domingo, 29 de julho de 2012

"Salvar Portugal à Bruta" (R. Araújo Pereira) a crise nas crónicas da semana 1

(crónica da série "Boca do Inferno" de Ricardo Araújo Pereira, na revista Visão de 24 de Julho de 2012)
Não sei se ficará visível, mas o blogger não me permite aumentar mais a imagem, digitalizada da revista.
Mais uma crónica brilhante e bem- humorada de Ricardo Araújo Pereira, em dias que só nos parecem pedir lágrimas, sobre as recentes palavras do nosso Primeiro-ministro de que quer salvar o país "custe o que custar" e  que até sugere "que se lixem as eleições".
Claro que o que PPC queria dizer, ao dirigir-se aos do seu partido, era que o País estava acima dos interesses do partido e das manobras eleitoralistas, mas, como  argumenta muito bem RAP, foi uma manobra que ao querer não parecer acabou por parecer o que queria negar, ou "é uma declaração que rejeita o eleitoralismo ao mesmo tempo que é profundamente eleitoralista".
Ou, como diz mais adiante: "Sou grande admirador de declarações que contradizem aquilo que afirmam. « Eu não gosto de falar de mim», diz alguém. E eu rejubilo porque essa pessoa acaba de me fornecer uma informação sobre si mesma."
(Certo, todos conhecemos casos: quem não quer aparecer  em fotos mas se julga sempre centro das atenções e das conversas, quem diz não querer ser exposto mas não hesita expor terceiros, quem diz que não gosta de falar de si mas até nem faz outra coisa--- a frase com que RAP exemplifica é precisamente dita mais vezes pelas pessoas mais egocêntricas, já repararam?).
A crónica é toda ela deliciosa. No fundo sublinha que PPC quer salvar Portugal, sem Portugal saber que está a ser salvo e, pior que isso, sacrificando aqueles que diz querer salvar e não o sue próprio bolso ou a sua vida! Um pouco como um Jesus Cristo distorcido: quem vai parar ao crucifixo é o Zé Povinho e não o "Salvador" auto-proclamado.
Por mim, arrepia-me este "lixar" das eleições noutro sentido: quem sabe que, se for preciso "custe o que custar", PPC não resolve até acabar com eleições e suspender os cacos da democracia,  com o pretexto de "salvar" Portugal, só porque os portugueses, chuif!,  são uns ingratos e  ele é um salvador incompreendido (menos pelas gentes "simples", diz ele, ou seja "simplórias" e que nunca lêem notícias e que até devem confundi-lo com mais um galã de telenovela, daqueles que até estão a perder cabelo e assim...)! Não foi a Grécia que teve um  novo PM não eleito, por capricho da senhora Merkel, numa fase de crise e austeridade como aquela a que estamos agora a chegar? Não brinco!
Esta semana foi fértil em excelentes crónicas dos OCS. Sinais (do fim) dos Tempos? Publicarei algumas inteiras ou em excertos. Esta é a primeira, com especial destaque. E também cartoons do Bartoon que as complementam e ainda uma carta à directora do Público, que tantas vezes também são acutilantes crónicas.

1 comentário:

  1. Nota: é que tiques de ditador tem de sobra,afinal, o nosso PM, não concordam?

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