quarta-feira, 11 de julho de 2012

Amanhã: a vez dos professores...

( o cartaz da fenprof para a manifestação é feioso, por isso optei por esta foto , que me parece bem mais eloquente...)
Sim, a foto sintetiza aquilo em que o MEC quer transformar os professores, como outro  Ministério, o da  da Saúde, quer transformar médicos  e enfermeiros.
Num caso e noutro, a intenção é reduzir pessoal dos quadros, passando a falsa mensagem à Troika de que se quer reduzir na "despesa" (quem trabalha agora é mera despesa, carne para canhão dos gráficos dos que  nada produzem e só contemplam mas  que lucram com esses "estudos"). Assim, uns e outros passam a ser uns tarefeiros à hora, para suprir necessidades temporárias ou residuais, ou o raio-que-os-parta que lhe chamam a essa nova forma de esclavagismo. Cidadãos DESCARTÁVEIS, como bem afirma o cartaz, correndo daqui para acolá "à jorna". Como descreveu bem um médico chefe de serviço, que  explicou que este sistema agora delineado pelo MS lembrava aqueles trabalhadores que décadas atrás esperavam na praça, aguardando que viesse um capataz para seleccionar uns tantos para lhes dar trabalho nesse dia (lembram-se do "Há lodo no cais", com Marlon Brando? Muitos desses contratadores eram até autênticas máfias de intermediários). Como a contratação sazonal para as vindimas, como a contratação de asiáticos, mundo fora, para colheitas. Só nos faltará pagarem com a sopa lavradeira, a malga de vinho, a côdea de carcaça e a cebola para comer ao dente. Daí a proposta de textos como "a Moleirinha"(pela estrada fora, toc toc toc...), de regresso aos poemas escolares sugeridos pelas  recentes Metas de Aprendizagem. Interlúdio (dos sonhos destes  pirosos Young Turks lusos):  Que lindos e românticos são os pobrezinhos! Há que voltar a esse Portugal idílico de gente saudável calçada com tamancos (esquecem que só os usavam para não serem multados pelos polícias , esses portugueses rurais que chegavam às cidades...) . Os filhinhos dos  políticos-gestores de empresas de Folclore e dos administradores de tretas para off-shores depois poderão levar-lhes o tostãozinho,aos filhos dso pobres enfermeiros pagar uma gorjeta pelo Natal ao professor primário, ou  ofertar um par de camisas novas e de golas engomadas ao médico precário.
 Continuando. O argumento da poupança é falso, pois o Estado continua a pagar, agora indirectamente, a essas empresas de contratação temporária, ou outsourcing, que ficam com a parte "de leão" que lhes convém(no caso dos enfermeiros, davam a estes menos de 40% ") do total alegando "grandes despeeeesas" (???), no fundo apenas por recolherem nomes e currículos e ver quem se sujeita ao preço mínimo, degradando e proletarizando estas profissões, que, dizem os inquéritos e estatísticas, apesar dos esforços de alguns governantes em as desacreditar, sempre foram  das mais valorizadas  e respeitadas pela população e geral.
O argumento da poupança é falso, pois basta ver que as derrapagem na gestão hospitalar aumentou, em vez de diminuir, desde que começaram as Parcerias Público -Privadas/leia-se sobretudo com bancos como o BES) de Hospitais.
Por outro lado, esse sistema proto-amexicanado dessas agências a contratar enfermeiros, médicos e professores (já houve disso, para as famosas Actividades Extra-Curriculares impostas por Lurdes Rodrigues e muitos ficaram sem receber longos meses...), só revela mais uma vez o desprezo para com  o bem estar e qualidade de vida dos cidadãos,  alegando que até para isso, a famosa e manhosa lei  da "oferta e da procura" dos Mercados se pode aplicar. Como se fosse tudo igual ao "litro". Esquecendo que tanto em hospitais como em escolas são fundamentais as equipas estáveis e de qualidade, que possam oferecer o melhor serviço, salvando vidas, num caso, combatendo a ignorância, no outro. Será então o reino da instabilidade: do... agora vem um professor, no ano seguinte vem outro, sem continuidade, agora chega o médico que só "leva" X por hora e o utente que se dê por satisfeito...mesmo que depois não possa o seu caso continuar a ser acompanhado pelo mesmo médico e que os pacientes sejam cobaias de mão em mão, provavelmente em mãos cada vez mais inexperientes e baratinhas...
Compreendem agora o que se passa?
Há um destruir do estado social e o próprio Primeiro-Ministro veio ameaçar sem muitos véus que ao não poder cortar em subsídios, cortariam ainda mais a eito na Saúde e na Educação, pois nem lhes passa nas fanáticas cabeças cortar em mordomias do Terreiro do passos, digo, do Paço, em institutos e Fundações parasitas, em contratações de assessores do partido, em material do exército ou em PPPs.
A partir de Setembro o MEC, para além de medidas arrepiantes de ataque à qualidade da Escola Pública já aqui ventilados, tenciona mandar para o desemprego cerca de 25 mil professores contratados, muitos com dezenas de anos de serviço, mas eternamente precários (e venham lá dizer que a função Pública tem mais estabilidade face ao privado... Só se for o tipo de alto funcionário/assessor introduzido politicamente que o sr. conhece pelos corredores do poder, Dr. Vasco Pulido Valente!) e irão uns 7 a 8 mil docentes  DOS QUADROS DE ESCOLA ficar sem horário, em chamado horário zero, depois obrigados à mobilidade, depois de mais de duas dezenas de anos de serviço prestado! Todos esta sangria de docentes, não porque não façam falta, mas por diversos malabarismos de agregação de escolas, encurtar de currículos e outros.
Já  agora se vê o descalabro nas escolas, quando o pessoal auxiliar (agora com o pomposo nome de "Assistentes Operacionais") é reduzido do número de efectivos, vindo uns contratados dos centros de emprego num dia, para passados poucos meses terminarem o contrato, virem outros que os alunos nem docentes conhecem, ainda não habituados às regras internas, sem o sentido de pertença à escola, acabando por descartar responsabilidades várias. O que isso tem gerado em insegurança para os alunos, em conflitos, em ausência de espírito de corpo" dos funcionários, mesmo que muitos até sejam esforçados e merecessem continuar...
Estão a ver o que pode vir a ser isto com MÉDICOS que têm de observar utentes e prescrever tratamentos, e enfermeiros que nos atendem ou que têm de ser enviados para tratamentos ao domicílio e dar remédios, ou professores que  têm de diagnosticar dificuldades e  formar gradualmente os alunos , acompanhando os seus progressos nos saberes?
Não. Pelo que  planeiam,  querem transformar os hospitais públicos numa espécie de  albergarias medievais para doentes sem apoio,com  cuidados mínimos,  destruindo todo o brilhante progresso conseguido pelo SNS. Querem transformar as escolas  públicas em armazéns diurnos para  os meninos  não aprenderem muito e não cairem na delinquência. Querem dizer que fazem as tais de  "Reformas Estruturais" , quando não passam de formas de Destruição de estruturas, Implosão, não da burocracia do MEC (como vociferava N Crato antes de ser Ministro), mas  a implosão da Escola Pública, dinamitando os seus mais fortes pilares, alicerces que foram em todos  de  múltiplos governos e reformas experimentais  de insânia nos anos de Democracia: OS PROFESSORES.
POR ISSO, MESMO QUE PAREÇA POUCO E QUE HAJA DIVISÕES
PENSO QUE DEVERIAMOS ESTAR TODOS LÁ: amanhã, dia 12 de Julho, 15horas, no Rossio, em Lisboa.
deixo, para incentivar, o link de uma bela carta aberta aos professores, publicada por uma mãe e blogger, Ana Amorim Dias, no blogue Sapo -Mulher: UMA CARTA AOS PROFESSORES
Até amanhã então, colegas, Pais....
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Eu vou. Quem não quiser ir por isto ou aquilo que não vá, não é obrigado. Há uns filmes por aí, uma tarde de praia, uma TV sempre ligada e, para os que nem dessas ocupações mais ou menos saudáveis gostam, há entretenimentos didácticos e para todas as estações,  para pessoas entediadas, petulantes  ou  dondocas,  do género desta (uma  mera sugestão, passe a publicidade):
despejar para o fígado e para o cérebro uns bons copázios deste

(optei pela imagem do cartaz antigo, neste caso de azulejos, que povoava as esburacadas estradas nacionais, pois fica mais "Rétro", mais de acordo com a época da" Moleirinha" e dos pobrezinhos à jorna do passado)
Margarida Alegria (11-7-2012, in  blog "Alegrias e Alergias")

11 comentários:

  1. Para o ano terei mais alunos, mais turmas, mais níveis (darei pele primeira vez Profissionais).
    Enquanto isso 2 colegas ficaram com horário zero.

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    1. Peço desculpa: só hoje tive cabeça e tempo para responder aos comentários.
      Bem-vindo, colega Carlos Pires!
      È esse o absurdo: uns ficarem sobrecarregados, quando poderiam dedicar MAIS tempo a menos alunos, a assim melhor os poder apoiar, enquanto outros queriam dar aulas e ficam sem turma e olhados injustamente como párias descartáveis!
      E agora já vêm dar o dito por não dito. mas é para acalmarem os ânimos, pois para Setembro sabem que pode ser a dore e já estão muitos desmobilizados, listados e até mudados de escola.
      cumprimentos.E boa sorte a todos!

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  2. É uma tristeza enorme é só isto que tenho a dizer...As pessoas são descartáveis, e o futuro delas não interessa ao governo...Só interessa falsas aparências para a Troika...Enquanto isso, o SNS e o sistema de educação vao caindo a pique...

    Beijinho*

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    1. É horrível, Pink. E mesmo para além de professores e médicos há outros profissionais que foram úteis proveitosos e gabados e agora são mandados emigrar ou mudar de carreira!
      Infelizmente , os que parece terem sempre vagas são... os políticos, boa parte deles inúteis e até não qualificados e ignorantes!
      beijinho**

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  3. O desprezo com que este Governo trata os portugueses merecia uma resposta bem mais adequada... e violenta pela nossa parte.

    Beijos,

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    1. Parece estarmos a chegar ao que preconizou Fritz Lang, no filme Metropolis: o mundo da superfície, com tudo de bom e vidas com poucos afazeres mas muitas possses e o mundo subterrâneo dos escravos que trabalham para sustentar o modo de vida dos de cima.
      A resposta já não passa (apenas pelos textos em blogs, pelas conversas e pelos protestos de "agenda".
      Mereciam , para começar, só para começar, um bom par de estalos de cada português que querem humilhar!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. eu hoje estou muito triste...

    http://gataescondida.wordpress.com/2012/07/13/efectivamente-2/

    lamento e lamento-me. desculpem.


    kissss

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    1. Não tens de pedir desculpa por te lamentares. Estás no teu pleno direito!
      Quem nos devia pedir desculpa é que não pede. prefere armar estas manobras para instilsr o p>ânico, o medo, a apatia.
      Temos de reagir ao contr´srio, com o máximo de coragem e de união possíveis!
      Beijinhos e... cuida bem de ti!

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  6. Minha cara amiga,
    Não me manifestei, mas também não liguei a televisão. Quase já não a vejo, mas depois faço figuras tristes ao nãosaber das últimas.
    Também nãome apetece ver as noticias on line.
    De forma que me assume uma ignorante em fase de crescimento e engorda.
    Não me gosto assim, mas já não sei que pensar, que fazer.
    Ainda conheci um pouquinho do País, não de tamancos, mas rural. Impossivel voltar para lá. Naquele tempo as pessoas não conheciam o que as rodeava, eram felizes no isolamento.
    Agora com esta globalização e massificação, haverá pobreza muito triste porque informada e até de licenciaturas e mestrados na carteira.
    Dizem-me que devo ser otimista, mas nem sei bem o que isso é.
    Vou sabendo do que vejo, mas cada vez vejo menos. Culpa minha, mas dá-me para a depressão e ainda fico pior.
    Espero que não seja tão mal como antevejo.
    É melhor ficar por aqui ou ainda te inundo a casa com lágrimas.
    Um beijinho.

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    1. Acho que nas férias até fazes bem em te desligares um bocado.
      Eu é que bem queria mas... estes crápulas estão sempre a dar-me motivos para comentar novas notícias terríveis e incríveis que nos afectam a todos.
      Um dia talvez possa descansar um pouco. Quando se correr com este tipo de políticos e se buscar uma nova forma mais honesta e aberta de se fazer política.
      Mesmo assim, há coisas que o resto dos cidadãos podem e devem fazer, mesmo virando algumas costas às notícias: é divulgar o que está mal, as acções combinadas, as actividades cívicas não partidárias.
      Temos de mostrar que o povo português não é parvo e mantém um olho aberto e está a ficar fartinho de tudo isto.
      Para já, cobrando uma promessa: diziam que iam ser mais honestos e correctos que os anteriores e é o que se está a ver...
      Podes chorar um pouco, mas aprendi que as lágrimas só nos fazem bem por alguns motivos, não todos. O restante depósito de lágrimas deve ser substituído pela coragem do dia-a-dia e do questionar nas nossas esferas de acção. Assim como exigimos na peixaria que o peixe seja freco, devemos exigir o melhor para um país que já muito sofreu e pelo futuro dos filhos. Não devemos permitir a regressão ao tempo dos bisavós, só porque uns bananas t~em essa ideologia estranha!
      beijos!

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