(ora ligue os pontinhos e o que dá? O circo habitual! Com jovens cobaias amestradas!) :((
Criei este blogue para ter o meu espaço internáutico criativo e crítico, sem interferências ou censuras alheias, para exprimir as minhas ideias e opiniões, as minhas alegrias e angústias. Pretendia que fosse um blogue com bastante humor, mas também com seriedade, sonho, esperança e ... as minhas "maluquices". Trataria dos meus temas de eleição, com principal destaque, claro, para a Educação.
Acontece ultimamamente as novidades do campo educativo estarem longe de serem alegres, sendo até, pelo contrário, bastante desanimadoras. Descoroçantes até.
Depois de seis anos de tentativa de massacre da reputação dos professores por Lurdes Rodrigues, Sócrates e " sus muchachos", houve uma ligeira nesga de esperança vindo do novo MEC, com promessas de que voltaria a centrar as Escolas no essencial, no ensino e valorização do esforço dos alunos, no respeito pelos docentes e pessoal ligado à educação, na simplificação da burocracia inútil que nos afogara e estrangulara nos últimos anos.
Pois bem, tudo isso não passou, pelo que vemos na prática, de mais ilusões e falsas promessas! Respeitar alguém, neste caso os professores, não é só tratar esse alguém com cortesia em cerimónias públicas ou ter um trato mais afável em entrevistas ou colóquios. Esse tom pode ser um pouco paliativo, depois da arrogância de MLR, mas isso já viramos na pose mais sorridente da sua sucessora Isabel Alçada. As políticas, essas, num caso como noutro, foram e continuam a ser de desrespeito, de invasão e alteração legislativa constantes, de mais burocracia, de mais "reunite aguda", mais exaustão causada a toda a comunidade educativa! Não nos deixam espaço para valorizarmos o que importa mais, o centrarmo-nos nas aulas e nas questões didácticas, no fundo... nos alunos!
Não, os alunos não são uma espécie de "clientes", como está aí em voga em visões de gestão ultraliberal, nem tão pouco os seus pais o são. Uma Comunidade Educativa verdadeira é a que engloba todos (alunos, professores, funcionários, pais, comunidade local), numa tentativa de educar as nossas crianças e os nossos jovens, naquela perspectiva do provérbio (chinês?) que diz que para educar uma criança é preciso toda uma aldeia.Não é a criação de mais organismos burocráticos com enorme peso do poder local, leia-se caciques locais, que tantas vezes só se preocupam com as escolas em períodos pré-eleitorais. Durante décadas, devagarinho, essa comunidades educativas foram surgindo, mais ou menos coesas, com maior ou menor participação de todos. Mas vem uma tutela, o Ministério, que ,hipocritamente apregoando o aumento de autonomia e o respeito, cada vez talha a golpes de foice essa mesma já parca autonomia, esse respeito já tão "trucidado".
Então é o dilúvio, que continua com este novo (des)governo. A todos os níveis reforçam a destruição do sistema educativo idealizado por dona Lurdes e vou listar apenas alguns aspectos:
-- regressa a politiquice partidária às escolas (erradicada poucos anos após o PREC), com a criação dos pomposos Conselhos gerais, desprestigia-se o peso do Conselho pedagógico (primeiro deixando de ter voto deliberativo das decisões da escola) e agora, com Crato e em normas de há dias, retirando(sem terem debatido) os representantes dos pais , dos alunos(do Secundário) e dos funcionários auxiliares do dito Conselho Pedagógico!
- Para além dos já discutíveis agrupamentos de Escolas, que chegaram a ser verticais , mas passaram a horizontais, vemos não só o NÃO abandonar da ideia mirabolante dos Mega-agrupamentos, mas ainda o agravar (por razões nitidamente economicistas, o que é um tiro no pé, pois vais sair mais caro ao país, a muitos níveis inclusivé o financeiro!) para" Hiper-Mega-agrupamentos", o que poderá levar a termos um director, com poucos assessores, para um conjunto de MILHARES de alunos, até há uns com mais de 9 mil!,abarcando escolas distantes de quilómetros, fazendo professores dar aulas em várias escolas, em itinerância e cansaço extra, fazendo os pais terem de tratar papéis dos filhos a kms e perderem a proximidade com a escola e quem ensina os filhos, ficando os alunos perdidos, alienados, feitos números anónimos numa escola que ficará muito mais impessoal; e tudo para pouparem uns tostões em directores, professores, funcionários de secretaria...
- os currículos mudados de modo a poupar no nº de horários docentes sem se saberem quais são afinal as tais "metas de aprendizagem", ou seja, o que se quer que o Sistema educativo ofereça de essencial aos alunos;
- Umas áreas que se dizem reforçadas ,mas que agora, com as contraditórias Matrizes Curriculares reveladas ontem, não se percebe onde surgem reforçadas;
- A área da educação artística cada vez menos valorizada e cada vez mais subalternizada, num país que se quer virado para o turismo e a... CRIATIVIDADE! .- Sobre este tema tenho um post em rascunho, pois merece dstaque mais alongado; entretanto assinem a Petição Pública que abaixo se linka. Deixo apenas em destaque que até penso que deveria ser a área das expressões a NUCLEAR de todo o currículo e não um suplemento para enfeitar... mas então explicarei melhor o meu ponto de vista...
- As turmas de novo a aumentar de número de alunos, devendo rondar os 30 alunos ( e não cabendo esse número tantas vezes nas salas modernas!), medida contraproducente num ensino que se aconselha a ser cada vez mais individualizado e incentivador das qualidades de cada aluno;
- Escolas e mais escolas do primeiro Ciclo a fechar, ao arrepio do prometido, também , cada vez ajudando a centralizar tudo e a desertificar mais o interior;
- Os programas que continuam desconexos e enormes, nunca se avaliando, de uma experiência para a outra, o que é de manter e o que é de mudar, ou seja, sempre tudo tratado em gabinetes de pessoas bem longe da realidade do ensino e das dificuldades em executar tanto delírio programático;
- a pseudo-avaliação dos professores que afinal continua igual como MLR a traçara, com toda a burocracia pateta e com todo o desgaste, com toda a injustiça e mais uma vez tendo sido praticamente perdida a antiga componente de formação contínua científica que era o que mais importava ( agora as acções de formação são escassas, de temas que não são fundamentais ao ensino e... a pagar, muitas vezes bem... quando afinal são... obrigatórias!);
- O derrubar sem mais do programa de Novas Oportunidades (que afinal recebia dinheiros europeus e não do orçamento...) sem se fazer um balanço sério e pedagógico e destruindo sonhos de muitos formandos;
- A alteração de regras dos Cursos profissionais sem se escutar os professores, e querendo agora que tudo regresse a uma espécie de ensino técnico...mas sem ovos para a omelete, ou seja, sem oficinas para essas técnicas, que isso custa dinheirinho que o senhor Gaspar quer pagar aos "nervosos mercados" tão insaciáveis...
- O congelamento de carreira, de salários, cortes dos mesmos, roubo dos subsídios, aumento de horário dos docente, tenham já o cansaço que tiverem às costas em anos e anos de serviço, o prolongamento dos anos de serviço até à reforma numa profissão que é visivelmente de desgaste rápido;
- O atraso em rever como deve ser o estapafúrdio estatuto do aluno;
- O "mandar às malvas" o conceito de Projecto Educativo ( ligado à comunidade ) que este aumento dos Mega-agrupamentos revela, tornando-se cada vez mais mero enfeite para colocar online;
-A mudança constante de regras para os exames, com formações patéticas para correctores e os alunos já não sabendo quantos exames podem fazer numa época...
-etc etc
Mas em tudo isto o que mais custa é COMO SE BRINCA com as aspirações e expectativas dos ALUNOS! Quando se cria neles a dúvida sobre o que sabem realmente ou deixam de saber, o brincar com o seu próprio evoluir no seu percurso educativo: o alterar das regras de bolsas e subsídios o que faz tantos não comerem ao almoço, o alterar das regras para os exames, a alteração das opções de disciplinas, a alteração constante de programas, e por aí fora! Mais tarde a culpa aparente será dos professores,os bodes expiatórios do costume, mas a tutela, o MEC , é que está a proporcionar isso tudo e , o que é mais grave, com motivos habilidosos de baixa política!
Vem isto a propósito desta notícia de ontem, que linco aqui:
Chamo primeiro a atenção para o pormenor curioso de este ser o título online, iniciando-se o título do jornal em papel de "Docentes e pais....". Ou seja, o online deve ser mais lido por pais e quem compra os jornais no quiosque são os professores! :))
Falta a versão para alunos, talvez aguardando a versão... no Youtube! ;)
(Hum... que tal "Yameu : Os cotas acham que as negas no exame de Matem*rda vão ser F#%&#*#S!"... )
Bem, agora a sério:
Sei de facto de muitos casos em que alunos sempre excelentes a Matemática se viram a entrar em negativasnos recentes testes intermédios do 9º Ano, envergonhando-se e alarmando pais e e docentes!
Pois bem, em que é que eu digo que há aqui baixa política, com os nossos alunos como cobaias?
Então eu lembro: é que podem estar já esquecidos, os agentes educativos, pois a memória portuga é fraca..., mas este TRUQUE, que o GAVE e o MEC levaram a cabo com os testes intermédios (testes gerais de treino para os alunos se habituarem ao exame que há-de vir) , JÁ FOI ANTES levado a cabo por ANTERIORES DESGOVERNOS, não se recordam?
Foram aqueles exames de Português com perguntas na aparência acessíveis mas onde os professores correctores foram liminarmente OBRIGADOS a cortar a eito as respostas caso estas não estivessem correctas até à última vírgula, num desrespeito do Gave por alunos e também pela autonomia e bom senso desses docentes. Lembram-se agora? E daqueles exames vários de Matemática e outras disciplinas, bastante difíceis, para no ano seguinte ser opostamente MUITO mais fácil e assim manipular estatísticas para o país e para as OCDEs deste mundo!
O truque era portanto: num dado ano fazer uma razia de resultados, com testes muito difíceis e regras de correcção demasiado restritas, para um ou dois anos depois dar testes FÁCEIS até ao ridículo, com regras mais folgadas e assim parecer que era o "NOVO" SISTEMA, ou seja o Governo e ME/MEC que tinha levado à melhoria e que finalmente havia progresso no Ensino e futuros gloriosos no nosso Sistema Educativo! E o público mais alheado acreditava! Agora é que acontecia a "Excelência", a "Exigência" e tudo o mais face ao "laxismo" anterior, a professores que não sabiam ensinar!
Se não acreditam nesta minha "teoria" ora leiam os comentários que se seguem à notícia no Público! Lá está: ah agora é que é a exigência! esses maus resultados era porque antes se andou a brincar.... OU SEJA, confunde-se o descalabro e a brincadeira aos governos que foi das ministras e desgovernos, com as próprias escolas e os professores, que apesar de todo o Caos têm procurado alhear as aulas desses desvarios, ensinando o que lhes mandam mas mantendo algum bom senso para o que importa...
Entendem agora a figura que juntei acima? Juntem os "pontinhos" e fiquem com a imagem do que se passa: mais um armar de uma nova tenda do "Circo" político-mediático do triste País!
Leiam esse comentários e confirmem o que digo e como de novo a estratégia de usar os alunos para estas jogatinas esá a surtir efeito!
E " ESCREVAM": daí a um ou dois anos farão exames mais acessíveis e aí os 33% subirão de novo para altas positivas!
E os miúdos e o seu gosto e motivação para a Matemática como ficam no meio disto tudo?
Havia que tentar provar que o novo MEC era salvador (mais um!) e o GAVE montou de novo o "CIRCO" dos ilusionistas, com muitos coelhinhos -cobaias (as crianças) a sairem da cartola com as suas primeiras negativas à disciplina e um Coelhão a dizer ao lado para não serem "piegas" e o ilusionista de barba de três dias a mover a arrogante varinha de condão, já que em pouco mais manda no seu ministério!
Reparem no que se explica na notícia: as questões do Teste (e certamente as do futuro exame, daqui a um mês) até que estavam de acordo com o Programa, sim senhor, mas eram quase todas em redor de processos de raciocínio complexos, versando resolução de problemas. Não sou de Matemática, mas é de regra, em qualquer teste elaborado, incluir tanto questões de raciocínio mais complexo como perguntas mais directas. Indução , dedução...Há um tempo restrito para fazer um exame, para não falar na situação de stress, pelo que deve haver várias formas de raciocínio a serem valorizadas e não só as mais complexas. Dizem os professores que essas novas metodologias testadas no exame não estavam ainda a ser experimentadas a nível nacional, apenas em alguma escolas-piloto. Havia que esperar e ver se resultavam educativamente. Assim não, foi aplicada a estes alunos tal teoria ou fé que domina estes jovens-velhos desgovernantes, de calcar tudo rente ao chão, para depois esperar que algo cresça. De terraplanar e queimar tudo, para depois esperar que uma "Fénix" mítica renasça das cinzas!
ISTO NÃO SE FAZ!
As "cinzas" afinal serão os próprios filhos do país! Será tal "massacre" razoável? Ético sequer?!
Não se desvaloriza assim todo um grupo de docência nem milhares de adolescentes!
Se muitos estão mal a Matemática porque o Sistema oficial assim o permitiu e até obrigou, durante décadas,-- que passassem de ano constantemente com negativas a Matemática--, há muito e muito outros que são "barras" na disciplina, que a adoram e cultivam com gosto, o que se prova pelo sempre crescente número de vencedores nacionais das Olimpíadas de Matemática, mesmo no exterior, pelos alunos que são cá pescados pelas universidades estrangeiras que, ao contrário dos nossos, lhes descobrem o valor e conhecimentos!
Mas só contam os números, as manipulações estatísticas, já nem os alunos contam! Que tal seja pensado por políticos de carreira ou de "austeridade" como tantos, já é triste, mas que um Matemático e professor de carreira como o ministro Nuno Crato o incentive, ainda é mais triste! E que um gabinete de criação de exames, outrora profissional e sério , como GAVE alinhe nesse Circo, é... muito gRave. :((
Margarida Alegria (26-5-2012, in blog "Alegrias e Alergias)
pronto e era eu para escrever só meia dúzia de linhas e afinal... há temas que nos fazem bulir com os nervos! Neste caso por não se ver saída para este Inferno em que nos meteram!
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ADENDA: Quanto à Petição pública de que falei acima, lamento mas parece que ela desapareceu online.... É a favor da continuidade da Educação Musical no terceiro Ciclo, de onde quase foi arredada na nova estrutura curricular, remetida para a "bondade" das Escolas em "Oferta de Escola" eventual (com direito a, com sorte, 45 minutos semanais...!), quando já se estava a evoluir um bocadinho na reintrodução desta disciplina, em Portugal, um país onde tantos concorrem a concursos de "Ídolos" e quejandos....Assim que reaparecer a petição ou souber o que se passa, colocarei aqui o link.