sábado, 31 de dezembro de 2011

Bom Ano Novo! Bom 2012!

Era para deixar aqui os votos de Bom Ano mais personalizados, mas a tecnologia falhou-me  teve um cansaço de final de ano. Por isso deixo um postal mais tradicional, com os votos de um Feliz 2012 a todos os meus leitores,sem qualquer excepção, tanto os mais assíduos, como os esporádicos, tanto os que  apreciam o blogue, como os que apenas o visitam para verificar se andamos a falar sobre eles.
Bem, talvez deixe de fora os corruptos que nos enterraram na dívida pública e as agências de rating e comparsas , que andam a brincar com o Futuro de povos inteiros. A esses desejo um breve 2012 fora das grades e um bom 2012 a ver "o sol aos quadradinhos".
O "Alegrias e Alergias completou ontem dois mesinhos e ainda está a ganhar raízes. Obrigada a todos os que nos têm acompanhado, com encorajamento, comentários, ou simplesmente com leitura atenta.
Estejam à vontade para aderir e "seguir" o blogue, para comentar, para apreciar (em baixo).
Prometemos fazer uma análise "científica" e detalhada, à moda de "grupos de trabalho", da sondagem que se apresenta ao lado direito e que continuará a decorrer até finais de Janeiro de 2012. Será um estudo gratuito e rigoroso, a partir dos dados obtidos! ;)
Aqui deixo também, à falta dos novos cartoons que contava postar, um dos "cromos" da série  "Velhos Contos, novos Tempos..." (publicado noutro lado mas aqui em reedição). São à laia da recordação de um dos momentos mais marcantes do Ano de 2011 que finda, em Portugal. Uma queda aguardada, após um congresso ao estilo "coreano".

(Margarida Alegria, (c) Abril de 2011)
Muitos abraços, não se engasguem a contar as passas, tenham muita saúde e boa disposição!
Pelo "Alegrias e Alergias",
Margarida Alegria (31/12/2011)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Sincero Líder É Vida e Sol! (Um Louco Pós-Natal 1)

Como prometi, nos vários posts onde comentei a já antológica sugestão de Emigração pelo nosso PM (1-AQUI, sobre o que continha de pornográfica mensagem de Natal,2- ACOLÁ, sobre a famosa Sinceridade atribuída por muitos a PPC; e 3-ACOLI, sobre o que essa mensagem teve de gasoso/tóxico e explosivo) , ainda vou publicar mais uns tantos sobre a questão, como disse, muito sintomática e sumarenta. Como o Natal já passou, irei intitulá-los não "Um Louco PRÉ-Natal", mas "Um Louco PÓS-Natal".

Este é especialmente dedicado aos aduladores do Novo Líder, neste caso, Pedro Passos Coelho, e que acorreram em sua blogosférica ou jornalística defesa.

Temos sem dúvida tendência para o Sebastianismo, incensando cada novo chefe que chega ao poder, como "Salvador" perfeito e absoluto. E esse tem sido um dos nossos grandes males, em Portugal, precisamente desde Alcácer -Quibir, onde a grandeza do salvador não derivava das suas próprias qualidades, mas da ânsia de algo melhor(olhem se D. Sebastião foi, quando vivo, assim tão amado? Tenho a impressão que,se não tivesse morrido naquela batalha, acabaria por não durar muito, com algum venenozito ou outra doença misteriosa, de tal forma o relatam como arrogante, megalómano e perdulário do erário...), conjugada com a apatia em que o nosso povo passou a cair(nem parecia o mesmo que lutara e pusera no trono o Mestre de Avis), deixando de ter iniciativa própria e esperando algo de exterior e absoluto que lhe troxesse a mudança. Não era Salvador por ser bom rei, mas por se esperar um bom rei do seu sonhado regresso, ou pelo menos MELHORZITO do que o ANTERIOR que oprimia ( neste caso os que lhe sucederam,os Filipes de Espanha).

E assim foi em eras subsequentes. Cada Rei e cada Primeiro-ministro era visto como factor de alívio em relação à governança perniciosa do anterior. Basta ver no último século: a República "salvava-nos" da pérfida Monarquia, a segunda República vinha pôr na ordem o caos da primeira, Salazar era o santo salvador (S.=Salvador=Salazar), frugal e patriota, a Democracia de 1974 traria tudo de melhor, como por milagre, o comando Europeu pela CEE seria salvador do isolacionismo e da pobreza, Cavaco trazia o "púgresso", cavalgando até ao congresso da Figueira da Foz, pelo nevoeiro, no seu carro novo e reluzente, Guterres, com bonomia, trazia a salvação do alívio à opressão do Cavaquistão, and so on... até chegar Sócrates, o salvador esperado como mais sério governante do que Santana Lopes, PM considerado de opereta. E Portugal teve de novo a paga por uma maioria se ter iludido com esse novo salvador, animal feroz e determinado, que tratou logo de modelar, também, as estruturas do Estado às medidas dos seus boys e do aparelho do PS (Partido de Sócrates, é claro, o Salvador "S.").

Para se sair de seis longos anos de cativeiro e de ainda maior endividamento e de ditadura partidocrática, surgiu então, por entre as nuvens baixas que se avolumavam no país, batendo a pestana no olho verde e entoando cantos operáticos de salvação à Wagner, Passos Coelho, em passos largos neoliberais, sendo , para quem mais uma vez via nele um novo guru perfeito, "D. Pedro, o Sincero".

O anterior, vilão e ditador era Mentiroso e aldrabão (todos verificámos). Ao lado dele, tudo o que sai da boca de PPC, dos discursos aos cânticos natalícios, soa a Sinceridade, a Verdade pura. Não se sabe então como classificar a imediata quebra de promessas eleitorais. Decerto que não cabe dentro da definição de mentiras... Ah, pois... ele prometera, mas depois surgira o tal "buraco Colossal", que obrigara a falhar as promessas de não aumentar ainda mais os impostos ou de cortar salários e subsídios (e não é que hoje o espanhol Rajoy já descobriu também"desvios" colossais às contas, tendo que criar novas medidas de austeridade? Here we go again!!!....)
Depressa esquecemos que, antes de PPC, já D. Sócrates se queixara da "pesada herança", e antes dele D. Guterres do "pântano", fugindo para os refugiados em planícies africanas, e D. Durão da tanga que havia herdado e que o levou a fugir para se poder agasalhar nas roupas de marca vendidas na Avenue Louise, em Bruxelas.

Por seu lado D. Gaspar, seu fiel braço direito, era como um Marquês de Pombal sem peruca, implacável nas medidas, um vislumbre ressuscitado de Salazar, aquando ministro das Finanças , para quem passa a vida a chorar de saudades do tempo do "Botas", turvando nos cérebros amnésicos tudo o que de terrível teve depois a sua ditadura.

E eis que temos alguns exemplos mais palpáveis, do lado dos arautos dos jornais que têm responsabilidades fortes no construir de opiniões. Dou como mero exemplo uma das mais recentes crónicas de José Manuel Fernandes (JMF) no Público, que veio ironizar (mais uma vez escamoteando parte do que disse PPC e atribuindo o conselho da Emigração apenas para professores) com os docentes, alegando que não pensassem esses que o Estado era obrigado a "dar-lhes um empregozinho", etc e et -tal! Ou seja, mal o novo Salvador ganhou as eleições, JMF, exaurido como nós todos pelos anos de socretinice, veio tomar as dores do Líder, esquecendo de novo o seu sentido imparcial e crítico e tendo passado a ser dos mais ferozes arautos do neoliberalismo, fazendo Pacheco Pereira e Manuela Ferreira Leite parecerem ferozes marxistas ou humanas Madres Teresas de Calcutá!
Outro exemplo, mas pelo lado do absolutamente ridículo, que estive há muito para comentar, mas cujo editorial até recortei e guardei, pelo que mostrará para a posteridade de antológico, no seguidismo dos Líderes. Falo do editorial do jornal "i", de 5 de Dezembro, assinado pelo seu Director(?!) António Ribeiro Ferreira, se bem se lembram o mesmo que ofereceu bolachinhas e "incenso" à ME Maria de Lurdes, estão então perfeitamente fascinado pelas decisões "corajosas" da mesma e do seu Líder salvador " D. Sócrates, o Determinado". Mais tarde foi dos que tentou começar a abandonar o barco do seguidismo, para agora embarcar no navio Titanic de Pedro e Gaspar. O perpicaz Kaos já analisou a dita crónica,logo no mesmo dia dessa edição do "i", num dos seus esmagadores posts (wehavekaosinthegarden.blogspot.com, escusado seria dizer...), mas deixo aqui algumas das frases de idolatria a S. Gaspar, pra quem tenha estado distraído.

O título é uma frase dita por V. Gaspar em conselho de ministros, para criar o mito(e ARF diz mesmo"reza a lenda"):

"Não há dinheiro. Qual destas três palavras não percebeu?"

(ora bem, deixa cá ver: Não= o homem é determinado, Ena! Temos chefe!!!; há= viu o estado da nação e contabilizou tudo, deve ser sério!; "dinheiro"=aquilo que existe para BPNs sem fundo, PPP, IPs e Observatórios que não fecham, apesar de anúncios sucessivos.. hum.. como é..?!)

Depois ARF relata a "lenda", à qual só faltam as rosas a cair do regaço (imaginemos Santa Isabel a dizer a D. Dinis: " Qual destas palavras não percebeu, Dinis?! Não Há dinheiro! O que trago são rosas, digo, Laranjas, senhor!").

E remata ARF a sua prosa com uma série de frases ao estilo do Livro do Eclesiastes (vide canção dos Birds), aquele de : "há um tempo para semear e outro para colher...". Vejam só a horripilante amostra (o texto é maior):

- "Agora é preciso calar e cumprir rigorosamente o que está estabelecido com a troika"

-Agora é preciso dar graças a Deus sempre que a troika desbloqueia mais uma tranche.(...)

-Agora é tempo de unidade Nacional " (ver mais abaixo o que contradiz isto)

- "Agora é tempo de andar DE BICO CALADO e não fazer muitas ondas." (sic!)

-"Agora é tempo de esperar que a Alemanha consiga encontrar soluções(...)(olhem, outra Sebastiana!)

- Agora é tempo de acabar com direitos adquiridos(...) (sic!!!)

-Agora é tempo de acabar com utopias e ilusões soberanias e INDEPENDÊNCIAS" (lá está a tal contradição!)

-Agora não é tempo para o exercício de democracias directas ou indirectas(...) hesitações ou referendos (...) (sic!! Acabe-se a democracia?! Qualquer que seja?!)

E termina :
"Se Vitor Gaspar tem razão quando diz que "não há dinheiro", não é menos verdade que Portugal não tem tempo a perder com formalismos próprios de gente rica. A ordem está falida e os frades famintos".

Que lindo! Os "frades famintos "devem ser os ... credores? E quem levou a "ordem" à falência? Não foram os "abades" e as "madres superioras"? ARF parte então da garantia de que VG está necessariamente a dizer a pura verdade ( mas não nega dinheiro aos bancos, só para dar um exemplo!) e que coisas reles, como a democracia, a soberania, os direitos... são PERDA DE TEMPO, "formalismos" de "gente rica"! Ou seja: se somos pobres,logo, temos de viver em ditadura, renunciar aos direitos conquistados com dificuldade, deixarmos de ser um povo soberano! SIM! ARF (arf arf..?) até renega a democracia e a liberdade de expressão (bico caladinho!!!...pois...), pelo que ficamos sem saber o que está a fazer na sua profissão e muito menos a dirigir um jornal! E renuncia à independência Nacional!Que diriam D. Afonso Henriques , o Mestre de Avis e D. João IV a isto?

Tenho observado nestas semanas o que se passa na Rússia e na Coreia do Norte. No dia das manifestações por todo o país, 10 de Dezembro passado, o Pudim russo mandou colocar em todas as praças altifalantes a repetir sem fim frases como: "Putin é a Vida, Putin é Luz! (sic!!!) (qual Cristo Salvador), encheu a blogosfera local com seus defensores, bloqueando as caixas de comentários de todas as vozes dissidentes do regime. Mandou que à hora da manifestação todos os alunos russos fossem obrigatoriamente a seminários nas suas Escolas, sobre um tema que já não recordo.

Por outro lado, aquando da recente morte do "Grande Kim" coreano, até a Natureza se manifestou de pesar pela grande perda nacional: dizem que o gelo do lago da sua terra natal se quebrou de tristeza, que uma ave parecida com uma pomba limpou a neve numa estátua do líder, que outras pombas fizeram o luto do "querido líder", a "chorar durante meia hora", nos ramos de um pessegueiro.

Sugiro portanto aos meninos prendados que defendem os novos líderes de Portugal, vendo tudo perfeito nas suas acções (e eu sou de opinião que há que criticar o que está mal mas louvar o que está certo, mas mantendo o espírito livre!): Já começaram as louvaminhas na blogosfera. Agora atribuam-lhe os epítetos semelhantes ao da "Monarquia" coreana ou russo-putinica: Kim-Jong -il era o "Querido Líder" (tal como Sócrates, "tão jeitoso"!) Agora o jovem Kim Jong-un é já o "general respeitado"(nunca foi militar!), "grande sucessor" e "Lider espantoso". Sugiro portanto que incensem PPC como "O Grande sucessor Sincero", ou o "Desengordurante espantoso" ( para já, publicidade enganosa!) e Gaspar como o "general liquidatário respeitado".

E, claro, que encham as praças do país com altifalantes a gritar: Coelho é Luz! Coelho é Vida!

Enquanto isso, soltem pássaros negros, melros ou corvos, ou até abutres, que chorem e chorem e chorem, não pela partida pelo "Grande Líder Malabarista" anterior, mas pelo fenecer das nossas escassas poupanças e da nossa querida Democracia! :(

"Alergia" (30-12-2011, in blogue "Alegrias e alergias")

Se nada fizermos, acreditem que vai continuar... :(


("Acredita versão muito portuguesa do anúncio de TV" -28-12-2011)
Uma  versão portuga do irritante anúncio da Coca-cola. Dispensa  comentários.
(Obrigada,"Gata"!)


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"It's a Good Life, If you Don't Weaken..."


(Dr. Sam  Vaknin, "The Indifference of the Narcissist")
A Indiferença como  arma de ataque do Narcisista. O video diz tudo sobre as reacções, geralmente  inadequadas das infelizes pessoas que sofrem desse tipo de Distúrbio de PersonalidadeSentem-se mal no Mundo e não descansam enquanto  não arrastam para  a angústia e até  depressão quem os rodeia. Especialmente aqueles que mais os acarinham e apoiam. Pode parecer bizarro, mas é assim  que agem. "Gostam" das pessoas só por uns tempos,com encanto e  de forma até exagerada e paternalista,para as desvalorizarem uns meses depois , passando à fase em que julgam,  pelos parâmetros do seu False-self (personalidade/máscara criada inconsciente mas meticulosamente em auto-defesa, para impressionar os desconhecidos), que os outros  são "fracos". Chegam depois a considerar  esses outros como "inimigos" , caso "ousem" confrontá-los com as suas múltiplas incoerências (pois essas suas "vítimas,pessoas de bom coração e  empáticas, não estão habituadas a tal  falta de lógica nas relações humanas).Os Narcisistas usam portanto a ATENÇÃO que  obtém dos outros, quer a positiva quer  a  "negativa" (por exemplo, críticas ou até o que  imaginam serem críticas, na sua  tendência paranóide) como um  toxicodependente usa uma DROGA: precisam sempre de nova "dose" e cada  vez mais  forte. Alguém que crêem  já domado deixa de ser um bom fornecedor da "Droga-atenção" (a simpatia e compaixão que deles obteve), pois na sua mania de superioridade(defendem-se,gabando-se de que são "especiais", "invulgares",sortudamente fora da normalidade, sendo no entanto bem rotineiros nos seus esquemas de vida) são incapazes de verem os outros como seres humanos seus  iguais  e portanto têm a convicção de que  amor ou amizade que aqueles lhes oferecem resulta sempre da  sua (dos narcisistas )"dedicada" conquista e não das próprias qualidades e generosidade afável desses "conquistados".
Aliás, detestam ver os outros felizes, ou pelo menos julgando-os mais felizes que eles próprios . Pois, no íntimo,  sentem-se sempre (e erradamente!) menores e têm grande falta de auto-estima, daí toda a agressividade  e desvalorização subsequente à fase de "conquista". Têm  tendência a idolatrar quem julgam importante social ou culturalmente, mas também a imagem e o brilho desses "Astros" acaba desgastada aos olhos dos narcisistas,devido ao tal sentimento de inadequação e de inferioridade que alojam nas suas  "profundezas".
E é por detestarem ver nos outros uma felicidade que pensam, no fundo, que lhes foi negada, que minimizam quem julgam serem pessoas Felizes e... dizem tantas vezes detestarem as Festas (como o Natal...). A tal falta de empatia...
Quem sabe se é por pensarem que o Natal festeja apenas o aniversário de uma criancinha distante e não o seu próprio....Quando o Natal, afinal,  celebra um momento único de Aliança (bem louca!) entre o Criador e parte da criação que o desiludiu.
Não são pessoas horríveis, mas muito complicadas e cerebrais em demasia, pelo que acabam sendo anti-sociais. A Perturbação Narcisista , ao que diz quem sabe, não tem cura, sendo uma "lesão" na construção da Personalidade. Mas os asmáticos e os diabéticos, por exemplo, também não têm cura, porém conseguem controlar o problema, com persistência e buscando apoio médico e da família, tratando o que é possível, fazendo uma vida saudável, repensando os seus limites. No entanto,  sempre com plena consciência desses problemas e limitações. Também o Narcisista patológico o  deveria fazer, procurando apoio, tendo terapia  regular, para reavaliar as suas (falsas)"crenças internas", a forma precipitada como interpreta os gestos e as palavras  dos outros e a Vida em geral. Reeducando-se. Não o fazendo,acaba por cair em profunda solidão, ao mesmo tempo hostilizando e/ou desprezando os demais, mas tendo a natural necessidade deles, não só  pela inata tendência gregária de qualquer ser humano, mas , em caso extremo, também por se ver em isolamento na tal "Ressaca" (Cold Turkey) que Sam Vaknin refere no final. É o que o faz, por vezes, tentar melhorar, porém caindo depressa nos mesmos erros assim que  recupera "doses de atenção"... :(
Acredito que, como tantos outros "puzzles" clínicos, o ser humano há-de levar a melhor também sobre este problema, que afecta cada vez mais gente, tanto os próprios como quem os rodeia -- e que tanta vez acabam por se afastar, a mais das vezes exaustos, por já não saberem ajudar e para se preservarem de mais desgaste provocado por essas irritadiças e caprichosas personalidades . Já não é questão de maior ou menor resistência ou paciência, mas de Libertação do círculo vicioso de algo que não depende só de quem ajuda ....
Sabe-se hoje que muito desse aumento do Narcisismo advém de uma sociedade cada vez mais Narcisista também, que cultiva o individualismo e o "salve-se quem puder", onde em vez de se dar uma boa  e breve"palmada" na hora certa na criancinha birrenta, se  resolve ora condescender com mimos exagerados, ora desprezar, dando o tal "tratamento do silêncio", a tal "Indiferença"  que o Dr. Vaknin explica brilhantemente no video e no seu livro e que depois a criancinha assimila como arma de defesa para si.
Sabemos que é difícil reverter o "pepino" mal torcido na infância, mas que não é totalmente impossível, graças à inteligência e vontade de superação do Homem. Há quem o tenha conseguido, com persistência e coragem, com auto-correcção diária e meditação, sobretudo com grande HUMILDADE e auto-conhecimento para evitar entrar de novo em deslumbre "suicida" perante um reflexo nas águas, que afinal NÃO é o seu verdadeiro EU: como fez, para sua desgraça, o Narciso do Mito, fechando-se ao Mundo e aos outros até definhar.
Só ele próprio pode inverter a sabotagem da sua vida. Com ajuda, mas com consciência de que é ele, Narcisista , e não o Mundo inteiro, que tem de optar pela  mudança.
Um dos exemplos de Narcisista que foi bem sucedido a superar-se é precisamente o Dr. Sam Vaknin, que agora ajuda os outros e conta o que aprendeu no livro: "Malignant Self-Love:Narcissism Revisited" e em diversos videos.
Acredito que quem for suficientemente inteligente, sem se tentar a ser manipulador, quem tiver humildade, sem cair na auto-comiseração, poderá enfrentar este problema, no dia-a-dia e levar uma vida mais harmoniosa e feliz e com o apoio da família e amigos, que aprenderá a valorizar e apreciar.Visto ser  um problema que, como já disse, não afecta só o próprio mas, em cadeia, muito mais gente, é esse um dos meus votos , utópicos mas não impossíveis, de um melhor Ano Novo para o Mundo!
( NOTA: o título do post foi roubado à já clássica embora recente graphic Novel homónima, do ilustrador canadiano Seth, editado pela "Drawn and Quartely". Uma maravilhosa obra de moderna banda-desenhada, de comover até às lágrimas, sobre a importância bem relativa de os nossos sonhos mais ambiciosos virem a coincidir com o nosso destino, para sermos felizes. Tal como diz o título, a vida pode ser boa, desde que não se fraqueje, entendendo-se o fraquejar  não pela ausência de orgulho mas pelo perder das perspectivas sobre o que é mais importante na vida e... por vezes, pelo  fraquejar...da mente. Belíssimo livro que recomendo e até vou relendo !)
E, para quem for narcisista,... aqui seguiu uma boa "dose de  atenção" (das "boas", sem qualquer ironia),por escrito e  com votos de Boas Festas! ;))
Margarida Alegria (28-12-2012)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Adeus, Cheeta! :(

("Cheeta no listen to Jane!")

Mais uma para o já longo obituário de Inverno... Desta vez, faleceu Cheeta (ou em Inglês, Cheetah), que não era "uma" mas "um chimpanzé, nada mais do que o mais famoso do Mundo.

Famoso, por ter sido estrela em vários filmes dos anos 30 (entre 1932 e 1934) do "Tarzan" protagonizado por Johnny Weismuller e Maureen O'Hara.

Eu era muito pequena e das peripécias desses filmes lembro-me pouco: Tarzan a viajar de liana em liana e a lançar o seu grito,Tarzan a lutar contra crocodilos, ou a bater no peito(mais uma vez com o grito que oscilava entre um infeliz com dores de dentes e um cantor de ópera a fazer gargarejos terapêuticos), uma Jane a refilar com Tarzan antes de ser beijada, Jane a nadar no rio e a sair milagrosamente de cabelo já seco, mais tarde um filho ( para cumprir o american dream da família nuclear, pois claro!), de nome "Boy"...

Mas a estrela, a maior estrela era sem dúvida, pelo menos para a criançada, o chimpanzé Cheeta, que pouco mais fazia que brincar com o Boy ,bater palmas, tapar os ouvidos ao que dizia Jane (por ordem de Tarzan!) e,sobretudo, soltar a sua famosa gargalhada, numa fiada de enormes dentes ou projectando os lábios num ulular simpático e gozão! (a família feliz da Selva africana: umas tangas, muito ar livre e muito Amor. Poderá ser o nosso ideal em tempos de crise, no tal regresso ao "essencial"? Será por isso que PPCoelho quer que emigremos para África?)

(Cheeta, já no Santuário animal da Flórida, com foto "de família)


Desde os anos 60 a viver num Santuário de Vida Animal, na Flórida, parece que Cheeta tinha interesses variados, o que também pode ter contribuído para ficar muito tempo neste mundo: pintava com os dedos, gostava de música e... de futebol. E gostava, sobretudo , de ver as pessoas a rir.

Dera risos ao mundo e gostava de os ver nos outros.

Tinha cerca de 80 anos e faleceu na véspera do dia de Natal passado, não resistindo a uma crise renal.

Havia polémica quanto à sua identidade como o verdadeiro chimpanzé dos filmes de Tarzan. De qualquer forma, ficou consagrado como tal, proporcionando belas visitas de crianças e adultos, sorrindo e fazendo sorrir. E, batendo todos os recordes de longevidade, ultrapassando O DOBRO da esperança média de vida dos seus congéneres.

Portanto, recapitulando, era ele (ou outro?) a maior estrela em "Tarzan", com suas palmas e sorrisos. Mencione-se ainda hoje o nome "Cheeta" e qualquer pessoa que visse TV há umas décadas sabe de "quem" se está a falar. O que comprova que, para a sobrevivência de qualquer um na memória dos outros, mais que beleza e inteligência, candura, coragem , elegância e força, ou até mais que qualquer enredo, o que perdura é a alegria contagiante, um BOM E VERDADEIRO SORRISO, a descontracção de uma bela gargalhada!
Até sempre, Cheeta!

"Alergia" 28/12/2011 (in "Alegrias e alergias"- blogue)
E aqui mais um retrato:
(Cheeta já nos seus últimos anos de vida. Ainda parece feliz...)





segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ohhh! falso alarme, afinal...

...mas hoje afinal entendera mal, ao ler os cabeçalhos dos jornais , sobre a mensagem de Natal de Passos Coelho, que evitei escutar, a bem da digestão da "Roupa velha" e das rabanadas que este senhor ainda nos permite comer, antes de nos mandar emigrar de vez...




... O líder da Oposição (?), AJ Seguro, esperava "mais contrição" do Primeiro-Ministro. Fiquei esperançada! Julguei que PPC aproveitara a mensagem para se demitir, pedir desculpa aos portugueses por continuar a tradição da mentira /do não cumprimento de promessas herdada de Sócrates. Pensei que, de mãos postas se tentara redimir.


A minha Esprrança aumentou, quando li outro título (jn? Dn?):


"Passos Coelho diz que 2012 vai ser o ano das Reformas"


... mas não! Parece que, afinal, não falava DA SUA própria Reforma, como PM...!


Afinal era mais uma tortura pessimista como aqui se relata:


"Passos Coelho diz que reformas de 2012 se destinam «à democratização» da economia" (mau, mau... se menciona a "democracia" é porque haverá mais golpes à Constituição! E deve ser antes...a "economização da democracia", e até "economizar a democracia"...)


E fala de "janelas de Esperança"... mas afinal foi para nos iludir de novo! Pelas janelas entram ar e luz, mas dificilmente servem de porta de saída... a não ser para um traidor como foi Miguel de Vasconcelos, que se vendeu a interesses estrangeiros. Mas PPC não, pois não?... Afinal ele prometera o que vem neste cartaz:


.... Bem, analisando melhor o mesmo, e tentando não nos cegarmos ou ficar encandeados pela brancura da camisa angelical, afinal o "slogan" já prometia uma coisa e... O SEU CONTRÁRIO"!


Sim: diz "PORTUGAL PRIMEIRO", mas de imediato projecta a sua sombra invertida! Promete então também que Portugal ficará de pernas para o ar e que o ser "primeiro" nas suas prioridades... também será afinal uma questão de perspectiva... O tal dizer a verdade que os seus defensores reclamam (e que AQUI analisei), mas, digamos, com nuances de IN-verdade. Um tipo de sinceridade como a das crianças que na rua apontam os aleijados e comentam à mãe, em voz alta, como "aquele senhor é feio/torto/gordo/preto".... PPC f oi assim puro e sincero, no tal cartaz! Já lá estava tudo , na promessa! Não mentiu...


Descobri então que já vinha de trás, a tradição de DIZER VERDADE através de truques visuais e recursos estilísticos nos cartazes e slogans, como neste que se segue, da sua juventude dourada.


Afinal não queria exactamente candidatar-se à Câmara da Amadora. Aliás, até queria, mas já prometia o que tencionava fazer de "verdade", primeiro nessa autarquia (antes tivesse sido!) e agora no Governo:




NÃO ERA: "Mãos à Obra, Amadora"...


... foi gralha tipográfica, ou então a tal mensagem subliminar, mas "Verdadeira".


E essa era e é:
"Mãos AMADORAS à obra!"


Boas festas também para si e sua família, senhor primeiro -ministro.


Mas, muito sinceramente, poderia ter-nos poupado a mais este discurso de "encorajamento"... :((


"Alergia" (26-12-2011), in, "Alegrias e Alergias"



domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal 3: Boas Festas!- Conto de Natal


(com cenas da longa-metragem "Eight Bellow" e música de "Journey of the Angels"/Silent Night de/por Enya)
Sem muitas palavras,pois dispensa bem,clarísima e bela que  é a mensagem deste conto de Natal,  uma montagem de um filme que já passou nas TVs.  Ou de como os animais, neste caso os cães, percebem muito mais de  Amizade(a VERDADEIRA), Lealdade,Confiança ,Coragem   e Resiliência que muitos humanos!
 Dá  pelo nome ,no YTube , de"A Christmas Story- Journey of theAngels/Silent Night by Enya".
Boas Festas  a todos, com muita Paz e Luz. E que o Natal, mesmo em crise, seja ocasião de Reeencontro e  de verdadeiro Amor (não de empanturramentos perigosos ou de  arranjinhos para compensar egoísmos  e incompreensões).
Meditem e aprendam com a  cadela   Maya e seus Amigos de quatro patas.

Natal 2: As Estrelas caem do Céu. Os Amigos não...


("It's A Wonderful Life", de Frank Capra- "Do Céu Caíu Uma Estrela"- cenas finais)
Na sexta-feira à noite passou na RTP1 o clássico filme de Frank Capra, "Do Céu caíu uma Estrela". A história do idealista "anónimo"  George Baley , que, cansado de ver a vida sempre a andar para trás, cheio de problemas económicos e não só, maltratado por pensar primeiro nos outros e a prova viva que o mundo parece andar ao contrário, tantas vezes parecendo castigar os bons e beneficiar os cruéis,... tenta o suicídio. De resto, já devem recordar-se. Um velhote, anjo temporariamente suspenso do Céu,impede a desgraça e fá-lo reviver o seu passado e também ver como ficaria o mundo dos outros à sua volta, se ele desaparecesse. Esse anjo tem por missão salvar George e assim ganhar o seu par de asas.
Aqui (acima)estão as cenas finais (desta vez sem acrescentos de internautas! :)).
O mais importante, a mensagem de Clarence, o anjo:
"Lembra-te, não é pobre aquele que tem amigos."
Às vezes duvido da verdade dessa mensagem. Raramente acaba tudo tão perfeito como neste filme, com os amigos a surgir de todo o lado a provir com o dinheiro que George precisava, para não ir para a prisão. Mas também ele já não se importaria de ir, pois descobrira o que era mais importante do que esses sarilhos.
Por vezes os amigos não se apercebem do sofrimento dos outros, não por maldade. mas pelo corre corre da vida. Outras vezes são poucos os que surgem por iniciativa própria a dar a mão em tempos de crise.
A mensagem do anjo deveria ser ao contrário, pois foi isso que aconteceu a george Bailey: ele tinha amigos, porque ERA AMIGO, sem se aperceber até. Ou seja, não ficava só à espera que os OUTROS se preocupassem com ele, mas preocupava-se com os outros, tantas vezes se esquecendo de si. Como quando teve todos aqueles gestos de atenção e coragem em criança. Como quando contagiou os outros com o seu entusiasmo e até ingenuidade. Com a sua alegria de viver.
A mensagem deveria ser: Nunca é pobre QUEM É AMIGO.
Verdadeiro. Ser-se amigo não  é dizer a alguém "Confia, confia, sou teu amigo!" (pois...) e depois, quando uma "pancada" dá na cabeça, trair essa confiança dizendo em público algo que se lhe confiou de muito pessoal e até grave. Isso é traição, estúpida e vil. É porque se andou a querer a confiança de alguém para depois ter mais poder sobre essa pessoa e melhor manipular, do cimo de uma superioridade tonta e inexistente  (era tudo uma grande mentira?!) . Não é amigo quem disse maravilhas e elogios de alguém e depois, para impressionar novos "amigos", tantas vezes desconhecidos cibernéticos, se insulta essa pessoa publicamente e ainda se dá os ares de ofensa!Mas issoé coisa de doença grave, até posso entender. Só isso explica... Não é amigo, se depois diz que deixa de ter amizade, como se a amizade não fosse algo a ser construído e fosse um mero interruptor.Não se é amigo quem toma o que é obra dos outros como sua, ou pelo menos o sequestra em torpe "rapto" de propriedade intelectual. Não se é amigo quando se toma um sincero e bom conselho, em particular, por insulto, quando não se entende nada de nada e se troca pessoas que tudo fizeram por nós em momentos difíceis, sem nada pedir em troca que não lealdade, por outras quase desconhecidas que nos fazem as vontadinhas, só porque ainda estão iludidas. Quando se  quebra a lealdade de uns em troca de meros gestos de atenção de outros, por vezes  até de Amor, mas nunca retribuídos, pois não se sabe o que amor seja.
Não Ama quem não sabe dar amor. Há quem tenha amigos embora nunca seja amigo.Injusto, completamente, pois muito  no mundo é podre e tonto como essas pessoas.
Daí eu dizer que o mundo por vezes não tem esse equilíbrio que o filme mostra. Mas, lá está, é uma ficção, uma parábola, com uma bela mensagem de coragem e ternura.
O que deveria ser dito aos G. Baileys deste mundo é que, apesar das traições, de nem sempre a amizade ser retribuida, por cada traidor que estraçalhou a sua confiança, há três ou quatro bons amigos, que sabem poder contar connosco e sabem o que é a gratidão e o carinho. Que sabem dar, receber e a diferença entre os dois gestos.
Para cada Sr. Potter avarento,por outro lado também, há uma família que acolhe, verdadeiros amigos com que se pode contar.
Por isso, o "Alegrias e Alergias" deseja Bom Natal a todos, sem egoísmos, revendo a vida, partindo ao reencontro com os que nos amam, mas, sobretudo, aqueles QUE NÓS AMAMOS e sabemos amar. Pois o Amor não é uma montanha -russa nem algo que se desgaste ou desligue: o verdadeiro amor e a verdadeira Amizade, mesmo que tenha momentos de afastamento, são sempre para a eternidade, sempre em crescendo. Se forem de verdade. Se lhes dermos valor e cultivarmos, sem "negócios" de sentimentos,daqueles simulados por alguns só para que alguém cuide de si!
Margarida Alegria (25-12-2011)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal 1: qual quê "It's a Wonderful Life"?! :((


("It's  a Wonderful Life" de Frank Capra, nova versão para o Final, por "monta72", noYouTube)

Há bocado chorei de raiva,como não fazia há muito tempo...
Tinha ido visitar o "Berço da  Caridade",  a casa para bebés e crianças pequenas abandonadas, uma das várias casas pertencentes à obra fundada pelo padre Gil. Era algo a que estava habituada a fazer, com relativa regularidade quase anual, por  esta época. Não me envergonho de dizer embora nunca o tivesse contado a ninguém, para além  de familiares mais chegados (devemos ter vergonha de muitas coisas,mas jamais de nos lembrarmos dos outros),porém  agora preciso de o fazer: fazia-o há muitos anos, desde a minha adolescência, nesses tempos indo com amigos passar algumas tardes de sábado a brincar e lanchar com esses pequeninos e o grupo de senhoras que de alma e coração os criavam como de verdadeiros filhos fossem. Tinham uma vivenda confortável, em zona calma residencial da cidade, com quintal simpático e arborizado. A maioria eram bebés de colo mas havia sempre uma ou outra criança mais velhinha, aé aos 7 ou 8 anos . Centenas de crianças foram ali salvas da miséria e/ou da ausência de Amor e Carinho.  O termo "Caridade"da casa não representava a "Caridadezinha" de estilo Senhoras da Mocidade Portuguesa, como a que parece estar por aí em voga, de novo. Era a "Caridade" no sentido bíblico de S. Paulo, como sinónimo de Amor, aquela que vale mais que falar muitas línguas e que até ultrapassa a força da Fé e da Esperança.
Pois bem: chegada lá hoje, foi o choque! Pensei até que me havia enganado na porta e  percorri toda a rua. Mas era uma realidade: a vivenda, uma sólida construção dos anos 60, tinha as paredes laterais derrubadas, o portão estava selado a cadeado, o belo jardim abandonado. Na parede fronteira, um cartaz de "Vende-se", já desleixado.
Há algum tempo ouvira rumores que a obra estava em dificuldades financeiras, como tantas outras neste tempo de nojenta crise. Mas como sabia que a obra vivia apenas dos apoios que lhes davam as boas-vontades, confiei que não falhassem os gestos amigos que impedissem o pior. Frei Gil já falecera há muitos anos e a obra sobrevivera sempre, tanto esta casa como as outras para adolescentes e jovens.
Hoje porém, verifiquei que algo não correra tão bem e então as lágrimas correram-me, de raiva, como já disse, para com este mundo dominado por bestas. E chorei de raiva, também, por não me ter preocupado muito antes, pelo meu tipo de apoio apressado, fugaz, envergonhado e natalício, sem tempo para cuidar mais daquelas crianças ao longo do ano.
A zona é considerada nobre, sempre muito cobiçada pelos novos-ricos e pelos cultores do betão. Se bem me lembro a casa era cedida por um benemérito amigo, há já décadas e décadas. Ao observar a forma como agora estava tratada, não era difícil adivinhar o que acontecera, pois conheço dezenas de casos semelhantes: o dito benemérito lá falecera , chegara a "vez" de algum herdeiro distante e mais insensível que reclamara o que "era dele/a", a contar os tostõezinhos e o lucro. Lá despejara as pobres senhoras e as crianças(espero que ao menos com uma boa indemnização, mas duvido muito!), sem pudor, lá tentara as obras, num primeiro momento e não tivera dinheiro para tanto, tendo agora posto a casa à venda,  mais uma casa outrora bem cuidada e cheia de vida e risos entregue ao musgo do tempo e da ganância humana! Aquela casa era  e fora o lar de muitas crianças, agora é apenas um lugar. Um lugar esventrado e inútil.
O que mais me impressão causou, ainda para mais, foi não conseguir encontrar vizinhos que me soubessem explicar o que acontecera, para onde haviam mudado e Se tinham nova casa. Indaguei em algumas portas em redor e em moradores que passavam, mas ninguém sabia o que acontecera àqueles vizinhos há tantas décadas ali, num lugar que fora tão acarinhado por tantos. Só que já há alguns meses já por  lá não estavam.
É assim a memória do Mundo. É assim a sua capacidade de Atenção... E eu fora, indirectamente, cúmplice também ...:'((
Regressei a casa, desanimada, para ainda ver mais uma medida pseudo-troika dos desgovernantes, na calha para o ano que vem e já a saltar para os jornais:"Duração do subsídio de desemprego pode vir a ser reduzida até 75 %" (e isto até para desempregados acima dos 40 anos, hoje em dia já considerados não recicláveis pela maioria do nosso patronato).
E ainda a notícia de novos aumentos dos transportes, que se prevêem enormes! (mas que simpaticamente os desgovernantes dizem ser "SÓ" para Fevereiro). Grandes governantes!
São estes trastes  todos que nos custa aceitar como humanos que querem para sempre destruir o Natal e a vida das pessoas, estes herdeiros de casas que despejam sem um pingo de alma, todos esses especuladores do lucro que levam empresas e países à falência e  todos os seus ajudantes "Reis Magos", Gaspar, Pedro "Baltazar" e Relvas "Melchior.
Já nem me preocupam os "infelizes" que desprezam o Natal de outras formas, só porque são egocêntricos elevados à máxima potência, odiando o sentido do Natal junto dos seus, mas desejando boas Festas a desconhecidos, aos importantes e aos estrangeiros. Esses são patéticos,uns tristes, não há muito a fazer, se eles próprios não quiserem mudar, fazer Natal (para si, mas acima de tudo por o fazerem  PARA os OUTROS).
O que me apetecia, neste momento é que acontecesse a esses Tios Patinhas /Mr. Scrooge das altas Finanças e de muita Avareza,a todos esses comedores de dinheiro e heranças e aos seus amigos dos ratings e Bolsa, o que aquele criativo no  video  do Youtube acrescentou ao final do famoso "Do Céu Caíu uma Estrela" ("It´s a wonderful Life"), de Capra. ORA VEJAM ATÉ AO FIM! Pode parecer terrível, mas julgo que por vezes esses Monstros do Dinheiro, esses Srs Potter (o "Scrooge" do filme, o único que não se arrepende ou sente piedade pelos outros, pois substituiu o coração por um cofre). Confesso que seria um Natal mais justo  para todos, PELO MENOS UMA VEZ que fosse, malditos sejam! :(((não se assustem, segue já a mensagem mais positiva e natalícia para a quadra. Agora tinha de desabafar a minha amargura!)
Margarida Alegria (24/12/2011)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sónia "libertou gases"?!(Um Louco Pré-Natal 3)

Mais outra para a Silly Season Pré-Natal. Desta vez foi culpa da minha leitura apressada do jornal Público de ontem. No entanto inclino-me mais para ambiguidade criada por uma inusitada linguagem jurídica, ou então da sua transcrição em linguagem jornalística. Senão, coloquem-se no meu lugar: ao folhear o jornal, dão com uma notícia curta , daquelas que agora colocam na parte superior de algumas páginas, com foto recortada e um breve texto. E dizia assim, tal e qual (apenas o "negrito" é meu):
"A actriz Sónia Brazão foi acusada pelo Ministério Público (MP) do crime de libertação de gases asfixiantes e explosão. O despacho foi proferido na segunda-feira (...) "

E diz ainda (a parte mais cruel) que a "moldura penal pode atingir os oito anos de prisão."


Estão a ver a minha perplexidade inicial?!

Depois lembrei-me que Sónia Brazão é a tal actriz de telenovelas que teve uma explosão de gás canalizado no seu apartamento, há uns meses, e que havia uma polémica sobre se fora acidente ou tentativa de suicídio. Ao que parece acendera todos os bicos de gás...

Que me desculpe Sónia Brazão pela pequena brincadeira neste post. Não a conheço nem à sua carreira, mas parece ser uma pessoa simpática e, fosse de propósito ou não, ninguém merece sofrer o que sofreu como resultado da dita explosão. Desejo-lhe desde já muitas felicidades na vida e na recuperação e umas Boas Festas.

Mas, convenhamos, que raio de linguagem é esta para os Autos jurídicos e para os jornais, o dizer que alguém "libertou gases" e "explodiu" e que tal... foi considerado crime...


Repito a expressão : "crime de libertação de gases"?!


Não havia uns termos mais adequados? Por exemplo: Crime de negligência com substâncias perigosas e de provocar uma explosão"... algo assim?

À primeira leitura, a frase alarmaria todo o pobre diabo que sofra de alto grau flatulência (a imaginar-se a apanhar 8 anos de prisão por ser sensível às feijoadas), e/ou ainda quem se irrita facilmente (embora para esses, até que uns dias atrás das grades fariam bem, antes de "explodirem" por tudo e por nada!).

Por isso , além de rever o Código penal, o M. da Justiça deveria modernizar esta linguagem um tanto hermética, perigosa e ambígua usada na magistratura! :)

Quanto à relação entre este post e os dois anteriores, sobre as bizarrias de Natal deste ano (AQUI e depois ainda ACOLÁ), a semelhança é simples. Tanto as palavras de Passos Coelho na famosa entrevista, como depois as declarações de vários responsáveis políticos em sua defesa, poderiam ser considerados, para o país, uma espécie de novo "crime de libertação de gases", neste caso de "gases perigosos de Desistência do País", quase invisíveis à primeira olhadela (um "episódio lateral", como o classificou o próprio PPC), mas de forma alguma inodoros ou não causador de danos irreversíveis. Os danos foram irreversíveis para muita gente que ficou ofendida com as suas palavras , a aconselhar a emigração às pessoas mais qualificadas, e foram sem dúvida IRREVERSÍVEIS para a própria imagem de P. Coelho diante daqueles que nele ainda punham alguma Esperança. Não era o meu caso, mas ao menos esperava dele maior seriedade e mais idealismo e, pelo menos, maior sensibilidade. Mas não. Tem-se revelado quase um robôt teleguiado por Berlim. Sem um pingo de amor ao país, de respeito pelos seus concidadãos que mais sofrem. Certo, não teve de sofrer muitas tempestades na vida, nem sequer para chegar onde chegou. Mas poderia instruir-se e ser mais humilde. Pensar. Reflectir. Não debitar apenas ideia feitas e já experimentadas desastrosamente noutros países. Como nos filmes, com certos artefactos teleguiados, temo agora que, quando quem tem os comandos não precise deste brinquedo obediente,ou deste país "mal comportado", pratique o crime seguinte "o de explosão" . A "explosão" precoce da carreira de PPC e a "explosão" do país e total destruição da nossa democracia.

As agências de notação financeira, que gozam deleitadas com todos estes governos acossados e sem ideias ou ideais, já puseram Portugal em todos os contentores de "lixo" que inventam, nas suas célebres "opiniões" que fazem tremer os fracos políticos do Mundo.Os ingleses, eternos pessimistas, já estão aí a pensar na evacuação dos seus, de Portugal. "Não há fumo sem fogo "(e não estou a pensar no caso Sónia Brazão). E o "The Economist" já nos classificou como integrando agora o grupo de países que são "democracias falhadas/com falhas". Isto é, democracias que não mandam no seu próprio destino, mas totalmente sequestradas (outro crime!) por mãos estrangeiras (outros governos e/ou poderes económicos transnacionais). O "The economist" não é uma revista qualquer. Está bem atenta e informada!

Lá está... um país Telecomandado! :((

(Mais uma vez as minhas sinceras desculpas a Sónia B. pela brincadeira inicial. E talvez também pela associação -- injusta para ela--do seu caso, a estes "crimes", bem mais graves e danosos.)


"Alergia" (22 de Dezembro de 2011)




quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sinceridade?! (Um Louco Pré-Natal 2)

Voltando, como prometera, ao caso sumarento da entrevista do Primeiro-ministro e aos seus conselhos, tanto a professores desempregados como a outra mão-de-obra qualificada, que analisei no meu post anterior (AQUI), quero agora acrescentar mais algumas pontas soltas que ficaram, assim como alguns argumentos dos que vieram à praça, blogosférica ou televisiva, em defesa da interpretação mais branqueada das palavras de Passos Coelho.
Em síntese e generalizando um pouco, os argumentos principais de defesa da famosa "gaffe"(?) do PM são os seguintes:


1- Afinal PPC apenas disse o mesmo que toda a gente diz em casa, aos filhos, aos amigos, é normal. Não há nada demais em aconselhar as pessoas a emigrar. A situação está má,há muito desemprego em Portugal mesmo ou sobretudo para os jovens mais qualificados;
2-Estão a fazer uma tempestade num copo de água; a frase foi descontextualizada, PPC falava de conversas tidas com a "presidenta" Dilma e o presidente de Angola, foi um "fait divers".


Nota ao argumento 2: Ressalve-se que hoje mesmo o próprio PPC (!!!)veio com esse argumento de auto-defesa, como se não falasse de algo que ele próprio disse. Ou seja, sem um único esboço de pedido de desculpas e vendo que os seus defensores ainda haviam agravado a polémica, com a fraca e até disparatada argumentação apresentada, PPC diz que não se deve perder tempo a discutir coisas pequenas, falhas pequenas, pois há objectivos maiores a encarar, a tal coesão nacional ( a que apelou o PR, por exemplo), para desígnios comuns ( só faltava falar dos "amanhãs que cantam").


3-Finalmente, o argumento máximo de ricochete é aquele que assume que quem critica as palavras do PM é porque defende o anterior, Sócrates de má memória e resume-se assim:"O que é? Preferiam por acaso que PPC fosse mentiroso como o outro?! Ao menos este diz as verdades! É muito sincero! Criticam alguém por ser sincero»!"

(Há um quarto argumento: o de que já há poucas crianças e há professores a mais, completamente fora da realidade, mas deixarei esse para outra ocasião).

Uma rápida resposta aos dois primeiros argumentos (poderei desenvolver mais tarde, pois este tema ainda vai dar para mais uns 3 posts. Já estão planeados):

R1- (Este argumento já analisei antes mas vou voltar á carga) É claro que em conversa de família, de café e blogues as pessoas falam da hipótese de emigração para melhorar o futuro. Aconselham filhos e vizinhos. Mas PPC não estava em conversa de café, nem com os amigos: é o PM, o responsável máximo do governo, alguém que deve ter uma visão global para o futuro do país e não um funcionário de cartório para fazer inventário e cobrar penhoras. Alguns comparam o discurso da crise como o criar de uma pausa num jogo de futebol, até se poder jogar bem de novo. Discordo: não é hora de descansar. E se o país é uma equipa, todos devem ser treinados e incentivados, mesmo os que têm de ficar no banco algum tempo, E o PM não é um árbitro que pára o jogo, nem muito menos um relatador de bancada, a dizer que o jogo está perdido e a equipa não tem hipóteses. O PM deve ser o treinador, que sabe criar "espírito de corpo" em todos. E falar para os OCS é falar para todo o país. Não basta apelar ao bem comum quando há discursos oficiais.

R2- Falar da missão de um chefe de governo NÃO é um "fait divers". Antes pelo contrário.Se o assunto era só um detalhe lateral na entrevista, já deveria saber que não poderia generalizar assim. Então em Campanha eleitoral fala em Futuro melhor e desígnios nacionais (os tais que agora retoma, fingindo optimismo para salvar "a coisas") e fala do destino de milhares de portugueses e de uma opção seriíssima e gigantesca que é emigrar, largar o país , os seus , as raízes, como se fosse uma coisa banal?! Era uma mera hipótese académica?! Votamos à tal conversa de café? A vida inteira das pessoas, a sua mudança total e a violência de adaptação de jovens sem cunhas e de pessoas já com família... é um... pormenor?" Um detalhe?". E o arremedo de hoje também foi mais um tiro no próprio pé, mostrando que o tal sincero e verdadeiro não se digna a pedir desculpa por ter generalizado, por ter dado tal conselho. E por, ao parecer esquecer o seu papel de motor central do país nessa(s) entrevista(s), ter transmitido a mensagem subliminar: "atenção, povo! Estamos por um fio e tramados! Salve-se quem puder. Emigrem. Cá não há lugar para vós! Borda fora! Rua!". Conversei com diversas pessoas de várias condições. Foi ESSA a mensagem que passou! E começo até a achar que é essa a intenção comunicativa, pois como temos visto com as medidas, têm usado as mesmas técnicas de alarmismo que usava o governo de J. Sócrates (anunciar que cortam 100, depois afinal não é bem assim e depois cortam 99 para o país suspirar aliviado e encolher ombros).E não é que poucos dias depois lá vêm medidas adicionais e de exploração laboral? parecem piores, mas afinal dois dias antes o PM mostrou a hipótese que mais receariamos: ou aceitarmos mais apertos, ou emigramos para lugares inseguros e ainda mais precários.

R3- Quanto à questão da "sinceridade", de dizer a verdade: é certo que ficámos a detestar pinóquios, mas até disso o nosso PM não pode sair ileso, pois já contrariou, em seis escassos meses, tudo o que prometeu em Campanha Eleitoral, reforçando o descrédito dos políticos junto da população e de quem nele confiou, como menino de coro sincero. Já perdeu ese crédito. E uma coisa é dizer a Verdade aos portugueses, outra é ser desanimador e alarmista no cargo que tem. Além do mais, a questão da Verdade ainda está mal contada, pos até ao momento nem sabemos a quem é que devemos de facto, e quanto (sem ser com buracos colossais, em cada km avançado), quem são os responsáveis mais directos pelos rombos e como lhe estáa ser cobrada a ELES a indemnização pelos danos. E resta pensar ainda no que se fala quando se menciona a SINCERIDADE dos políticos. Será como este cartoon que aqui mostro a seguir? Qualquer verdade serve? Como a daquela mãe que na rua chama "seu filho da P.*!" ao próprio filho, toda cheia de "sinceridade"?



Depois, ao ver tantos blogueiros e comentadores alaranjadamente a defender a virtude da "Sinceridade" como bem absoluto e panaceia Universal, comecei a tentar lembrar-me onde surgira essa praga do "ser sincero"= ser "à bruta". E lembrei-me: há uns anos havia a febre do primeiro "Big brother" em Portugal. Mesmo tentando dissuadir os alunos de ver esse tipo de "programas", o assunto vinha sempre à baila a propósito para tudo. Em tudo queriam falar do que viam, Redacções, comentário de textos, actividades extra-curriculares...Houve duas expressões que vieram para ficar desde então, para nosso mal: o "estarmos dentro da casa 24 sobre 24 horas" (expressão de cariz Científico-matemático que redundava num vazio Lapalisseano saber) e... o "ele/ela é bruto/a mas é SINCERO". O ser sincero parecia tornar-se assim no ser-se um grunho desbocado e violento, que não sofrera polimento dos pais, mas que no fundo era um bom selvagem! E era preciso rebater essa imagem distorcida e fazer ver aos alunos que uma coisa era ser-se mentiroso ou hipócrita(algo negativo), outra era confundir sinceridade com crueldade, irritação e precipitação, o mandar àquela parte outros seres humanos por todo e qualquer razão, só porque se acordou maldisposto e o "ser-se mesmo assim com mau feitio" ser uma inevitabilidade que não se pode modelar com tolerância e a voz da consciência. Como que se o nascer bruto e impulsivo fosse inevitável e marca para toda a vida, não havendo as partes comuns de boa convivência que nos devem ajudar a auto-regular e controlar os "humores". No fundo, numa cultura que, endeusando o corpo e a aparente espontaneidade, desprezava a cortesia e a decência como algo de nocivo ao culto do EU, então em crescendo. Uma sociedade a criar narcisistas, em suma. Com o acrescento espúrio de, sabendo que eram filmados, serem ainda mais brutos e mais "sinceros", a bem das audiências que gostam de pão e circo.



(após um famoso pontapé de um concorrente a uma colega, só porque se irritou com uma agressão verbal. Ou seja, as bravatas de taberna levadas ao rubro perante milhões. E tanto bom actor no desemprego. Mas era a tal pseudo-sinceridade impulsiva a reinar.)


Voltando ao PM e seus defensores. Afinal, o que interessa é que foi "sincero", dando um "pontapé na cara" das pessoas mais qualificadas no país, um recado "sincero" e amigo, a tentar "pontapear" pessoas para fora do país, pelo insulto que foi gastarem tanta verba do PIB (os números do custo de cada aluno vem sempre à baila, como se fosse um mero automóvel a gastar X de gasolina e manutenção) para se formarem! Um pontapé metafórico, mas sentido como pontapé por pessoas que andam há anos e décadas a ensinar com contratos a prazo para o próprio Estado, mão-de-obra qualificada e barata a assegurar as muitas necessidades de docentes pelo pais fora. Pessoas que já há muitos anos andam fora das famosas "zonas de conforto", pois percorrem o país, ano após ano, de "casa" às costas, separando-se já da família, muitas vezes, Vidas duras. Mas vai o jovem governante, sempre amparado, e, do cimo da sua "sinceridade" eleita, aconselha à "simplicidade" da emigração. Não foi bonito. Não foi nem boa ideia para quem falou, nem para aqueles a quem "aconselhava" ,qual Marcelo Caetano em "Conversas em Família" (esse menos sincero, mais sinuoso). Nem foi uma boa ideia como solução para o país. Tentar esvaziá-lo não aumenta a produtividade almejada nos designios comuns. Nem "universalistas", lembrando a argumentação infeliz do ministro Relvas.Outros países agradecem tanta oferta de gente já pronta a trabalhar. E Portugal? E...nem sequer foi Verdade. Pois até acabara de mandar regressar professores a trabalhar no estrangeiro! E não tinha qualquer plano de apoio para tal emigração: não se pode aconselhar alguém em público para ir pedir ajuda ao país vizinho sem antes perguntar ao país vizinho se está disposto a acolher. África , Brasil, Timor, não ficam ali já à esquina, com "pensões Avenida" (ou sequer meros CONSULADOS) em cada quarteirão...


Para terminar, deixo o mimo desta foto, que mais uma vez comprova que dizer certas "verdades" pode criar certo alarmismo, embora pareça prático e cómodo para o próprio! :))
Ora leiam lá a camisa!


"Alergia" (21-12-2011)


(continuarei o tema e seus colaterais noutros posts- como a Parte 3 AQUI)

domingo, 18 de dezembro de 2011

Um Louco Pré-Natal anda por aí

Assim como há uma Silly Season de Verão, a anunciar alguns cérebros que foram de férias, parece que de vez em quando há uma Silly Season Pré-Natal, a anunciar toda uma distorção e todo um folclore estranho a esta quadra festiva, que em nada se radica no Natal original, de Joy to the world e Paz entre humanos. E , mais uma vez, amplos lotes de cérebros a precisar de renovação.


Na última semana têm sido um sem fim de notícias que ora nos deixam tristes, ora nos fazem rir, ora nos indignam. Mas todas elas mais ou menos em redor de festejos de Natal e "Prendas no sapatinho".


Pego a eito: uma maré de Pais Natais nas ruas Porto para entrar no "Guiness Book" não se sabe nunca bem para quê. Uma mais generosa maré de velas no centro de Lisboa, por intuitos mais solidários (o belo projecto da Casa dos Sonhos ), mas que nos faz pensar por que será que só com as tentativas de bater records certas pessoas aderem em massa ao gosto em contribuir e ajudar os outros.


Há o caso arrepiante passado na Alemanha, onde um louco perverso anda a envenenar jovens, fingindo que é Pai Natal nas feiras e que comemora o nascimento de um filho à sua "Mary Christmas", oferecendo copos de "schnaps"(aguardente) quente. Monstruoso!


Ainda: o "Banco Alimentar contra a Fome " de Braga foi assaltado e teme-se a burla em falsos peditórios.E um pouco por todo o lado "falsos" pais natais e vigaristas que tocam na corda-sensível natalícia da generosidade das suas vítimas.


Porém o caso mais delicioso e inesperado é o do Chefe da PSP de Coimbra que enviou cartões de Natal em nome da sua instituição, daqueles online repletos de sininhos e Árvores de Natal, em formato Power- point. Nada de mais normal. Só com um pequeno contratempo: nos últimos slides do P-point surgiam as fotos de moçoilas "desnudadas" e nada púdicas, como diria um "Diácono Remédios" e ainda os desejos sinceros de uma vida sexual muito próspera (noutros termos, também) a quem recebesse os ditos Postais. Foi o escândalo. O pobre chefe foi "chamado à pedra" e convidado a desculpar-se e a pedir a demissão.


Coitado. Sinceramente! Num país onde comprovados corruptos conseguem fugir facilmente do país e/ou escapar à Justiça, com grande estrelato, ou manobrando o adiar até à prescrição dos julgamentos de recurso (quando condenados), num país onde a pobre culpa morre solteira e os dinheiros desviados para off-shores nunca são recuperados, nem as asneiras de grandes cargos políticos e públicos são jamais castigadas (e até são seus autores promovidos)... este polícia é demitido, por enviar uns postais de Natal, com a melhor das intenções e até baratinho, pois nem gastava selos!


É por demais evidente que das três uma: ou o senhor não leu o postal original até ao fim antes de o reenviar, ou encarregou algum subalterno inconsciente e brincalhão da tarefa, ou leu e até deixou passar, com encolher de ombros,como alívio para a pressão profissional para a rapaziada.


Seja como for, pese as eventuais responsabilidades neste deslize, só o poderá ter feito por uma principal razão : excesso de trabalho. Sim, porque enquanto os polícias e os paramédicos de Londres não têm tido mãos a medir com os distúrbios da época pré natalícia(outra das notícias de Natal que nada de Natal da semana), prendendo gente alcoolizada nas festas e acudindo a centenas de casos de coma alcoólico, o nosso bom polícia Português certamente andará a braços com desmandos alcoólicos dos seus con-cidadãos, tanto lá por Coimbra como outros noutras cidades,o que, ao ter de inalar forçadamente os vapores expirados pelos "Pais Natais" "borrachões" que recolhe, o terá deixado perfeitamente baralhado quanto ao que deveria fazer e quanto à importância prioritária dos postais e à respectiva "dignidade" da Instituição.


Claro, os chefes dele é que têm a visão do que é mais relevante: o bom Povo Português prefere saber se os nossos polícias enviam postais decentes com ajudantes de Pai-Natal totalmente vestidas, --aliás para não dar a impressão que em Portugal a crise é tão grande que as portuguesas já não têm roupinha para o frio Inverno-- e que nenhuma gaffe dessas é cometida, do que se os assaltantes violentos são presos! Tal como prefere saber se os formulários de queixa têm todas as devidas vírgulas, do que se os assassinos são descobertos. Coisas de pouca monta, num país de brandos costumes.


Já nada me admira portanto, na loucura que parece grassar nacional e internacionalmente, nem esta demissão, nem o facto de, num país onde corruptos, ladrões e assassinos e pedófilos que escapam à prisão, termos , por outro lado, por vezes, forças policiais a dar crédito a queixas tontas de pessoas visivelmente perturbadas e/ou etilizadas, com base em alucinações e paranóias de perseguição. Não sei escutam tais queixas por mera piedade, se por gozo, ou se pela possibililidade de preencherem um belo formulário daqueles que ficam em branco nas não-queixas por assaltos a residências, por exemplo, por conselho de "não vale a pena" dos agentes policiais.


Por isso a minha solidariedade para com este Chefe de Polícia: ou estaria muito assoberbado com assuntos que realmente importam à missão policial, ou andaria afogado nesses tipos de queixas e até deixou passar as "pin-ups", para desanuviar com imagens femininas que julgou mais saudáveis. Ou ambas as coisas. Mas o tal pedido de desculpas teria bastado, bolas!, num país onde um nojento psiquiatra violou a paciente grávida de forma escabrosa e foi absolvido, só para dar mais outro exemplo extremo.


Hum... e o que fazem os governantes nestes Tags aqui abaixo? Pois bem, essa foi a prenda envenenada do nosso primeiro-ministro no sapatinho, nomeadamente no dos professores portugueses, mas que não tarda será convite extensivo a outros profissionais com estudos e cultura, formados a custo e a pulso com investimento dos pais e de toda a nação: que emigrassem, em caso de desemprego, nomeadamente para Angola (???) e outros PALOP. É o que muita gente diz que terá que fazer, a boca fechada ou entre amigos, mas não cabe de facto a um chefe de Governo, que prometeu um país melhor depois de dificuldades a enfrentar por todos, mais uma promessa que quebrou nas declarações divulgadas hoje e ontem (sobre a machadada certa nas pensões futuras ... que se fizessem PPR, aconselhou então, perante a felicidade das seguradoras e bancos. Lá deve saber o que resta em caixa, depois de rombos de décadas).
A meu ver, bem pior que enviar postais natalícios com mulheres nuas. Estas "felicitações" de Natal são totalmente pornográficas e insultuosas, para mais vindo de alguém que , pese o ar composto e simpático, ainda vem com algum cheiro das "fraldas" das "jotas-dodot" e com pouca rodagem em "voadores" ou em "tapetes de actividades" do mundo do trabalho.


Deveria estar a decidir e a ter ideias próprias, criativas e construtivas, mas em vez disso enviou, displicente e de perna cruzada em entrevistas (no Correio da Manhã de hoje dia 18), estes "Cartões de Natal" indecentes aos cidadãos. Alguém acima dele deveria exigir que se demitisse, ou pelo menos que pedisse desculpas formais aos visados, pois em nada prestigiou a instituição que dirige e pela qual jurou servir com a própria Honra. Sim, Portugal.


Já há posts excelentes sobre o assunto por essa blogosfera, mas não podia deixar passar algo quer chocou todo o país (pelo menos a boa parte que está atenta).


Ma o post vai longo e certamente retomarei o tema.


"Alergia" (18- 12-2011)