sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Anti-AO: uma boa notícia, no meio de tanta má! :)

Depois de tanta má notícia, a dar conta dos disparates desgovernativos, das maldades ultraliberais e desvairadas (depois da onda dos disparates e maldades desgovernativas socretinas), sabe bem ler, antes do fim-de-semana, uma boa notícia para variar.

O recém nomeado director do CCB (centro Cultural de Belém), Vasco Graça Moura, uma das individualidades há mais anos a opôr-se contra o Novo Acordo Ortográfico, não teve meias medidas. Chegado ao CCB, mandou retirar dos computadores a aplicação que converte a ortografia às pseudo-regras do novo AO , que , lembremos, ainda não é lei e ainda só foi assinado por Portugal, Brasil (com muita gente a contestar também) e Cabo Verde. Portanto, um AO cuja imposição a partir deste ano e até 2014 não tem qualquer cabimento.


Sobre este tema, já escrevi muito (nomes dos meses com minúscula?! palavras que tanto se podem escrever assim como assado, ou seja assim e assim para portugueses e assim E assado para os restantes falantes? Uma suposta imposição da fala sobre a escrita, a dificultar até quem quiser aprender a Língua Portuguesa sem ser para banalidades?! Claro, foi ideia que partiu de um senhor turvo de uma suposta Academia que quase nunca vem à superfície da sociedade, o mesmo que fez incluir palavras como "bué" no seu dicionário...?). Por isso é melhor lerem os três principais textos sobre o novo AO, que escrevi e publiquei no já encerrado "Uma Aventura Sinistra" (se quiserem comentar, é fazê-lo qui no "Alegrias e Alergias", s.f..f.):

- Sobre a imposição do AO: "Us noçus cridus "cobradores de fato" vão impor de FATO o desacordo ortográfico" ( de 9 de Dezembro de 2010)

- Sobre as confusões ortográficas que a precipitação deste AO têm gerado (na imprensa, por exemplo): "Novo Acordo Ortográfico: como ESPETAR a Língua Portuguesa" (de 19 de Dezembro de 2010); e

-Sobre o negócio gerado pela precipitação à portuga e à "socretine"da implementação do AO nos computadores, através do Conversor imposto oficialmente:

"Não há ponto/Acordo sem nó/negócio" (de 24 de Dezembro de 2010)

Já nessa altura o debate era aceso... espero que agora as pessoas se juntem a VGM neste protesto, com atitudes, nas respectivas funções. Para já Mota Amaral e outros deputados pelos Açores já questionaram se podem também abdicar da imposição do AO.

Vamos arrumar com esta aberração do AO de uma vez, enquanto a lei ainda não existe como tal, assinando a petição da Iniciativa Legislativa dos Cidadãos contra o AO (ILC contra o AO, ou ILCAO). É imprimir o formulário, preencher e enviar como indicado:
ILC contra AO- Impresso

Infelizmente a A. R. numa a titude anacrónica, só aceita petições para ILCs se quem assina o fizer e papel e incluindo número de eleitor... Mas não custa nada. Os selos ainda estão baratos, só se gastam uns minutos. É por uma boa causa...


O nosso PM parece que ficou irritado e incomodado com a questão, mas alegou que o CCB era uma entidade independente (pois,eh eh! Mas a nomeação é feita pelo governo...Ai que maçadoras estas questões).

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Última hora: Passos Coelho começa a deixar transparecer, cada vez mais, alguns tiques ditatoriais. Quer na forma como responde aos deputados, quer na fuga às perguntas concretas, quer na cada vez maior separação entre si e o sofrimento do povo que governa, quer no rosto , outrora sereno e cordato,que está a ficar cada vez mais sisudo, fechado, arrogante até. A lembrar-me a tal história do "Retrato de Dorian Gray", onde a pintura/retrato de Dorian ia ficando cada vez mais feio à medida que a pureza de D. se degradava. Antes tivesse PPC um retrato desses em casa e não se começasse a ver directamente no seu rosto o tipo de "envelhecimento" precoce dos que faltam às suas promessas sem pudor. Dos que ignoram ou querem ignorar o mal que fazem aos outros. Será o contrário, nos nossos dias: bem podem apresentar uma foto bem retocada e sem marcas nos cartazes e no Facebook. Os corações apodrecem velozmente.

E por que disse eu "Última hora"? Pois bem, anunciou também hoje que não haverá tolerância de ponto no Carnaval, já que estavam a querer cortar feriados e blá blá não fazia sentido...

E afinal... o outro lado da Economia, o TURISMO? A Economia, caro PPC não são só fábricas de sapatos ou de pasta de papel de Saraivas e seus amigos! Quantas localidades país fora conseguem cativar turistas e movimento às suas autarquias, com a organização dos corsos de Carnaval? E quem já tem marcação de pequenas pausas em turismo rural ou outro, nessa época? Vai compensar os cancelamentos hoteleiros e de transportes?

Vá! Força, caro P-M! Cavaco Silva lhe poderá dizer que tal negação do Carnaval foi o seu princípio do fim, há uns anos, no seu cargo. Hummm... estará a querer ser derrubado? Ou espera que a desculpa da austeridade a todo o custo vai continuar a "colar-se" na compreensão dos cidadãos, quando vêem ao mesmo tempo , tanto especulador a escapar a impostos, tanta nomeação milionária e dinheiro escoado no vazadouro do BPN? Ah e, outra questão, como quando foi da Não tolerância de ponto do Natal: o Parlamento vai trabalhar no Carnaval, ou faz daqueles retiros espirituais para os deputados irem às suas terras?

São só umas questões interessantes... não concorda?

(Ah e esta letra aqui usada foi Trebuchet*... tamanho único)

* Como mandam agora usar em todos os e-mails etc,de organismos oficiais! (o MEC, por exemplo) :P

(Nota: o terceiro e último texto da série "UM Louco Pós Natal"- ver arquivo de Dezembro e Janeiro-- não está esquecido, mas os vários elementos estão sempre a ser apurados e polidos, com base nos desatinos a ritmo diário das ideias para o país dos desgovernantes.Ufff! Está mesmo para breve!)

"Alergia" (3-2-2012, in blog "Alegrias e Alergias")

4 comentários:

  1. Sou contra o acordo ortográfico...
    Não me cai bem escrever daquele modo!
    Mas o VGM pode ser contra o acordo... mas não deve fazer o que fez!
    Quanto ao Carnaval... eles já sabem que vão perder as eleições(perderão?!) e irá para lá o PS continuar a "obra" com os retoques de "make-up"!!

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    1. Mfc, eu também sou contra.
      E a maneira como está a ser imposto ainda é pior.
      O VGM pelos vistos tinha autonomia para aquela opção. Mega Ferreira também generalizara o uso do conversor, sem a lei estar ainda definitiva e aprovada por todos os países da CPLP.

      Ainda não é lei, é uma resolução da AR do tempo do Sócas e cá para mim por motivos lobbistas habituais, não tanto dos editores, como as pessoas costuma dizer, mas por agrado político ao Brasil e sobretudo ao comércio resultante das adaptaçõe ao ao. Conhecendo a "obra" de JS, temo que o maior negóciuo terá sido na aplicação em ajuste directo de UM dos conversores, sem concurso (como relato num dos textos que linkei), o conversor "Lince".
      Apenas três países assinaram o AO. Querem é dar o caso como consumado por imposição na prática, por isso acho que VGM fez bem em contrariar ("ladrão que rouba ladrão"...).
      O AO, um disparate dos anos 90, fora tão contestado que caíra no esquecimento e os promotores haviam desistido.
      A maçada é que mal Sócrates chegou ao poder lá lhe segredaram que era bom e determinado desenterrar aquilo e levá-lo para a frente. Para JS aquilo terá sido uma espécie de símbolo do seu poderio absoluto, até no campo da Cultura...Mas ignorando toda ainstabilidade educativa que geraria... Estas decis~eos não deveriam estar só submetidas às decisões políticas. Assim, cada artista novo que chega, muda tudo. É como as mudanças de burocracia administrativa com cada novo governo.
      Infelizmente não sei se perdem eleições. Por um lado não têm oposição que preste, por outro as asneiras socretinas marcaram muita gente(e o PS lá de novo... UI!), terceiro porque pelo andar da carruagem ainda se preparam para alterar leis de forma a proibir novas eleições...
      Enfim, tudo muito negro em hipóteses, para o país. Mas que é uma infantilidade essa decisão, para mais em cima da hora... isso é.

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  2. Confesso que há partes do acordo que mão entendo nada bem. Estou a perder qualidades. Que hei-de fazer para que tudo seja mais claro para mim?

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    1. Caro Anónimo,
      Há por aí alguns livrinhos a explicar o essencial das mudanças impostas pelo AO.
      Também tive de os consultar, pr motivos profissionais.
      NO ENTANTO, chamo a atenção para o facto de ainda o podermos contrariar, pois o AO ainda NÃO está em letra plena de LEI...
      (ler o comentário que fiz acima)
      E não deve estar a perder qualidades, caro anónimo. O Acordo é que tem mesmo MUITAS ambiguidades, contradições, disparates totais, ausência de fundamentação científica, etc.
      Nem eu o entendo por completo, pois tem alíneas apressadas, de tanto faz como tanto fez, ao lado da vénia unilateral dos falantes portugueses às asneiras criadas pelo uso brasileiro e absorvidas (indevidamente) pelo seu modo de escrever.
      Portanto, não entender por completo é sinal de que não perdeu o sentido crítico nem o raciocínio.
      Fazendo uma analogia, adoptar este AO é como ter alguém que se vestia de fralda de fora e entrava nos espaços formais de boné para trás e com as botas cheias de terra, a cuspir para o tapete e, como não se consegue impor a esse alguém como se deve comportar e apresentar condignamente, obrigar, por decreto, TOOODA a gente a vestir-se e compostar-se assim, só para mostrar que se respeita a diferença! Nesse caso, se é questão de se respeitar a diferença, então que se respeitem as variantes, mantendo a norma e respeitando-a como era, aliás, adoptada por quase todos os falantes dos vários países. Só porque os brasileiros são mais, não se deve seguir essa lei do mais forte.É bom e interessante lermos as diferenças, até.
      De qualquer maneira o vocabulário cria diferenças muito maiores do que a ortografia e não é pela ortografia comum que nos vamos entender melhor. O que precisamos é de bons dicionários!

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