segunda-feira, 12 de março de 2012

E continuamos (ainda mais) à Rasca, um ano depois...





fotos (c) Margarida Alegria (12-3-2011, Porto, Manifestação "Geração à rasca")
Passou exactamente um ano sobre a Manifestação chamada de "Geração à Rasca". Circunstâncias especiais e o lançamento desastrado de um "PEC 4" fez sair à rua bastante mais gente que o previsto. Em Lisboa umas 200 mil  pessoas, 80 mil no Porto...Não de uma só Geração à Rasca, a dos jovens desempregados,mas de várias: a geração dos seus pais , dos seus avós,  até a das crianças. Em várias cidades do país.
"Isto lembra-me o Primeiro 1 de Maio, em 1974!" Comentavam os manifestantes mais velhos.
O certo é que aquele ambiente,-- num misto de sarcasmo alegre e de preocupação amargurada, de ovação e slogans num momento, para silêncio quase solene no outro, num respeito raro de escuta aos outros, de partilha de testemunhos, de ausência de qualquer violência--- deu uma lição de civismo aos políticos, aos jornalistas e  aos"comentadeiros" oficiais, que vivem a tremer com a possibilidade de revoltas sociais (pois bem sabem as malfeitorias que andam a levar a cabo ou a aplaudir!).
Foi um dia único, numa harmonia de multidão apenas comparável aos festejos do S. João (mas sem bebedeiras...).
Para onde foi toda esta união, esta revolta, este saber dizer "basta"? Voltámos às partidarites, quando vemos que não há esquerdas ou direitas,  mas sim um naipe de instalados no poder, com seus satélites de beneficiários, sempre os mesmos, que no fundo se ficam a rir de quem lhes confia o voto... e do outro lado o povo pagador, também sempre o mesmo, que cada vez aguenta menos o que lhes vai sendo roubado.
 E passado um ano? Há conformismo ? Desesperança? Vergonha e desilusão silenciosas? Cansaço? Medo que nos conseguiram inculcar? Onde está agora aquela força e desejo de mudança do eterno sistema corrupto e só competente para os interesses de alguns? Foi o 12 de Março de 2011 apenas uma "válvula de escape" passageira? Precisaremos de outro desastre ao ponto de limite e insanidade, do estilo de  Sócrates? Muito sinceramente: "estes" estão a ser honestos? Já renegociaram as PPP, já fecharam mesmos os institutos inúteis e deixaram de oferecer "prendas" aos "Vampiros"? Pois... veja-se agora o exemplo do duplo pagamento à Lusoponte...e compare-se aos dinheiros exigidos de volta à S. Social a uns desgraçados desempregados... É isto fruto de "estatura moral"? De honestidade? Mudam as moscas e vemos sempre o mesmo...
O movimento 12M, nascido da organização da manif de 12 de Março, pediu à população que expusesse as suas ideias hoje, sobre o que queria para o país. Na altura também pediram sugestões populares, em folhas, para entregarem na AR. Até hoje não sabemos se tanto papel que então se juntou foi direito para o cesto ou para a lareira, se alguém leu tudo aquilo sequer.
Pois bem, não são precisas muitas mais ideias. Se se levasse a cabo o que as fotos ilustram ,algumas das ideias expostas então em cartaz, ou pedidas ao microfone ( que viu até testemunhos cantados, nesse dia!), já seria fantástico:
- Pois os políticos continuam Rascas e a pôr à rasca todas as gerações;
- Pois nada do que foi sugerido no cartaz da  terceira foto  se cumpriu;
Pois o povo, então unido ,continua Passivo... passivo... passivo (engolindo a revolta, a indignação)...Mas até quando? E como fará valer as suas ideias tão desprezadas?
Margarida Alegria (12-3-2012, in blog "Alegrias e Alergias")

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