sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Economia à moda das "tias"?

Não me apetece perorar muito longamente sobre este caso das declarações de José Sócrates em Paris, sobre o que é a Dívida e o que é suposto entender de Economia.

A meu ver ,esse senhor devia ficar lá em Paris muito caladinho , de nariz nos livros (nem que fosse a fingir estudar e a jogar Farmville às escondidas) e dar graças aos Céus e à inapta Justiça Portuguesa não ter sido chamado a prestar contas pelas tropelias várias que fez. Não só antes de ser o responsável -mor pelo Governo da República, como também SOBRETUDO pelo que fez ao país e ao erário nacional enquanto chefiou os seus dois Desgovernos.

Perante o seu inusitado regresso às luzes da ribalta, uns alegam que contradiz agora o que defendia antes, quando governava. É certo. Outros dizem que estará a tenta "apalpar o pulso" ao que lhe resta de popularidade ou ódio dos seus compatriotas (até me custa usar esta palavra, por ter incluso que ele possa ser um "patriota"!). Para mais tarde concorrer a PR (Deus nos livre de mais essa má-sorte!), palpitam. Outros ainda crêem que está a tentar dirigir o PS à distância, mostrando ao in-Seguro como se faz uma oposição musculada. Pode ser, mas seja qual for a hipótese ,que mude depressa de ideias, pois a sua facies e sua má-memória ainda hão-de criar muitos enjoos por este Portugal, pelo menos pela parte de Portugal que ainda tem vergonha na cara. Mesmo os votos que comprava com subsídios vários não sobreveveviriam a mais PECs, quando a torneira fechasse.
Quanto ao que andou a dizer lá em Paris sobre a o que era uma "Dívida" (Ver AQUI) e que parece que hoje tentou esclarecer na TV-- momento que felizmente perdi!-- que "As dívidas não eram para ser pagas , mas para ser geridas" e que querer pagar as dívidas públicas era "coisa de criança", acrescento apenas mais um ponto de vista que passo a expor.

Claro que os países de Economias mais fortes ,como os EUA, a França ou... cof cof... a "cumpridora" Alemanha, são bem conhecidos como sendo os maiores devedores. Certo. Isto porque também , por serem economias mais fortes ,têm os maiores índices de confiança junto dos credores de que não falirão e de que irão pagando as dívidas.

Diz o senhor ex-Primeiro Ministro que aprendeu isso em Economia... Bem, sendo engenheiro técnico, não sei que cadeira foi essa de Economia. Deve ser Economia Técnica. E, se estudada e aprendida aos fins-de-semana, --para uma pessoa tão assoberbada em trabalho em sociedades de negócios vários, cargos políticos desde jovem e cursos de aperfeiçoamento-- atrevo-me a sugerir que possa ter sido um Curso rápido em 5 lições e cocktails para "Tias", como algumas que existem para as bandas de Cascais e da Foz do Douro. Daquelas que vão, directamente ou através da empregada Maria, às mercearias e outras lojas, abastecendo-se do bom e do melhor e, com displicência dizendo à saída, já com a velha Maria dobrada ao peso dos carros de compras:

"-- Sr. Fulano (nome do lojista),ponha na conta, que mais tarde venho pagar!"
E sai depressa, antes que o Sr. Fulano possa retorquir à Madame que já está a dever a "conta" há seis meses! Ou que sequer tenha conta aberta naquela loja (verídico!).

As decrépitas mercearias dos senhores Fulanos deste mundo lá vão acumulando o prejuízo , juntando pepelinhos de "Deve" nos fundos de amplas gavetas, até não caberem mais em espaço ou bolor e os tímidos Srs Fulanos ganharem coragem por apresentar a conta. Normalmente, quando o fazem ,as senhoras ficam ofendidas e dizem que não pode ser tanto e lá pagam uma pequena parte, ou nenhuma, dizendo que vão levar os papéis ao contabilista ou ao marido, para verificarem se não estão a ser "roubadas"! E as Tias deste estilo vão continuando a dar as suas festas e a "governar" a casa com base dessa tal tipo de "Dívida eterna" defendida por Sócrates . E , atenção, este tipo de credor não representa o especulador modernaço dos "mercados", mas o verdadeiro e tradicional fornecedor que apara os calotes deste modo de... fazer Economia! Este senhor Fulano , no fundo somos também nós, contribuintes que se vêem endividados por acção de terceiros!

E afinal, o que leva o merceeiro a vender fiado a estas "Tias" e não ao pobre cliente de salário mínimo, mas honesto? Pois, lá está, é a tal "credibilidade" . A do nome de família, a do se vestir bem, a dos antepassados terem pago contas certas, a de viverem há muitas gerações no bairro, a de recomendarem a loja às amigas (algumas lá pagam a pronto!) e... até o pavor a que se irritem e ameacem com a Justiça e os fiscais (!!!), coisas do estilo em que muitas "tias" são "useiras e vezeiras", para escaparem à raia das responsabilidades, incutindo temor aos que podem ter queixas delas.

Em Resumo: quando JS se referia à Economia que aprendeu, foi essa, a das dívidas eternas dessa casta de Tias, que entretanto lá levam as mercearias à falência, compensam o que não gastam em compra de bons sapatos ou vestidos,caso das mais "jet-set", ou sacodem os casacos de pele traçados e perfumados a naftalina, caso das mais caseiras.

Só que há um senão: um dia até essa conta aparece e alguém sofre o prejuízo.

J.S. depois explicou que para países pequenos como o nosso era impossível pagar a Dívida. Ou pelo menos toda. Verdade, para qualquer país, pequeno ou "grande". Já quanto ao "ir gerindo" alegremente a dívida,será precisamente o contrário. Os mais pequenos têm menos Crédito. Pode parecer estúpido e injusto,para países de gente honesta e trabalhadora, mas é o que acontece. Portanto, o que JS também esqueceu, sublinho, é que Portugal não pertence a esse Clube elitista de Países-Tias, que passam quase incólumes perante os maiores calotes. Esses, reúnem-se assiduamente em "Cimeiras" badaladas e cada vez mais improdutivas, dos G-8. G-20, G-3 ou G-2 à lá Mercozy, mas que , imitando o estilo das Tias da linha ou Foz, só arranjam e debatem dinheiro para os pobrezinhos se for em festanças. Daí essas cimeiras serem ultimamente muito domingueiras e todas com os pés bem debaixo da mesa, não a mesa de negociações mas a dos banquetes, sempre bastante "frugais", isto é, e à base de produtos naturais como as trufas , o caviar e requintes do mesmo preço.

Não, Portugal nunca pode ter essa Economia "à Tia", nem que ela seja defendida por muitos teóricos e levada a cabo em muitas economias. E ,mesmo que tivesse, claro que a dívida um dia tem de ir sendo paga!

"TÁ A VER, querido?"

Bem, agora... Xô.. Xô...! Vá estudar filosofia, vá, menino! "Caturreira!"
"Alergia" (9-12-2011)

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