sábado, 19 de novembro de 2011

Políticos "em papas": para infantilizar ainda mais a nossa democracia?



Tivemos uma semana de debates sobre o Orçamento "troikano" para 2012, no Parlamento.

Porém, essses debates parecem ser cada vez menos relevantes,talvez porque tudo já está mais ou menos decidido para levar Portugal à total recessão, como confirmaram, nesta mesma semana, as Conferências de Imprensa do Ministro (sinistro) Gaspar e do trio de funcionários da "Troika" que cá vieram carimbar mais um cheque de empréstimo.

Estes senhores estrangeiros --o da segunda conferência, pois o da primeira não descobri ainda se é estrangeiro ou não, com a lendidão com que escolhe as palavras em Português e as soletra e ainda na forma colorida como cria neologismos (lembram-se do recente "conflituacional"?) --explicaram, por entre copos de água,que nos portáramos bem pois eramos um povo "bom"(menino) e que como prémio extra deveríamos empobrecer ainda mais até à escravidão. Não sabemos o que fizeram depois da conferência, se desta vezes foram a pé ou de carro, mas de certeza que receberam por seus turno os seus próprios cheques gordos e abalaram de avião, para os seus países bem comportados do Norte.

Posto isto, todos estes debates no Parlamento, com o enfraquecimento da Oposição sobretudo devido à pose suave-"violenta" do inseguro Seguro(qual prato nº 33 de galinha "agri-doce" de restaurante chinês), acabam apenas por servir de entretenimento, com forte colaboração e gáudio das edições e selecções feitas pelos OCSocial, contribuindo para o enriquecimento não do debate político mas do anedotário nacional.

Salientaram-se as gaffes insensíveis do "fim da crise " do Ministro Álvaro, o "só por cima do meu cadáver" do ministro Crato e, num final de semana em grande, a questão da fruta para bebés da ministra Cristas.

Poderia haver alguma razão de parte a parte no debate, mas a forma como foi destacado o caso, não ficando nós a saber quais as medidas de fundo para reabilitar a nossa agricultura, só por exemplo, levam a crer que a indigência da política nacional já está a raiar, senão um "grau-zero" do ridículo, pelo menos um "grau-lactente" da relevância.

E mais, a questão do IVA a 23% que englobava também os problemas mais graves da restauração e da Cultura, ficou quase literalmente, abafada por PAPAS!

Assim, o deputado Tó Zé Seguro defendia que os boiões de papas de fruta para bebé não deveriam ver a taxa de IVA aumentada para os 23%, ao que a ministra Sãozinha Cristas retorquiu que em épocas de crise era bem mais saudável voltar a dar fruta natural às crianças, fruta taxada a 6%. Agora parece que o Tó Zé volta a insistir no não elevar do IVA das papas (ler:SEGURO DEFENDE MANUTENÇÃO DO IVA NA RESTAURAÇÃO ALIMENTAÇÃO PARA BEBÉS E CULTURA, in Público) e ficamos com a cabeça quase "em papas" só para saber como vai continuar a saga, e se vão ou não chamar uma equipa da Nestum e da Cérelac para escreverem um parecer, ou, à falta desses especialistas, uma equipa liderada por , sei lá, João Duque, pois até já deve ter tido filhos pequenos.

Foi sem dúvida o momento mais emocionante (bem, àparte aquele em que o ME disse que só por cima do seu cadáver aboliria a História e a Geografia das escolas-- hum, realmente, se morresse não poderia tomar depois essa medida... ah, mas punham lá outro não é? E um que não se importasse de ser iconoclasta e de profanar sepulturas! hug...Drácula a futuro ME?!), ver os jovens Tó Zé e Cristas em debate! O primeiro a arremessar à segunda um boião de papa, em gesto eloquente de "abstenção violenta" e a segunda a contra-atacar com uma maçã Golden reluzente.... talvez com a ajuda , ao estilo funda de David, de uma das gravatas que mandou retirar do seu Ministério! Não sei. Não vi o debate, mas deve ter sido exuberante.

Agora a sério: isto foi para infantilizar ainda mais a política portuguesa?

"Alergia" (19-11-2011)

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