, simbolicamente,para que haja bom senso respeito pelo povo  e amor ao país naquelas cabeças pensantes em Belém.
 O PR e outros políticos andaram toda esta semana a simular que a verdadeira razão do Conselho de Estado (CE) foi a "Crise política institucional" entre os dois partidos da Coligação PSD/ CDS-PP. Mas os portugueses espertos, a larga maioria , exceptuando o PM e alguns ministros, sabem perfeitamente que o que fez tremer os políticos foi a inequívoca recusa da continuação da Austeridade nestes moldes desvairados,  na Manifestação Nacional  do passado sábado, convocada pelo Facebook e sem manipulações partidárias,pelas ruas das principais cidades de Portugal. Cerca de UM MILHÃO de cidadãos de todas as condições sociais , idades e quadrantes políticos fez ouvir a sua voz.
Durante esta semana, políticos e alguns comentadores e cronistas andaram a disfarçar a coisa e a tentar desviar as atenções para as intrigas palacianas dos partidos e desgovernantes: que ministrosXPT e O concordavam ou não com as medidas anunciadas no dia 7 de Setembro por Passos Coelho, que pensava o PSD, que pensava Seguro e o PS, que pensava o parceiro de coligação, CDS-PP e, sobretudo, o seu líder,Paulo Portas, que ,no dia seguinte à manifestação, depois de um teatral "Tabu" sobre se alinhara ou não nas medidas, aproveitou para surfar na Onda da Manifestação. Tarde de mais já, a meu ver, pois saltou à vista o seu oportunismo "ao estilo de Maquiavel" e não o patriotismo que apregoava. Se não concordava, não deixaria que se fizesse tal anúncio. Se PPC fez o anúncio para dar o caso por consumado , à revelia de qualquer Concertação social e aconselhamento (o que me parece ter sido a razão da escolha estranha da data e hora, não tendo a Troika terminado a sua 5ª avaliação então!), então Portas deveria ter-se pronunciado logo e não esperar que a medida "colasse" e passasse despercebida aos cidadãos que eles julgavam anestesiados....
Já antes, A J Seguro, do PS, demorara séculos a reagir ao anúncio das (des)medidas.
Por seu lado, os ministros passavam culpas entre si, sacudindo responsabilidades na iniciativa, ficando Mota Soares, ministro da Solidariedade e  Segurança social mais entalado, mas outros andando nas bocas das notícias, em passa culpas igualmente entre os dosi partidos da coligação. Uma tristeza de se ver e que comprovou que a maior parte vive em tal redoma da politiquice partidária que não entendeu NADA do que o povo reclamara na Manifestação!
Paralelamente, PPC, Gaspar e até o pequeno Secretário de Estado, Moedas de sua graça, insitiam na "bondade" da sua nova receita para bem empobrecer o país, em entrevistas e colóquios vários: PPC dizia que  não vai alterar mas pode vir a "modelar" o aumento da TSU (Taxa social Única) para os trabalhadores, ficando de fora os mais pobrezinhos (até aos 700 euros de salário) e deixando o corte para os "ricaços" que ganham 700 Euros ou mais(classe média, como sempre, claro...)! Vítor Gaspar, que chamou à "modelação" outro "palavrão" que agora não  recordo..., na Alemanha, cinicamente ao seu estilo, gabou o civismo dos portugueses nas manifestações e teve a LATA de dizer que os cidadãos não pediram  o fim da intervenção da  Troika, mas o apressar das medidas de austeridade para depressa pagarem a dívida! (!!!!!!!!!!!!!!!). Deverá ganhar o prémio de tradutor do ano, o Gaspar! Por sua vez o Moedinhas,que rebaptizou a "Modelação" da TSU de "calibragem",  numa palestra aos empresários, passou um ralhete aos muitos empresários que haviam criticado a alteração da TSU! Alegou que esses eram as empresas pouco dinâmicas, que temiam que esta medida fosse colocar à sua frente os outros empresários mais arrojados, como o Governo gosta, que aproveitariam bem a medida! Foi de arregalar os olhos ver a reportagem e escutá-lo e ver as risotas disfarçadas dos presentes! :///
Ontem os partidos da coligação reuniram-se e resolveram... criar uma CCC, Comissão de Coordenação da Coligação, ou seja, um "grupo de trabalho" para se espiarem e controlarem uns aos outros. Lindo!
Entetanto, lá remendaram mais umas medidas, para taxar os bens de luxo. Corajosos, hen?: passaram a taxa de 25% para uns fortes e implacáveis... 26,5%!!! UAU!!!! Mas incluem nesses bens taxados... as Contas a Prazo! UAU... suponho que todas! Equidade! Equidade!
Portanto,  uma semana vergonhosa esta, para os governantes, a culminar esta manhã no Parlamento, onde PPC parecia o desaparecido José sócrates seu antecessor, mas em versão mais suave: o gabar-se da DETERMINAÇÃO, o culpar de tudo os seus antecessores (em parte verdade, mas algo que prometera não fazer), o autismo em relação às questões colocadas pelos deputados, a graxa desmedida e questões combinadas com os deputados da coligação... uma tristeza. Seguro esteve um bocado mais dinâmico que o habitual, mas não se consegue descolar da sua imagem de "abstenção violenta" com que foi deixando passar más leis  laborais e outras, nem o fantasma do desvairado Sócrates e de como nunca teve a coragem de o enfrentar a sério quando devia...
Espero que os Conselheiros de Estado tenham eles compreendido na totalidade o sentir do País, pelo menos pelos muitos mais anos de vida em média e bastantes mais anos de experiência política, muitos deles em tempos agitados. Que façam valer o que custam a Portugal , na reunião, que espero que seja longa, discutida e suada e não um cházinho de "tias" da nação.
No entanto não espero grande coisa deste CE. Daí acender a vela que mencionei. A ver vamos.
Que se lembrem que o que os portugueses, sob o pretexto de um PM e Governo obcecados em serem vistos como "bons alunos" da Troika "lá fora", não admitem continuar a ser usados como COBAIAS, ratinhos de laboratório para experiências de macroeconomia nunca testadas, nem em pequena escala, muito menos num país inteiro!
Não tenho tenho grande esperança nestes conselheiros, onde grassam tantos que têm enriquecido e vivido às custas do Sistema da nossa democracia (vá lá, já não são Conselheiros Almeida Santos nem Dias Loureiro!).
Poucos são os mais impolutos, caso de um Ramalho Eanes, que recusou ascender a Marechal com as sua prebendas, ou talvez o Provedor de Justiça, ou o presidente do Tribunal de Justiça . Embora lento e dúbio em tantas decisões.
Até a sorridente e ainda jovem Presidente da Assembleia é uma das recordistas de políticos  Reformados no activo. E ainda outra senhora, ex-ministra da saúde que outrora se deveria ter demitido e julgada por cumplicidade no caso dos hemofílicos que morreram (vítimas dos lotes de sangue contaminado com VIH/SIDA, com conhecimento da senhora, lembram-se?). E há ainda os fanfarrões jardinescos,ou os comentadores encartados mas que fugiram de responsabilidades de  exercerem o poder,  ou todos os que já governaram nestes 38 anos e que foram iniciando  este processo de destruição de direitos... que tenham devoção pelo Pais agora e esqueçam os seus próprios interesses, ao menos pensando nos netos, não concordam?
E há os casos daqueles mais oportunistas embora com algumas qualidades noutros domínios, caso de LF Menezes que de certeza vai dar ainda mais graxa a PPC, para que este o continue aapoiar para concorrer a Presidente da Câmara do Porto...
Os pesos na balança da Sabedoria  no CE não caem muito a favor da Soberania do Povo...
Fala-se em remodelação do Governo... Que adiantaria?!
Usar o Gaspar como bode expiatório e remodelá-lo
 ?! Areia para os olhos! (alguns jornais já lhe estão a "fazer a folha", os mesmos que antes o achavam o máximo e um Guru. Não simpatizo com o senhor, não o acho "kiduxo" na lentidão, mas sempre o achei cínico e  li a sua  "lentidão" como mera sobranceria pelos deputados e pelo povo, do alto da sua famosa folha Excel (hoje parece que levou toda a parafrenália para explicar as suas ideias e números, em Power points e plasmas), no entanto, penso que ali o mais fanático é PASSOS COELHO, pois Gaspar é apenas um frio técnico que experimenta em modelos. Fanático , ignorante e deslumbrado com Merkel e estes gurus da Escola Godman-Sachs, repito, é Coelho! Escrevam!
Também não alinho com a tal calibragem da TSU. O truque do costume: anúncio alarmista... "calibragem" nuns detalhes para manter a Canga sobre o Zé-povo e classe Média...Comparem quem mais paga TSU entre os trabalhadores europeus. Só a Alemanha e a Áustria, mas com outras compensações e regalias!
ALGUMAS IDEIAS:
Cortem nas mordomias do estado, "desblindem" os contratos perdulários das PPPs, deixem de pagar às fundações particulares e cobrem alguns impostos a parte delas. Especialmente as fictícias para fugir aos impostos(a cada 12 dias nasce uma nova fundação, e, Portugal e não costumam ser fiscalizadas, uma festa!). Acabem com as que não têm mecenas ou verbas próprias!
Não permitam que as empresas coloquem a sede em países estrangeiros e taxem o dinheiro que "voa" para off-shores, incentivando quem deposita cá.
 Passem a ir de transportes públicos para os ministérios. Deixem de contratar consultores de luxo externos e aproveitem a muita qualidade de tantos funcionários que estão já a Administração Pública e que são exemplo de dedicação generosa e honesta à causa pública. Diminuam os salários e ajudas de Custo aos assessores e gestores públicos. Deixem de pagar o buraco do BPN e do BPP... Renegoceiem os prazos e juros da dívida e separem o que é mesmo dívida Pública do que é dívida privada emcapotada, fazendo-a pagar por quem a criou. E prendam os políticos e gestores mais criminosos nos buracos criados, confisquem-lhes os bens, em vez de continuarem a mentir  e acusar os cidadãos honestos de terem vivido Acima das suas possibilidades! Os desgovernantes é que têm andado a viver à custa do Estado e  a gozar connosco ACIMA das NOSSAS possibilidades!E dizem que não damos alternativas? Eis aqui algumas!
Em suma, senhores conselheiros,
não se deixem levar nas conversas dos mesmos de sempre e pensem que se aprovarem disparates, o povo vai voltar a dizer ainda com mais força:
(e sugiro aos portugueses que, caso a pantominice continuar,que coloquem um pano negro ou branco com a palavra "basta" às varandas, como quando se colocou a bandeira portuguesa nos futebóis. E até um acrescento, parafraseando o célebre "qual das palavras "Não Há dinheiro" não entendeu?".... de V. Gaspar: "Qual das letras da palavra "BASTA" é que não entenderam?"
Por agora, como milhões de portugueses, cá fico à espera, com as minhas velitas acesas de alguma esperança, na minha vigília.....
Margarida Alegria (21-9-2012, in blog "Alegrias e Alergias")

Enquanto decorre o Conselho de Estado, um Prelúdio Musical:Cantiga para quem Sonha - Luiz Goes


(Luiz Goes,Cantiga  para quem  Sonha"; video de  Cristina C. Gil,2011)
Na homenagem tardia a Luiz Goes ,falecido há dois dias , o maior dos intérpretes de Fados de Coimbra (e mais famoso,exceptuando  José Afonso).
Há muitos anos que não escutava este tema um dos mais cantados nos Campos de férias, para além  do"Canto Moço" do referido Zeca Afonso.
A letra é sempre actual  e adequada aos dias que correm não acham?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Anteontem: Segunda Vigília Pela Educação(17-9-2012-Sic)



(Vigílias no Porto e em Coimbra contra a nova estrutura curricular, formação de mega-agrupamentos e pela vinculação dos professores contratados, dia 17 de Setembro de2012,  notícia na SIC)

A tal  a que  não pude ir.. :(((
100 participantes  no Porto e 30 em Coimbra?! :(
E  também decorriam em Braga e em Lisboa....porque não mencionaram? A mesma apatia docente de sempre pelas bandas da capital! Concordam com estas políticas que estão a destruir   a Escola Pública?! Custa muito sacrificar 4 horas   e  abdicar das novelas? Não há meio de entender... Na Educação, tal como na luta contra as "desmedidas" das Finanças nacionais, precisamos   de ser persistentes a manter acesa a chama destes  protestos ...
Ah... mas muitas pessoas gostam de milagres e de salvadores instantâneos, não é?
Esquecem  a lição fundamental: nas Causas, como na nossa Vida, o nosso "Salvador" devemos ser nós próprios, mas tomando parte  no que se organiza de interacção entre pares.... Até os bandidos das  quadrilhas ,  financeiras ou outras, sabem isso muito bem.
É como dizia "o outro": o Bem venceria, se os bons dedicassem tanto empenho ao Bem quanto os maus dedicam ao Mal. (a frase não é  bem assim, mas fica a ideia. O autor é muito famoso mas agora passou-me...).
Amanhã dedico mais tempo a reflectir sobre estas iniciativas de Professores, com fotos da primeira Vigília, em Julho passado. Agora estou demasiado desiludida, embora ao mesmo tempo contente com a dignidade e a participação variada que pude ver nas imagens (alunos, pais... vá lá...) Força, MJ , I. , JP e restantes amigos/as.
Ai Portugal, Portugal.... :((
Deixo aqui o texto do Comunicado desta  segunda Vigília:
"Estamos aqui para provar ao senhor Ministro da Educação e à sociedade civil que estamos unidos e que acreditamos na escola pública, numa escola para todos e não apenas para alguns;
- Estamos aqui para dizer, neste que foi o PRIMEIRO DIA DE AULAS em muitas escolas, que as coisas não estão bem nas Escolas e que é necessário contar a toda a gente o que realmente se passa dentro delas:
- Tal é a desorganização nas escolas que muitos dos horários dos docentes foram concluídos até à última hora;
- Existem professores com 10 ou até mais turmas, cada uma podendo ter até 30 alunos, o que poderá perfazer cerca de 300 alunos por professor;
- Que esse elevado número de alunos por turma compromete seriamente o apoio individualizado aos mesmos, o seu sucesso educativo e inclusive fomentar casos de indisciplina. A própria OCDE refere num relatório divulgado há dias que o aumento do número de alunos por turma piora o nível da educação;
- Constatar que existe uma escola dirigida por uma política de medo, cujos professores são seus reféns;
- Que os mega-agrupamentos, escolas que custaram milhões ao erário público, não têm dinheiro para pagar os seus custos operacionais mensais. Estas escolas, com milhares de alunos sem a supervisão devida, em vez de se regerem por uma proximidade entre direção, professores, alunos e restante comunidade educativa, são cada vez mais desumanizadas.
- Estamos aqui porque um dos grupos mais afetados a nível de estatística do desemprego são os professores, que de um ano para o outro… deixaram de poder trabalhar, embora sejam necessários nas escolas. Aliás, Nuno Crato tem referido repetidamente que, nos últimos anos, o número de alunos tem diminuído, apresentando esta justificação para o corte no número de professores este ano letivo. No entanto, os dados oficiais DESMENTEM esta justificação ministerial: a Direção-Geral de Educação refere que o número de alunos aumentou nos últimos 3 anos; também a OCDE prevê um aumento de 10% dos alunos entre os 15 e os 19 anos, em 2015, em comparação com a última década. Isto, já para não falar no número de alunos que, devido à crise económica que vivemos, tem passado do ensino privado para o público.
- Estamos aqui para dizer BASTA… Não somos os bodes expiatórios da crise. Esta situação em que milhares de professores se encontram é o fruto de políticas educativas falhadas de sucessivos governos e dos seus experimentalismos.
- Estamos aqui para contestar as políticas educativas que são erradas, puramente economicistas e que, visto sermos nós que as colocamos em prática diariamente nas escolas, queremos ser ouvidos e queremos desde já a REVOGAÇÃO DA REVISÃO CURRICULAR e um AMPLO DEBATE sobre o assunto.
- Estamos aqui, neste movimento cívico, para demonstrar a nossa INDIGNAÇÃO e decidir o que queremos fazer com a nossa LUTA e ouvir-vos a vós: Professores, encarregados de educação e restante sociedade civil porque, seja aqui ou de outra forma, entre a inação e a ação, nós preferimos a ação.
Para terminar, gostaria de dizer que estou com a terrível sensação de que, iniciado o ano letivo e ultrapassada a oposição inicial dos mais resistentes, se os professores deste Portugal não demonstrarem que estão descontentes com as políticas educativas deste Governo, os que estão fora do sistema não passarão de distantes memórias e a Escola Pública, tal como a conhecíamos, desaparecerá.
Digamos de uma vez por todas: BASTA."

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Nova Vigília pela Educação- Daqui a pouco!


O "Eu vou" do cartaz desta vez não será possível, pelos mesmos motivos da minha não ida à manifestação Nacional de Sábado passado, 15 de Setembro.
E mais uma vez com muita mágoa minha. Mágoa tripla:
- por estar impossibilitada de participar, como gosto de fazer sempre posso, nestes eventos, nos últimos anos;
-por saber qure ao não ir irei contribuir para a redução do número dos participantes, numa classe docente que parece ainda mais  desunida, passiva e apática  perante o esmigalhar dos seus Direitos do que a população em geral...;
- pela razão imediata, derivada da palavra "mágoa/magoar" em si, que me prende em casa e curtos arredores.
Ainda pensei ir  na mesma,no estilo "custe o que custar" (mas livre de impostos), fiada em momentâneas melhoras no fim-de-semana, achando que, como é uma Vigília e não uma marcha, até poderia lá estar,sem esforços demais coisa e tal... Mas o maldito bom senso venceu e algum retrocesso poderia de facto surgir do esforço  a que uma verdadeira Vigília sempre compromete (vou ter saudades do meu pequeno "clube dos Cinco" e de todos os colegas amigos que por lá iria reencontrar).
A minha família olha com alguma preocupação o meu activismo em geral, mas sei que desta vez iria ouvir "das boas" por me meter nesta aventura.Da família e do médico. Piorar não quero de facto. Ainda quero vir a poder "pedalar muito" nestas andanças (já que se prevê que as desgraças nacionais e para a Escola Pública  ainda não vieram todas...). Vou poupar-lhe, à minha família, mais essa preocupação extra. :-/
MAS FAÇO UM APELO. Espero que os colegas tenham consciência e adiram em massa. E também os pais e todos os que se preocupam com a Educação Pública em Portugal.Aproveitem até o balanço do dia 15 de Setembro! Não se pode esmorecer, como os desgovernantes pretendem dos cidadãos que desprezam constantemente. Vejam o horário. Em Lisboa é frente ao Parlamento e no Porto é na Praça da Liberdade.
Bem... quem sabe se, até daqui a pouco ainda me dá para a "extravagância" e... acabo por ir... :-P

sábado, 15 de setembro de 2012

15/SETEMBRO/2012 - UNIDOS CONTRA A TROIKA, TODOS NA RUA!



Com grande pena minha, desta vez estou impedida de ir. Com "peias" mesmo!
 Mas   o meu coração está com todos os meus concidadãos que se vão manifestar (a partir desta hora mesmo), com toda a justiça e indignação legítima que já tardava a vir à tona!
Então? Acham que há mais lugar para tolerância e contemplações? Eu não. Prezo muito a Justiça e revoltam-me os regimes e as pessoas que praticam a Injustiça, contra os seus governados, contra os outros seres humanos em geral, especialmente contra aqueles que mais pacientes são... Que querem, é um nervoso miudinho que me dá nessas situações e não me calo. Acabo a sofrer com isso, mas não me importo ("A razão mesmo vencida/ não deixa de ser Razão", como diz o poeta Aleixo). Blargh para todos vocês, seres injustos, social e pessoalmente! Nem que tenham a lata de se esconderem por detrás da mentira , da falsa valentia,da manipulação insensível e  da arrogância oca que aprenderam a cultivar  desde jovens nas vossas emproadas viditas...
Junto também dua excelentes cartas abertas que aí circulam. A ler. Sublinho que não são minhas, mas subscrevo-as, de duas gerações diferentes que são.Como diz o escritor Eugénio Lisboa numa das cartas, também eu me sinto "exilada no meu próprio país" e a sensação é horrível, creio que a maioria dos que aqui passam também o sentem. Usurpados nos nossos direitos de cidadania e Liberdade...
Aqui vou torcer para que os portugueses façam valer a Liberdade que nos resta neste protesto!
Obrigada Paula (video) e Sílvia (cartas). São umas querida amigas! Seres humanos Cinco Estrelas e não "pálidos" projectos de  seres humanos, desses infelizes feitos de papelão ou megabytes...
O cartaz da manif. em Lisboa(mas há mais umas dezenas de cidades a convocar, de Norte a Sul do país):

(riem-se de quê?! O  cínico e sinistro Gasparov rir-se-á ao ritmo zombie também? aqui parece bem celerezito, a gozar com Portugal de outra forma...)
E AS CARTAS:
1ª- "Vão-se foder"
"Descobri este texto de uma portuguesa de 32 anos, uma cidadã que diz o que sente e pensa a partir da sexta-feira passada. É um texto impressionante, que vivamente recomendo. Leiam, por favor, até ao fim.

"Vão-se foder.
Na adolescência usamos vernáculo porque é “fixe”. Depois deixamo-nos disso. Aos 32 sinto-me novamente no direito de usar vernáculo, quando realmente me apetece e neste momento apetece-me dizer: Vão-se foder!
Trabalho há 11 anos. Sempre por conta de outrém. Comecei numa micro empresa portuguesa e mudei-me para um gigante multinacional.
Acreditei, desde sempre, que fruto do meu trabalho, esforço, dedicação e também, quando necessário, resistência à frustração alcançaria os meus objectivos. E, pasme-se, foi verdade. Aos 32 anos trabalho na minha área de formação, feliz com o que faço e com um ordenado superior à média do que será o das pessoas da minha idade.
Por isso explico já, o que vou escrever tem pouco (mas tem alguma coisa) a ver comigo. Vivo bem, não sou rica. Os meus subsídios de férias e Natal servem exactamente para isso: para ir de férias e para comprar prendas de Natal. Janto fora, passo fins-de-semana com amigos, dou-me a pequenos luxos aqui e ali. Mas faço as minhas contas, controlo o meu orçamento, não faço tudo o que quero e sempre fui educada a poupar.
Vivo, com a satisfação de poder aproveitar o lado bom da vida fruto do meu trabalho e de um ordenado que batalhei para ter.
Sou uma pessoa de muitas convicções, às vezes até caio nalgumas antagónicas que nem eu sei resolver muito bem. Convivo com simpatia por IDEIAS que vão da esquerda à direita. Posso “bater palmas” ao do CDS, como posso estar no dia seguinte a fazer uma vénia a comunistas num tema diferente, mas como sou pouco dado a extremismos sempre fui votando ao centro. Mas de IDEIAS senhores, estamos todos fartos. O que nós queríamos mesmo era ACÇÕES, e sobre as acções que tenho visto só tenho uma coisa a dizer: vão-se foder. Todos. De uma ponta à outra.
Desde que este pequeno, mas maravilhoso país se descobriu de corda na garganta com dívidas para a vida nunca me insurgi. Ouvi, informei-me aqui e ali. Percebi. Nunca fui a uma manifestação. Levaram-me metade do subsídio de Natal e eu não me queixei. Perante amigos e família mais indignados fiz o papel de corno conformado: “tem que ser”, “todos temos que ajudar”, “vamos levar este país para a frente”. Cheguei a considerar que certas greves eram uma verdadeira afronta a um país que precisava era de suor e esforço. Sim, eu era assim antes de 6ª feira. Agora, hoje, só tenho uma coisa para vos dizer: Vão-se foder.
Matam-nos a esperança.
Onde é que estão os cortes na despesa? Porque é que o 1º Ministro nunca perdeu 30 minutos da sua vida, antes de um jogo de futebol, para nos vir explicar como é que anda a cortar nas gorduras do estado? O que é que vai fazer sobre funcionários de certas empresas que recebem subsídios diários por aparecerem no trabalho (vulgo subsídios de assiduidade)?… É permitido rir neste parte. Em quanto é que andou a cortar nos subsídios para fundações de carácter mais do que duvidoso, especialmente com a crise que atravessa o país? Quando é que páram de mamar grandes empresas à conta de PPP’s que até ao mais distraído do cidadão não passam despercebidas? Quando é que acaba com regalias insultosas para uma cambada de deputados, eleitos pelo povo crédulo, que vão sentar os seus reais rabos (quando lá aparecem) para vomitar demagogias em que já ninguém acredita?
Perdoem-me a chantagem emocional senhores ministros, assessores, secretários e demais personagem eleitos ou boys desta vida, mas os pneus dos vossos BMW’s davam para alimentar as crianças do nosso país (que ainda não é em África) que chegam hoje em dia à escola sem um pedaço de pão de bucho. Por isso, se o tempo é de crise, comecem a andar de opel corsa, porque eu que trabalho há 11 anos e acho que crédito é coisa de ricos, ainda não passei dessa fasquia.
E para terminar, um “par” de considerações sobre o vosso anúncio de 6ª feira.
Estou na dúvida se o fizeram por real lata ou por um desconhecimento profundo do país que governam.
Aumenta-me em mais de 60% a minha contribuição para a segurança social, não é? No meu caso isso equivale a subsídio e meio e não “a um subsído”. Esse dinheiro vai para onde que ninguém me explicou? Para a puta de uma reforma que eu nunca vou receber? Ou para pagar o salário dos administradores da CGD?
Baixam a TSU das empresas. Clap, clap, clap… Uma vénia!
Vocês, que sentam o já acima mencionado real rabo nesses gabinetes, sabem o que se passa no neste país? Mas acham que as empresas estão a crescer e desesperadas por dinheiro para criar postos de trabalho? A sério? Vão-se foder.
As pequenas empresas vão poder respirar com essa medida. E não despedir mais um ou dois.
As grandes, as dos milhões? Essas vão agarrar no relatório e contas pôr lá um proveito inesperado e distribuir mais dividendos aos accionistas. Ou no vosso mundo as empresas privadas são a Santa Casa da Misericórdia e vão já já a correr criar postos de trabalho só porque o Estado considera a actual taxa de desemprego um flagelo? Que o é.
A sério… Em que país vivem? Vão-se foder.
Mas querem o benefício da dúvida? Eu dou-vos:
1º Provem-me que os meus 7% vão para a minha reforma. Se quiserem até o guardo eu no meu PPR.
2º Criem quotas para novos postos de trabalho que as empresas vão criar com esta medida. E olhem, até vos dou esta ideia de graça: as empresas que não cumprirem tem que devolver os mais de 5% que vai poupar. Vai ser uma belo negócio para o Estado… Digo-vos eu que estou no mundo real de onde vocês parecem, infelizmente, tão longe.
Termino dizendo que me sinto pela primeira vez profundamente triste. Por isso vos digo que até a mim, resistente, realista, lutadora, compreensiva… Até a mim me mataram a esperança.
Talvez me vá embora. Talvez pondere com imensa pena e uma enorme dor no coração deixar para trás o país onde tanto gosto de viver, o trabalho que tanto gosto de fazer, a família que amo, os amigos que me acompanham, onde pensava brevemente ter filhos, mas olhem… Contas feitas, aqui neste t2 onde vivemos, levaram-nos o dinheiro de um infantário.
Talvez vá. E levo comigo os meus impostos e uma pena imensa por quem tem que cá ficar.
Por isso, do alto dos meus 32 anos digo: Vão-se foder"


2ª- CARTA DE EUGÉNIO LISBOA AO P.-M.
CARTA AO PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL

Exmo. Senhor Primeiro Ministro

Hesitei muito em dirigir-lhe estas palavras, que mais não dão do que uma pálida ideia da onda de indignação que varre o país, de norte a sul, e de leste a oeste. Além do mais, não é meu costume nem vocação escrever coisas de cariz político, mais me inclinando para o pelouro cultural. Mas há momentos em que, mesmo que não vamos nós ao encontro da política, vem ela, irresistivelmente, ao nosso encontro. E, então, não há que fugir-lhe.

Para ser inteiramente franco, escrevo-lhe, não tanto por acreditar que vá ter em V. Exa. qualquer efeito — todo o vosso comportamento, neste primeiro ano de governo, traindo, inescrupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! — mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência. Tenho 82 anos e pouco me restará de vida, o que significa que, a mim, já pouco mal poderá infligir V. Exa. e o algum que me inflija será sempre de curta duração. É aquilo a que costumo chamar “as vantagens do túmulo” ou, se preferir, a coragem que dá a proximidade do túmulo. Tanto o que me dê como o que me tire será sempre de curta duração. Não será, pois, de mim que falo, mesmo quando use, na frase, o “odioso eu”, a que aludia Pascal.

Mas tenho, como disse, 82 anos e, portanto, uma alongada e bem vivida experiência da velhice — a minha e da dos meus amigos e familiares. A velhice é um pouco — ou é muito – a experiência de uma contínua e ininterrupta perda de poderes. “Desistir é a derradeira tragédia”, disse um escritor pouco conhecido. Desistir é aquilo que vão fazendo, sem cessar, os que envelhecem. Desistir, palavra horrível. Estamos no verão, no momento em que escrevo isto, e acorrem-me as palavras tremendas de um grande poeta inglês do século XX (Eliot): “Um velho, num mês de secura”... A velhice, encarquilhando-se, no meio da desolação e da secura. É para isto que servem os poetas: para encontrarem, em poucas palavras, a medalha eficaz e definitiva para uma situação, uma visão, uma emoção ou uma ideia.

A velhice, Senhor Primeiro Ministro, é, com as dores que arrasta — as físicas, as emotivas e as morais — um período bem difícil de atravessar. Já alguém a definiu como o departamento dos doentes externos do Purgatório. E uma grande contista da Nova Zelândia, que dava pelo nome de Katherine Mansfield, com a afinada sensibilidade e sabedoria da vida, de que V. Exa. e o seu governo parecem ter défice, observou, num dos contos singulares do seu belíssimo livro intitulado The Garden Party: “O velho Sr. Neave achava-se demasiado velho para a primavera.” Ser velho é também isto: acharmos que a primavera já não é para nós, que não temos direito a ela, que estamos a mais, dentro dela... Já foi nossa, já, de certo modo, nos definiu. Hoje, não. Hoje, sentimos que já não interessamos, que, até, incomodamos. Todo o discurso político de V. Exas., os do governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: mandar-nos para o cimo da montanha, embrulhados em metade de uma velha manta, à espera de que o urso lendário (ou o frio) venha tomar conta de nós. Cortam-nos tudo, o conforto, o direito de nos sentirmos, não digo amados (seria muito), mas, de algum modo, utilizáveis: sempre temos umas pitadas de sabedoria caseira a propiciar aos mais estouvados e impulsivos da nova casta que nos assola. Mas não. Pessoas, como eu, estiveram, até depois dos 65 anos, sem gastar um tostão ao Estado, com a sua saúde ou com a falta dela. Sempre, no entanto, descontando uma fatia pesada do seu salário, para uma ADSE, que talvez nos fosse útil, num período de necessidade, que se foi desejando longínquo. Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais — tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter, para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.

Já alguém, aludindo à mesma falta de sensibilidade de que V. Exa. dá provas, em relação à velhice e aos seus poderes decrescentes e mal apoiados, sugeriu, com humor ferino, que se atirassem os velhos e os reformados para asilos desguarnecidos, situados, de preferência, em andares altos de prédios muito altos: de um 14º andar, explicava, a desolação que se comtempla até passa por paisagem. V. Exa. e os do seu governo exibem uma sensibilidade muito, mas mesmo muito, neste gosto. V. Exas. transformam a velhice num crime punível pela medida grande. As políticas radicais de V. Exa, e do seu robôtico Ministro das Finanças — sim, porque a Troika informou que as políticas são vossas e não deles... — têm levado a isto: a uma total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página.

Falei da velhice porque é o pelouro que, de momento, tenho mais à mão. Mas o sofrimento devastador, que o fundamentalismo ideológico de V. Exa. está desencadear pelo país fora, afecta muito mais do que a fatia dos velhos e reformados. Jovens sem emprego e sem futuro à vista, homens e mulheres de todas as idades e de todos os caminhos da vida — tudo é queimado no altar ideológico onde arde a chama de um dogma cego à fria realidade dos factos e dos resultados. Dizia Joan Ruddock não acreditar que radicalismo e bom senso fossem incompatíveis. V. Exa. e o seu governo provam que o são: não há forma de conviverem pacificamente. Nisto, estou muito de acordo com a sensatez do antigo ministro conservador inglês, Francis Pym, que teve a ousadia de avisar a Primeira Ministra Margaret Thatcher (uma expoente do extremismo neoliberal), nestes termos: “Extremismo e conservantismo são termos contraditórios”. Pym pagou, é claro, a factura: se a memória me não engana, foi o primeiro membro do primeiro governo de Thatcher a ser despedido, sem apelo nem agravo. A “conservadora” Margaret Thatcher — como o “conservador” Passos Coelho — quis misturar água com azeite, isto é, conservantismo e extremismo. Claro que não dá.

Alguém observava que os americanos ficavam muito admirados quando se sabiam odiados. É possível que, no governo e no partido a que V. Exa. preside, a maior parte dos seus constituintes não se aperceba bem (ou, apercebendo-se, não compreenda), de que lavra, no país, um grande incêndio de ressentimento e ódio. Darei a V. Exa. — e com isto termino — uma pista para um bom entendimento do que se está a passar. Atribuíram-se ao Papa Gregório VII estas palavras: “Eu amei a justiça e odiei a iniquidade: por isso, morro no exílio.” Uma grande parte da população portuguesa, hoje, sente-se exilada no seu próprio país, pelo delito de pedir mais justiça e mais equidade. Tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis. Há nisto, é claro, um perigo.

De V. Exa., atentamente,

Eugénio Lisboa

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Setembro aqui, de novo....


(c )Margarida Alegria(Setembro de 2012, Portugal)
Em breve (muito breve) terão muitos e novos posts. Prometo também resposta a todos os comentários simpáticos que aqui fizeram nos últimos dias.Tenho estado com pouca ou nenhuma net, o que me trocou certas "voltas", mas o que até virá por bem, apesar de tudo.
 Para já tem sido prioritário apanhar muito sol , enquanto não o taxam também. Estar perto de quem nos quer bem (pelo menos de alguns). Retemperar forças para tanto que aí já cai em catadupa e nos espera. Com o passar dos anos aprendi a relativizar. E aprendi amargamente e em anos  recentes a não voltar a me deixar ludibriar, em matéria de atitudes, de sentimentos.  Cada vez mais me capacito: se há algo que "odeie" é o Egoísmo, a Crueldade, a Arrogância. Formas requintadas e supremas de Estupidez.
E isto não e fazer-me de vítima: já fui vítima de  FACTO de muita coisa e de muitos "bandidos", mas não invento isso e  admito-o e ouso lutar a sério contra a iniquidade. Ao contrário de quem se faz  vítima a toda a hora (talvez para se dar importância que não tem)  e se julga alvo de perseguição(!!!) de todos os ângulos, mas depois diz que não tem vocação para esse papel (suspiro... enfim!)...Ao menos soubessem  fazer verdadeiros balanços de vida e corrigir os erros enquanto podem... sarar algumas feridas dos outros...Mas há quem se recuse a aprender e a se arrepender. Quem se julga "superior"(até com direito a medir o  amor armando-se em ser "hiper-sensível"..),  eterno e com  manha para ludibriar a boa vontade alheia, os ainda ingénuos. Verdadeiramente triste, essas "Almas"... sem Luz, quando poderiam ter sol, nem que fosse de Setembro. Vidas azedas  e desperdiçadas  por mera estupidez. Mas sempre com gosto   em magoar o demais.  Vidas fátuas que podem ter  verdadeiros  paladinos a seu lado, mas que os tomam por garantidos e os  desprezam em troca de quimeras superficiais. Felizmente são aberrações pouco comuns. Só podem ser...
Setembro está de novo aí, com a sua melancolia e  surpresa.
Aí estaremos também. Com coragem. Fiquem com David Sylvian.