sábado, 9 de fevereiro de 2013

Detalhes de Carnaval em 2013

para ilustrar, este belíssimo "coro de freiras"(origami de Madalena Magalhães,arquitecta e artista do Porto.  daqui)
Desfile de Carnaval pela freguesia. Isto, enquanto esta não "acaba".
Tiveram sorte: dia de sol, sem vento ou a humidade do ano passado.
Coisa modesta, que os tempos não são de fartura, mas via-se que com empenho de algumas colectividades desportivas e recreativas. Até uma tímida "bateria" sambista, com três garotas a liderar, de grande saias rodadas, coloridas e bordadas. De resto, sobretudo crianças e adolescentes de grupos de hip-hop. Mas direito a rufos de  bombos e tambores de zés-pereiras e a um "trio eléctrico" a entoar canções carnavalescas cariocas.
Nesta coisa de Carnaval, especialmente quando há pequenos cortejos de crianças de escolas, aproveito para tentar  perceber como param as modas em matéria de heróis. Por exemplo, há escassos anos, para além dos "clássicos" cowboys e fadas, havia uma "pragas" de zorros, homens-aranhas, harry potters e outros justiceiros nas fatiotas para menino e de pocahontas, princesas, joaninhas e bruxinhas, na indumentária feminina.
Ah... também houve um tempo das invasões de emílias-bonecas e, há poucos anos, de criadas à "moda antiga", de uniforme negro e avental rendado, vá-se lá entender devido a que "febre"....
Numa rápida impressão geral este ano, vi que predominavam , entre eles, os piratas(mas não tanto na versão mais rústica do perna-de-pau, mas dos de vestes do séc. XVIII,com chapéu tridente e pose à "pirata das Caraíbas") e entre elas as Brancas-de-neve e as Minnies.
Na era do pronto a vestir, a  escolha da maioria foi ditada provavelmente pelo maior fornecimento nas lojas, mas a escolha destas fantasias, já tão diferentes pôs-me a pensar no quanto às tantas reflectem os que são heróis em cada época. Ou seja: antes, eram os heróis, seres perfeitos com super-poderes mágicos ou de ficção -científica, hoje, no tempo dos "hackers e  dos vilões da vida real , burlões"punhos de renda" que tudo aldrabam e rapinam, temos... os piratas. As meninas,essas, continuam a sonhar romanticamente com as princesas de sempre. Menos influenciadas por modas, ou mais conservadoras?
Foi particularmente engraçado ver um trio formado por um desses piratas de  fato de seda, um mosqueteiro de capa e espada e ainda um marinheiro a perseguir ( calma, a jogar às caçadinhas...) um vampiro! Curiosamente, os vampiros, em grande força há um ou dois anos, parecem ter perdido a sua representatividade "farpelar", este ano, quem sabe se por ironia. Talvez de tanto se ouvir falar de outros "vampiros", que tudo comem, estes seres tenham passado de anti-heróis "crepusculares" para seres abjectos que ninguém quer imitar.
Outras curiosidades , talvez também tradutoras dos tempos: alguns presidiários folgazões, meia dúzia das tradicionais espanholas dançarinas de flamenco (suponho que as sobras dos seus vestidos permitiram às fábricas fazer as saias das minnies...) e um outro grupo étnico bem numeroso. O dos chinesinhos. Mas  aqueles do imaginário antigo, com  kimonos ou "pijamas" , sombrinhas de papel, afiados bigodes e chapéus cónicos de mondar o arroz. Só faltavam os rabichos e os pés ligados(agora com vistosos sapatos-ténis). Décadas passadas e algumas coisas não mudam....
Por falar em heróis, para tanta Minnie, só vislumbrei um Mickey! Mas muito perfeitinho, com fato  preto à medida dos seus três ou quatro anos, sapatos  redondos alaranjados, luvas brancas, cauda afilada, calções parecidos com os originais.
Eis que, de repente, sozinha na estrada, desfila uma "freira", vestida a preceito. Trazia na mão o que parecia ser um missal ou outro livro. De tão zelosa que parecia na sua missão, não se limitava às palhaçadas dos demais: esticava os braços com o livro  negro para um lado, depois para o outro, parecendo estar a querer "evangelizar" os transeuntes, como se dissesse, com aquele gesto, "Vejam a Palavra do Senhor!".
Estranhei tanta pompa para uma freira, mesmo de brincar, quando percebi enfim o que era o tal "missal". Qual missal, qual quê... era UM TABLET...
 O que a falsa monja estava a fazer, "religiosamente", com os seus braços esticados era a filmar ou a tirar umas fotos a vários ângulos do cortejo e dos espectadores!
Os disfarces de freira podem ser de todas as épocas, mas esta freira era sem dúvida uma foliona do Carnaval de...2013.
Margarida Alegria (9-2-2013, in blog "Alegrias e Alergias")
O tal post que tenho andar a burilar nos últimos dias (para não falar nos outros...) está quase  quase pronto. Cada dia há novidades que o complicam! Tenham mais um pouco de paciência; entretanto fiz este com um mero apontamento  curioso da época carnavalesca.














 ADENDA de BANDA DESENHADA:
Aqui estão dois retratos de duas fases da personagem Minnie Mouse, de Walt Disney.Criada em 1928, para fazer par com o Mickey no trio de primeiros filmes  de  W. Disney e Ub Iwerks com esse herói (entre 1928 e 1929)   "Steamboat Willie", "Gallopping Gaucho" e "Plane Crazy" (o do célebre beijo entre o par de ratitos). A Minnie mais moderna passou a andar mais vestida, mas ainda deixa   à mostra as rendas das ceroulas; ganhou um  enorme laço na cabeça e outros  mais pequenos nos sapatos (que não mudaram de modelo).
Apesar das muitas lendas sobre a criação de Mickey e da sua companheira (por exemplo, que fora o irmão de Walt, Roy, a criar a personagem; ou que Walt o criara, mas queria chamar-lhe Mortimer, sendo a sua esposa a propôr-lhe  a mudança para Mickey, menos sisudo), a versão que parece mais exacta é que o primeiro a desenhar as  duas personagens, em 1928, terá sido  Ub Iwerks, talentoso animador e então braço direito de Disney.
Quanto à versão de papel, isto é, as histórias aos quadradinhos para os jornais, foi sobretudo desenvolvida, ao longo de vários anos, por Floyd Gottfredson, que tinha por missão criar essas bandas desenhadas com Mickey e seus amigos, ganhando uma autonomia muito própria em relação aos filmes, que estavam sob a batuta de Disney.
Na  história aos quadradinhos " The Gleam"(1942), de Merril De Maris e Floyd Gottfredson, Minnie  diz chamar-se "Minerva Mouse" (sendo logicamente Minnie o diminutivo!).
Noutras histórias surgem alguns familiares: os pais, Margie e Marcus(agricultores) ; os avós, Matilda e Marshall(só em "foto"); o tio Mortimer (co-protagonista em algumas aventuras) e as duas sobrinhas da Minnie, Millie e Melody Mouse.
No filme "The Picnic" (1930) surge pela primeira vez o seu cão Pluto (sim , o cão era  animal de estimação dela e não de Mickey), aí ainda com o nome banal de ...Rover. (Mais detalhes, embora um tanto confusos e por vezes contraditórios AQUI)

4 comentários:

  1. Em tudo há modas :))
    Mas é giro de ver!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também acho piada... Ver, não desfilar. E este só vi pois passou perto de casa. Beijinho :)

      Eliminar
  2. Fizeste-me recuar até à infância.

    Embora o avanço tecnológico avance descompassadamente a verdade é que as meninas continuam a sonhar com princípes encantados.

    Será que o mulherio nunca mais aprende?

    Deve ter algo a ver com os genes. Está no ADN: ter como objectivo de vida, casar, ter filhos e ser feliz para sempre.
    Olha quem fala!

    Eu mascarava-me de dama antiga. Tinha uma saia duma bisavó e usava-a quase sempre.

    Gostava de me sentir noutros tempos.
    Para além do mais não havia orçamento para mais e parece que imaginação também não.
    A verdade é que me divirtia e isso importava.

    Hoje só quero sossego e diversão sem dias marcados.

    És uma observadora e pêras.

    Gostei muito da tua descrição narrativa..

    Diverte-te!

    Beijinho

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. m casa também não havia fatos comprados (nem desses havia na altura, só mandando fazer à costureira). Mas fazia-se a "festa" com a prata da cas e o principal eram os estalinhos e as serpentinas. Os meninos com pistolas de fulminantes. E as bisnagas de água.
      Mas normalmente bastava misturar um chapéu do avô com um lenço da mãe e uns colares de fantasia, umas farrruscadas na cara e o que interessava era brincar.
      O disfarce que mais me orgulhou um dia foi um de Pipi das meias altas. Bastou pintar umas sardas, vestir meias altas coloridas e um vestido aos quadradis e fazer umas tranças, colocando uns bocados de arame no interior! :)
      Beijos

      Eliminar