quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sónia "libertou gases"?!(Um Louco Pré-Natal 3)

Mais outra para a Silly Season Pré-Natal. Desta vez foi culpa da minha leitura apressada do jornal Público de ontem. No entanto inclino-me mais para ambiguidade criada por uma inusitada linguagem jurídica, ou então da sua transcrição em linguagem jornalística. Senão, coloquem-se no meu lugar: ao folhear o jornal, dão com uma notícia curta , daquelas que agora colocam na parte superior de algumas páginas, com foto recortada e um breve texto. E dizia assim, tal e qual (apenas o "negrito" é meu):
"A actriz Sónia Brazão foi acusada pelo Ministério Público (MP) do crime de libertação de gases asfixiantes e explosão. O despacho foi proferido na segunda-feira (...) "

E diz ainda (a parte mais cruel) que a "moldura penal pode atingir os oito anos de prisão."


Estão a ver a minha perplexidade inicial?!

Depois lembrei-me que Sónia Brazão é a tal actriz de telenovelas que teve uma explosão de gás canalizado no seu apartamento, há uns meses, e que havia uma polémica sobre se fora acidente ou tentativa de suicídio. Ao que parece acendera todos os bicos de gás...

Que me desculpe Sónia Brazão pela pequena brincadeira neste post. Não a conheço nem à sua carreira, mas parece ser uma pessoa simpática e, fosse de propósito ou não, ninguém merece sofrer o que sofreu como resultado da dita explosão. Desejo-lhe desde já muitas felicidades na vida e na recuperação e umas Boas Festas.

Mas, convenhamos, que raio de linguagem é esta para os Autos jurídicos e para os jornais, o dizer que alguém "libertou gases" e "explodiu" e que tal... foi considerado crime...


Repito a expressão : "crime de libertação de gases"?!


Não havia uns termos mais adequados? Por exemplo: Crime de negligência com substâncias perigosas e de provocar uma explosão"... algo assim?

À primeira leitura, a frase alarmaria todo o pobre diabo que sofra de alto grau flatulência (a imaginar-se a apanhar 8 anos de prisão por ser sensível às feijoadas), e/ou ainda quem se irrita facilmente (embora para esses, até que uns dias atrás das grades fariam bem, antes de "explodirem" por tudo e por nada!).

Por isso , além de rever o Código penal, o M. da Justiça deveria modernizar esta linguagem um tanto hermética, perigosa e ambígua usada na magistratura! :)

Quanto à relação entre este post e os dois anteriores, sobre as bizarrias de Natal deste ano (AQUI e depois ainda ACOLÁ), a semelhança é simples. Tanto as palavras de Passos Coelho na famosa entrevista, como depois as declarações de vários responsáveis políticos em sua defesa, poderiam ser considerados, para o país, uma espécie de novo "crime de libertação de gases", neste caso de "gases perigosos de Desistência do País", quase invisíveis à primeira olhadela (um "episódio lateral", como o classificou o próprio PPC), mas de forma alguma inodoros ou não causador de danos irreversíveis. Os danos foram irreversíveis para muita gente que ficou ofendida com as suas palavras , a aconselhar a emigração às pessoas mais qualificadas, e foram sem dúvida IRREVERSÍVEIS para a própria imagem de P. Coelho diante daqueles que nele ainda punham alguma Esperança. Não era o meu caso, mas ao menos esperava dele maior seriedade e mais idealismo e, pelo menos, maior sensibilidade. Mas não. Tem-se revelado quase um robôt teleguiado por Berlim. Sem um pingo de amor ao país, de respeito pelos seus concidadãos que mais sofrem. Certo, não teve de sofrer muitas tempestades na vida, nem sequer para chegar onde chegou. Mas poderia instruir-se e ser mais humilde. Pensar. Reflectir. Não debitar apenas ideia feitas e já experimentadas desastrosamente noutros países. Como nos filmes, com certos artefactos teleguiados, temo agora que, quando quem tem os comandos não precise deste brinquedo obediente,ou deste país "mal comportado", pratique o crime seguinte "o de explosão" . A "explosão" precoce da carreira de PPC e a "explosão" do país e total destruição da nossa democracia.

As agências de notação financeira, que gozam deleitadas com todos estes governos acossados e sem ideias ou ideais, já puseram Portugal em todos os contentores de "lixo" que inventam, nas suas célebres "opiniões" que fazem tremer os fracos políticos do Mundo.Os ingleses, eternos pessimistas, já estão aí a pensar na evacuação dos seus, de Portugal. "Não há fumo sem fogo "(e não estou a pensar no caso Sónia Brazão). E o "The Economist" já nos classificou como integrando agora o grupo de países que são "democracias falhadas/com falhas". Isto é, democracias que não mandam no seu próprio destino, mas totalmente sequestradas (outro crime!) por mãos estrangeiras (outros governos e/ou poderes económicos transnacionais). O "The economist" não é uma revista qualquer. Está bem atenta e informada!

Lá está... um país Telecomandado! :((

(Mais uma vez as minhas sinceras desculpas a Sónia B. pela brincadeira inicial. E talvez também pela associação -- injusta para ela--do seu caso, a estes "crimes", bem mais graves e danosos.)


"Alergia" (22 de Dezembro de 2011)




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