quarta-feira, 30 de maio de 2012

Aos anónimos com letra pequenina

Era uma vez um anónimo que não conseguia ler muitas palavras. Só poucas, pequeninas, iguazinhas.
Palavras, palavras; palavras.
E que não gostava de cores. Cores, cores ,cores.
Como não quis desncaixotar a cabeça...
(cabeça. Cabeça! Cabeça?)
....nunca conseguiu arejar e ver o mundo ( com suas cores! cores! cores!) nem entender o que parte dele dizia (palavras. Palavras? Palavras!)...
E então passou a  ler apenas os rótulos da"sua" caixa (poucos, pequeninos, iguaizinhos) e a contemplar a cor dessa caixa, muito neutra, regular, sorumbática, quer dizer,...  meditativa.
Aos poucos a  sua cabeça ficou quadrada:
"O Drama, a Tragédia o HÔRRROR!"
(o drama a tragédia o horror dizia o albarran no seu programa por entre olhinhos e suspiros mas de que é que o anónimo se lembrou agora ele que acendeu um último cigarro intelectual que foi um desafio arrojado aos censores da sociedade cruel e colorida e estou a ficar sem fôlego de toda esta frase sem expressão ou pontuação drama tragédia horror)
Oh!Mundo cruel!
(ou antes oh mundo cruel)

A página em branco...
o vazio...
o Infinito.
....
...
"50% de lactose 20% de algodão, 30% de excipientes de soja transgénica...."
"frágil. Este lado para cima"
(com um suspiro começou a citar Régio: "sei que não vou por aí!". Mas como esse poema era muito longo- com palavras palavras palavras-- logo desistiu e exclamou:"Transformem "Os Lusíadas " e "O Ulisses" em códigos de BARRAS!!!!!")


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o blog "Alegrias e Alergias" segue dentro de momentos, depois deste exercício de "estilo nouveau". Descansem. Nenhuma palavra foi ferida de cores.
Margarida Alegria (30-5-2012)

3 comentários:

  1. Ora, batatas! esqueci-me de incluir o whisky!
    O anónima da longos tragos másculos no seu , inspirado em Hemingway e Bogart!
    Teria ficado bem.
    Ah, mas dentro do caixote não dava jeito...
    Talvez com uma palhinha. Ou clister.

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  2. Minha querida,
    Erraste na profissão.
    Devias ter ido para humorista.
    É verdade que somos um país mais virado para o fado e tristezas, mas este cómico areja a alma, estampa-nos um sorriso na cara. Faz bem à saúde!
    Bem hajas e viva os Anónimos que nos permitem ler posts destes.
    Apareçam mais vezes!
    Eu agradeço e não sou a única.
    Um beijinho e parabéns pela imaginação fervilhante.

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    1. Foi um tanto surrealista, não foi? O certo é que a anónima voltou, a alegar que não é cobarde e que não me insultara. Decididamente não entendeu a minha objecção. Lá vou eu responder-lhe lá no post do "Circo" (elaborou uma espécie de ringue de Crato para um lado e eu do outro...suspiro...lá vou eu...).
      Obrigada, por me "afagares o ego", nos dizeres da anónima...:))
      bjo

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