terça-feira, 8 de novembro de 2011

Exportar o povo: mais uma achega...

("Emigrante"- José Malhoa, daqui)

Já muito foram comentadas e gozadas as palavras de um tal "Mestre", secretário de Estado do Desporto, ao que dizem, que abertamente aconselhava os jovens portugueses a emigrar, saindo, portanto da sua "zona de conforto" (sic).

Mas não quero deixar de dar mais umas "malhadelas", pela alergia que a insensibilidade de tal tipo de discurso me provoca.

Primeira reflexão:

Subscrevo aqueles que sugerem ao referido governante para dar o exemplo e emigrar também, mas sobretudo proponho a esse senhor que venha visitar o sem-abrigo que há umas semanas instalou a sua "zona de conforto" sob uma das arcadas do prédio onde moro.

Certamente esse português apreciaria o debate e trocaria de bom grado de lugar com o senhor Mestre. O local é relativamente abrigado das intempéries e de maldades (antes, abrigara-se noutro onde era presenteado com baldes de água), tem a "sorte" de ser uma zona cheia de pessoas com bom coração, que repartem o pouco que têm para comer e lhe vão dando alguns mimos, tendo ainda alguém de confiança que lhe guarda os haveres mais valiosos. Sim, deve ser uma "zona de conforto" que se enquadra na perfeição da alusão do sr. secretário de estado. Por isso, também deveria ser exportado para outras paragens, para ir deitar a sua enxerga nas ruas mais plenas de oportunidades de Madrid, Paris ou Londres. Seria o trocar uma "zona de conforto" por outra... mais fresquinha.... :(((
Segunda reflexão:

Enquanto há governantes a convidar a população a emigrar (a nossa maior riqueza, criada com esforço pelas mães e pais de Portugal, com força braçal e também cérebros), há outros, precisamente do mesmo governo, que se recusam a taxar com força as mais-valias e as especulações da bolsa (ai, tão produtivas!!!!...) alegando que tal afastaria o "investimento"estrangeiro em Portugal.
Deixem ver se entendo: portanto todos sabemos que a Suíça é o banco do mundo, pois não faz perguntas a quem para lá desvia o dinheiro, que os "off-shores" em paraísos fiscais exóticos... idem, que a Holanda está a tornar-se das principais beneficiárias das nossas fugas aos impostos, pois boa parte das nossas empresas lá estabelece a sua sede ... e Portugal? Torna-se banco atrativo e off-shore, como é o caso da Madeira, mas sede de empresas estrangeiras não o vemos a tornar-se. Antes fornecedor de mão-de-obra barata, cá dentro e lá fora.

Portanto, em resumo, vejamos se estou a ver bem a coisa...Exportamos os portugueses, para fora da sua "zona de conforto" e, em troca, IMPORTAMOS ainda mais fortemente a lavagem de dinheiro os correios de droga e outros tráficos, numa zona franca "de conforto" para toda a pirataria mundial, já muito mais confortável para "investimentos" de malabarices internacionais, mas sem lugar para os nossos.

É caso para dizer : mas que bela "troca comercial"! Daí andarem a desinvestir em força na Educação, para correr com os jovens que restam ainda mais depressa!
Não haverá investidores estrangeiros a querer importar estes "cérebros" desgovernativos?

"Alergia" (8-11-2011)

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