(Excelente cartoon brasileiro,pescado na Net. Autor: Bibl (?))
Mais uns assuntos do "Mundo Educativo" (agora até quase soa a super-heróis e "Mundo de Aventuras"...) um dos quais tinha ficado esquecido no post anterior sobre o tema (foi Lapso! foi lapso!!!):
Um é a carta dirigida à Direcção da FENPROF, missiva que já tem umas semanas....
Ei-la Aqui:
Diz respeito a professores as também a todos que se interessem pelo que está a suceder à Educação Nacional, pois é sobre o rumo torto das políticas Educativas (in blog:contra-a-escola.blogspot.pt, que não é contra a escola mas Contra o que está a ser feito contra a Escola, claro!).
Outro, este bem recente é o anúncio de que vai decorrer mais uma Manifestação Nacional de Professores, sob o lema "Contra o Desemprego" - Lembremos que o MEC se prepara para "dispensar" cerca de 25 mil docentes(sem indemnizações, qual quê?), sobretudo contratados (que o são há anos,precários portanto, contrariando a lei geral da contratação) deixando até muitos professores do quadro de Escola sem Horário, não porque não façam falta mas devido a una malabarismos para poupar dinheiro (popularmente, umas "lecas") que irá para o buracão BPN (então não vai a Dívida do arguido Duarte Lima e de outros ser suportada pelo Estado?!) ou para mordomias dos "lordes" que se abotoam com os dinheiros públicos. Ou seja, devido ao encavalitar de alunos em turmas sobrelotadas, da organização de escolas em Mega-agrupamentos que trasformarão muitos professores em educadores itinerantes e em aceleras nas estradas para saltar de escola em escola no mesmo dia, a transformação dos Currículos escolares não por critérios didácticos, mas para acabar com o número de horas de disciplinas e até com disciplinas inteiras....e por aí fora!
A Manifestação será portanto no próximo
dia 12 de Julho, às 15h ,
no Rossio, em Lisboa.
Julgo que seria excelente que também aparecessem Pais e alunos, pois está em causa a qualidade do Ensino de todos, a Escola Pública que se queria mais justa e com melhores meios para combater o atraso cultural e educativo e não esta "marmelada" liofilizada e baratucha (para poupar, muito mal, as tais "lecas") em que a querem transformar, ainda por cima sob o título cínico de "fazer Mais com Menos". Será. claro, conseguir muito menos com Muito menos!
O Cartoon que coloquei acima ilustra bem o que se pretende, a pretexto da "Troika" de costas largas e da austeridade. São medidas puramente FASCISTAS de criar educações diferenciadas-- para élites da treta e o que julgam ser o resto da populaça--, transformar o nosso sistema, que tinha muito de melhor que outros em vários aspectos, numa oferta pública de Terceiro Mundo, como a que o Brasil e boa parte da América latina bem conhecem.
Agradeço e mando um beijinho para quem me alertou para estes dois eventos acima, a querida amiga Isabel P. P..
Outro assunto é o alerta para algo que se preparam para colocar em letra de lei em alta velocidade, também sem debate público: alunos com dificuldades, por exemplo no 4º Ano de escolaridade, para poderem passar de ano "menos mancos" terão as aulas prolongadas Julho fora, como se isso rendesse algum proveito. E será por conta de quem? não dizem, mas falam em grupos de alunos formados para o efeito e tudo indica que é para entregar essa recuperação aos escravos do costume, os mesmos docentes que leccionaram todo o Ano Lectivo e que são assim postos também de castigo. Nem quero imaginar as guerras dos pais que costumam ir de férias logo em Julho e que já levaram a que até as simples matrículas deixassem de ser feitas dentro desse mês. O que vale a estas "desmedidas",-- que então com o calor estival e os famosos ares condicionados desligados, para poupar na conta eléctrica, vão ser algo de "destilante" em sabedoria e aprendizagem,--- é que muitos pais até já nem vão para fora de férias nos próximos anos e daí não haja para já muita polémica...
O último assunto é o das famosas "Metas de Aprendizagem" a várias disciplinas que o MEC finalmente divulgou aos professores, não sem antes fazer a devida propaganda nebulosa e vaga nos Órgãos de Comunicação Social, até pela voz do ministro Crato, que finge serem a quinta essência da novidade e da eficiência para a propalada "exigência". Anunciam como grande Inovação, mas quem olha para aquilo só vê mais do mesmo:
- Mais uma vez está a gerar confusão e protesto, pois essas "Metas" delineadas colidem com as que estavam a ser seguidas (e a equipa anterior do Ministério não foi consultada), colidem até com os programas (por exemplo há Metas para um ano lectivo que no Programa só consta para o ano lectivo seguinte, obras de leitura literária para os alunos de um ano que só podem ser apropriados para os alunos e a matéria do ano seguinte... por exemplo, "Auto da Barca do Inferno" na Lista de Português do... 8º ano em vez do 9º)..
- Mais uma vez os professores recebem estas mudanças tarde e a más horas vendo até normas e terminologia que contraria a do programa e as acções de formação recentes sobre os novos Programas (mais uma vez há uns senhores catedráticos a quem entregam as tarefas destas coisas, completamente alheados das realidades escolares e de outras equipas e da opinião dos docentes... enfim, "capelinhas" de diferentes correntes científicas, por exemplo, gerando mais uma vez a instabilidade em quem terá de leccionar as matérias "in loco");
- Mais uma vez prazos apertados e desadequados para opinar e contrapôr, com exames a decorrer e escolas a terem de preparar novo ano lectivo que aí vem: até 23 de Julho! Ora nem mais! Só para depois poderm alegar que consultam, antes de publicar em Diário da República como fizeram com outras questões polémicas, como a Organização do Ano Escolar (já aqui referida) que deveria ser negociada e não foi!
- Mais uma vez a darem como novo e revolucionário algo que não o é! Parece que estão a inventar a Roda, mas é só um processo velho com novos títulos: agora chamam-lhes "Metas", com uma série de "descritores", mas há mais de uma década chamavam a isto "Objectivos específicos" da disciplina, para além dos gerais que havia para cada ciclo; depois veio nova moda e já não havia "Objectivos", mas as "Competências" e passavam-se longas horas em debate sobre o que eram uma coisa e outra! Agora voltam a ser tópicos do programa definidos ano a ano, não sendo os antes "objectivos mínimos " a alcançar, mas o ideais que se pretendem que todos os alunos saibam (ora para isso havia os próprios Programas, não?), independentemente do nível classificativo que os alunos atinjam;
- Mais uma vez há incongruência, pois os novos programas estabelecem Metas por Ciclo e não por ano e estas Metas agora entregues pelo MEC estão distribuidas por anos lectivos e, como disse acima, sem o encadeamento , a cooordenação e a articulação que exigiriam.
Como disse, chegaram ontem em PDF e ainda terão de ser digeridos em alta velocidade e em época de exaustão docente...
Já não podemos fazer tudo! Apelo aqui à Sociedade Civil e sobretudo aos pais para que estejam alerta sobre o que estão a fazer às Escolas em geral e à Escola Pública em particular. Como mostra a anedota em cartoon, não tarda será mais o dinheiro que os pais gastarão em livros e cadernos para os filhos, do que aquele que o Estado dará, dos Impostos dos cidadãos, para pagar ao funcionamento das escolas, incluindo o material mais precioso e difícil de produzir: os Professores( que recordo serem profissionais com formação superior,especializados e qualificados e não uns tarefeiros de ocasião!).
Por isso o meu apelo: mexam-se também, Pais e Encarregados de Educação, antes que seja tarde demais!
Margarida Alegria (30 de Junho de 2012, in blog Alegrias e Alergias")